17/03/2013 às 13:00, atualizado em 17/05/2016 às 14:03

A face da mulher multifuncional

Na série do mês de março sobre mulheres gestoras do GDF, a primeira-dama, Ilza Queiroz, mostra como apoia a causa feminina em diferentes frentes, além de conciliar vida pessoal e realização profissional

Por da Redação


. Foto: Mary Leal

As áreas de Saúde e Educação e as políticas públicas relativas às mulheres, crianças, adolescentes e idosos recebem uma atenção especial da primeira-dama do Distrito Federal, Ilza Queiroz. Sensível às desigualdades sociais, a médica ginecologista tem olhar voltado às necessidades primárias e imediatas da população, experiência adquirida nos mais de 25 anos de atendimento na rede pública de Saúde do Distrito Federal.

Em entrevista à AGÊNCIA BRASÍLIA, Ilza Queiroz fala da conciliação de seus papéis de mãe, esposa e médica, além do trabalho desenvolvido como articuladora de políticas públicas voltadas para a população em situação de vulnerabilidade.

Como percebe a transformação da comunidade na luta pelo fim do machismo?

O governo desempenha um papel importante na educação, principalmente entre as mães brasilienses, para desconstruir o machismo existente em nossa sociedade. Às vezes, dentro da nossa casa, o exemplo dos pais pode modificar isso. Quando não ensinamos ao filho a importância de arrumar a própria cama ou ajudar nas tarefas domésticas achando que isso é coisa de mulher, reforçamos esse estigma machista. A Lei Maria da Penha contribui para que possamos pensar em uma sociedade mais igualitária, em que todos nós, homens e mulheres, tenhamos a obrigação de educar os filhos com responsabilidades iguais entre pai e mãe. Se conseguirmos criar nossas crianças com a visão de equidade, com certeza teremos uma sociedade mais justa, em que essa violência não terá lugar.

Qual a importância da prevenção para a qualidade de vida da mulher?

A prevenção é a maneira mais barata e a melhor forma de se manter saudável. Para a mulher, as consultas e exames periódicos são fundamentais a fim de evitar diagnósticos tardios e a consequente mutilação em tratamento de doenças como o câncer de colo uterino e de mama, por exemplo. Mas a prevenção tem ainda outro lado, que não tem a ver com hospitais, mas com os hábitos de vida. Às vezes, as pessoas questionam por que o governo está construindo um Ponto de Encontro Comunitário (PEC) em vez de investir o dinheiro em Saúde. Ninguém enxerga essa iniciativa como uma forma de tratar doenças. No entanto, a partir do momento em que o cidadão sai da sua casa e encontra outras pessoas, sem saber, já está contribuindo para sua qualidade de vida. Portanto, os PECs também são promotores de saúde. Quando alguém faz um exercício, está tratando das condições físicas, movimentando o coração, a respiração, os músculos e, assim, prevenindo vários males como hipertensão, diabetes e osteoporose. Então, o cuidado com a saúde feminina também envolve a conscientização das mulheres sobre a importância do esporte, lazer e cultura, por exemplo, para o bem-estar.

Como funciona a articulação com as secretarias e administrações regionais do DF para identificar as principais necessidades das mulheres?

Como ginecologista, sempre estive preocupada com a qualidade de vida da mulher. Como primeira-dama, o meu empenho nesse assunto aumentou ainda mais. Depois que me vi nessa situação, comecei a pensar em como poderia contribuir para as políticas de governo nessa área. Participei de um congresso em que cada primeira-dama, de estado ou de município, era convidada a dar sugestões. Achei um belo projeto e resolvi implantá-lo aqui também. Convidei as secretárias de estado, as administradoras e as primeiras-damas das administrações regionais e, assim, criamos o Comitê Intersetorial de Mulheres.

Como atua esse Comitê?

O comitê funciona como um encontro de mulheres que estão à frente de secretarias e administrações (esposas dos administradores). Algumas ideias são apresentadas sobre que tipo de ações o GDF está desenvolvendo, como, por exemplo, DF Alfabetizado, DF Sem Miséria, prevenção de doenças, discussão da Lei Maria da Penha e capacitação profissional. Com essas informações, elas podem realizar reuniões ou ações com o objetivo de atrair as mulheres da região administrativa onde atuam, criando então uma rede em que todos os projetos do governo seriam conhecidos em todo o DF. O comitê funciona como um local para difusão da informação entre essas mulheres.

Como é conciliar as atribuições de mãe, esposa e primeira-dama?

Eu digo que tenho sorte. Os meus filhos agora já são maiores de idade. Quero saber se está tudo bem e se não estão precisando de nada. A minha preocupação era com a profissão que iriam escolher. Queria que fosse por vocação e não pelo status ou pelo dinheiro. Como mulher, acho que misturo as funções de esposa do governador e mulher do Agnelo, mas eu penso que concilio bem. Essa questão da perda da individualidade e do anonimato ainda são coisas que me assustam um pouco, mas tenho tentado me acostumar com isso.

Como a experiência na área de medicina pode contribuir para a sua atuação como gestora?

No meu papel de médica, consigo atingir e promover saúde para uma população limitada. Eu não posso atender todo o DF. Como primeira-dama, a minha atuação é muito mais ampla, porque não atendo somente a minha área de abrangência, realizo ações públicas para toda a população. O que mudou pra mim foi isso e, pessoalmente, a minha prática foi sempre a questão do atendimento, de estar ali na ponta. No entanto, essa visão que eu tenho das dificuldades e dos entraves servem de experiência para o papel de gestora. Existe a possibilidade de indicar possíveis soluções quando sei que algo não funciona bem de determinada maneira. No entanto, nesse papel, também consigo ver quais são as dificuldades que o governo tem em fazer com que as políticas que são pensadas saiam do papel e cumpram os efeitos esperados.