11/02/2017 às 13:57, atualizado em 13/02/2017 às 18:30

Proteção a crianças e adolescentes é prioridade no carnaval de Brasília

Campanha lançada neste sábado (11) visa orientar população sobre exploração e violência contra menores durante a festa. Governo preparou 3 mil carteirinhas de identificação para os pequenos foliões

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília

Apaixonada por carnaval de rua, Alba Mendes, de 35 anos, adaptou o roteiro da folia há cinco anos. “Desde que virei mãe, agora a festa é nos blocos infantis”, diverte-se a alagoana radicada em Brasília desde 2007. Para curtir sem preocupação o bloco Suvaquinho, que ocorreu na manhã deste sábado (11), a administradora identificou os filhos Bento, de 5 anos, e Benjamin, de 2 anos, por meio de carteirinhas distribuídas por servidores da Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude.

O material, preparado para atender 3 mil crianças, é parte da campanha Direito de ser Criança, Direito de Brincar o Carnaval, lançada no evento. A iniciativa da pasta visa orientar a população sobre trabalho infantil, exploração, violência sexual, venda de bebidas alcoólicas e desaparecimento de pessoas.

Com nome, telefone e nome dos responsáveis, a identificação facilita que, caso a criança se perca, os foliões e os agentes de segurança consigam devolvê-la à família. Sabendo disso, assim que chegou ao gramado da Funarte, no Eixo Monumental, onde ocorreu a folia, a psicóloga Shyrlene Brandão, de 43 anos, garantiu a carteirinha dos filhos Letícia, de 6 anos, e Gael, de 5 anos. “Eles se empolgam muito com carnaval e correm de um lado para o outro, então temos que ficar muito atentos com a segurança para que não se percam.”

O Suvaquinho marcou a estreia do pequeno Nicolas, de 1 ano e meio, no carnaval brasiliense. Acompanhado dos pais, Mariana Domingos, de 40 anos, e Roberto Marcos da Silva Rosa, de 36, o menino se divertiu ao som do maracatu e brincou com espuma e confete. “Escolhemos esse bloco por que é seguro, é cedo, e porque tem espaço para as crianças brincarem”, explicou a mãe. Essa também foi a primeira vez que o casal participou de um bloco infantil, graças ao filho. “Daqui a uns dez anos poderemos voltar também para os blocos de adulto”, brincou o pai.

Além das carteirinhas, foram distribuídos materiais com dicas para crianças e adolescentes e para os pais e responsáveis sobre como curtir com segurança. “Queremos combater qualquer tipo de abuso, a exploração do trabalho infantil e outras violências que possam ocorrer na multidão”, disse o secretário de Políticas para Crianças, Adolescentes de Juventude, Aurélio Araújo, que participou do evento.

Disque 100Para denunciar violações de direitos de crianças e adolescentesesquerda

De acordo com ele, a campanha tem o objetivo de conscientizar os foliões sobre os direitos das crianças e orientá-los a não desviar o olhar ao se depararem com situações de abuso. A ideia é garantir que as crianças estejam seguras em todos os âmbitos. “De nada adianta termos uma criança pulando na cama elástica, enquanto ao lado há outra vendendo cerveja. Lutamos para que isso não ocorra”, defendeu Araújo. Ele orienta que qualquer folião que presencie uma situação em que os direitos das crianças e dos adolescentes sejam violados denuncie pelo Disque 100 ou diretamente para algum agente de segurança.

A parceria com o Suvaco da Asa, bloco que organiza o Suvaquinho, é apenas o primeiro passo da política de prevenção à violência contra os menores, segundo o secretário. A pasta está em contato com pelo menos 17 eventos carnavalescos infantis para atuar diretamente durante o carnaval. Além dos exclusivos para crianças, o governo atua em blocos do público adulto na fiscalização da venda de bebidas para adolescentes, por meio da Agência de Fiscalização (Agefis), e de demais violações, por meio da Vara da Infância e da Juventude.

Pré-carnaval em Brasília 2017

Neste fim de semana, nove blocos de carnaval desfilarão nas ruas de Brasília. Além do Suvaco da Asa e do Suvaquinho, no sábado (11) apresentam-se os blocos Vai com as Profanas, Esquenta mas não é Chá, Samba da Guariba e Deita na BR. No domingo, será a vez dos Menino de Ceilândia, Se Beber não Case e Maria vai Casoutras.

Segundo a Secretaria de Cultura, 118 blocos estarão nas ruas durante o mês. Somados a festas à fantasia, shows, encontros e concentração de desfiles, são 190 eventos cadastrados — 105 no Plano Piloto e 85 em outras 21 regiões. A estimativa é receber 1,9 milhão de pessoas nessas festividades e 1,6 milhão nos quatro dias de carnaval, de sábado (25) a terça-feira (28).