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19/02/2017 às 10:39, atualizado em 20/02/2017 às 10:20
Posição dos diferentes naipes segue ordem estabelecida no século 18. Ensaios da orquestra para concertos que homenageiam Beethoven em 2017 ocorrem no Cine Brasília
Para garantir que o som chegue aos ouvidos do público na vibração ideal, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro organiza-se no palco de acordo com a posição estabelecida no século 18, que considera uma planta básica de combinação de músicos e instrumentos. Tradicionalmente, o conjunto é composto por cordas, sopro e percussão, divididos por naipes — subgrupos de instrumentos iguais ou da mesma família.
Há quatro famílias ou naipes de instrumentos: cordas, madeiras, metais e percussão. Base da orquestra e maioria do total que forma uma orquestra, as cordas são: violino, viola, violoncelo, contrabaixo, harpa e piano. Flauta, oboé, clarinete e fagote compõem as madeiras. Já trompa, trompete, tuba e trombone integram os metais. Na percussão, há uma variedade grande, entre eles, bumbo, marimba, tímpanos e xilofone.
Conforme as características dos sons, a orquestra é posicionada de maneira que os instrumentos de maior impacto sonoro, como os de percussão, fiquem mais ao fundo do palco, seguidos à frente por metais, madeiras e cordas. “Devem ser levadas em conta a acústica do local, a melodia e a propagação do som”, explica o maestro titular, Cláudio Cohen.
O regente fica sempre à frente. “É ele quem faz o equilíbrio, avalia se está forte, fraco, se precisa de mais sopro, por exemplo”, detalha Cohen, que dirige o grupo de 69 profissionais efetivos. Os violinos, que são maioria, devem ficar sempre à frente e podem ter a posição variada dependendo do palco. O spalla (ombro em italiano), líder do naipe de primeiros violinos e braço direito do maestro, entra depois de todos os outros músicos já estarem acomodados.
Dependendo da obra, o solista, que pode tocar qualquer instrumento, costuma posicionar-se à direita do maestro. Caso haja mais de um solista em uma peça, eles podem se dividir nos dois lados do regente. Segundo Cohen, a composição da orquestra também segue o caráter histórico ocidental. “Nos anos 1800, os conjuntos eram formados basicamente pelas cordas; os outros instrumentos, como os sopros, foram integrados posteriormente.”
Aqueles posicionados atrás ficam em locais mais altos, para que o som passe por cima e sofra a menor interferência possível. “Como [o som] é uma onda mecânica, se todos estiverem na mesma linha, há barreiras humanas para que ele chegue ao público”, explica o maestro titular da orquestra.
O lugar ocupado também segue o padrão estético, levando em consideração o porte para pensar na composição do grupo em palco. “Os grandes tapam a visibilidade dos menores”, exemplifica Cohen.
Trecho do concerto executado no Cine Brasília na terça-feira (14), com participação do solista Alessandro Borgomanero
Cerca de 50 músicos participam dos concertos em homenagem a Ludwig van Beethoven (1770-1827) ao longo de 2017, no Cine Brasília (106/107 Sul). Para isso, seguem uma rotina de ensaios de segunda a sexta-feira, com intervalos na quarta-feira, dia posterior às apresentações na sala com capacidade para 620 lugares. O grupo vai executar parte da extensa obra do alemão, para oferecer um panorama geral. A iniciativa lembra os 190 anos da morte do compositor.
A série comemorativa conta com 14 violinos (divididos em dois naipes: primeiros violinos e segundos violinos), sete violas, sete violoncelos, quatro contrabaixos, duas flautas, dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes, três trompas, dois trompetes e três tímpanos (tocados por um músico).
No programa estão nove sinfonias, cinco concertos para piano e orquestra, concerto para violino, aberturas sinfônicas e outras obras-primas de Beethoven.
Edição: Raquel Flores