26/02/2017 às 22:33, atualizado em 02/03/2017 às 10:23

Foliões lotam o Eixão Sul em mais um dia de carnaval no DF

Mesmo com a chuva neste domingo (26), 180 mil brasilienses prestigiaram os blocos Raparigueiros (foto) e Baratona. Festas foram acompanhadas de perto pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros

Por Ádamo Araujo e Mariana Damaceno, da Agência Brasília

Mais uma vez a chuva marcou o carnaval na região central do Plano Piloto neste domingo (26). Mesmo assim, 180 mil foliões — segundo a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social — foram às ruas e lotaram o Eixão Sul para seguir os blocos Raparigueiros e Baratona com bastante animação. Antes das saídas dos grupos, DJs comandaram a festa ao som de muito funk, sertanejo, música eletrônica e hits do momento. Mas, quando o trio começou a andar, o axé da banda Patakundum tomou conta.

De acordo com o diretor Welington Santana, o Raparigueiros comemora 25 anos em 2017. “Nossos foliões são fiéis e vão celebrar conosco essa data tão especial”, destacou. Para Samira Sousa, de 21 anos, “a chuva não atrapalha, ela ajuda a deixar a festa mais animada”. A garçonete moradora do Guará estava acompanhada do técnico de suporte Tales Cursino, de 26 anos. Frequentador assíduo do carnaval brasiliense, ele ressaltou o papel da Polícia Militar. “Neste ano parece ter ainda mais policial em relação aos anos anteriores, e isso é fundamental”, elogiou o morador do Plano Piloto.

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A Baratona contou com a animação da própria banda do bloco. Segundo o responsável pela agremiação, Paulo Henrique de Oliveira, são 40 anos de tradição. “Atualmente, porém, temos principalmente a participação de jovens de 16 a 35 anos”, destacou.

Alguns desses foliões era o casal de namorados Kelson Dantas, de 26 anos, e a atendente Cleiciene Pires, de 29. “Antes eu tinha um pouco de preconceito com o carnaval daqui, mas venho há três anos e mudei completamente de opinião”, contou o instrumentador cirúrgico. Com eles estava a pequena Maria Eduarda Pires, de 9 anos. Fantasiada de princesa, a menina já demonstra apreço pela folia candanga. “Hoje eu já fui à Baratinha e agora vim para esta. Gostei muito.”

A Polícia Militar monitorou de perto as festividades, e o Corpo de Bombeiros Militar auxiliou com viaturas estacionadas nos Eixinhos.

Pacotão sai às ruas desde 1978

A chuva também não desanimou quem tirou o domingo de carnaval para trabalhar. Eliésio Rodrigues é um dos ambulantes cadastrados para a folia e espera reforçar o orçamento da família durante esses dias. Hoje à tarde, eles escolheram comercializar os produtos na 302/303 Norte, na concentração do Pacotão, onde chegaram às 15 horas para ficar até o fim da festa. “O movimento está começando a ficar bom. Já faz três anos que venho.”

Um dos blocos mais tradicionais de Brasília, o Pacotão sai da Asa Norte e vai para a W3 Sul pela contramão, uma marca da sua irreverência. Neste domingo, 2,5 mil pessoas o seguiram. Criado em 1978 por um grupo de jornalistas no Clube da Imprensa, ele faz referência ao contexto social e político do País nas marchinhas de carnaval. Wilma Ramos, de 73 anos, sai desde 1982, sempre fantasiada de Bruxa Danadinha, personagem que fazia na TV. A maquiagem e a roupa, conta a foliã, é ela que faz.

A animação também tomou conta do Bloco Deficiente é a Mãe, parte da festa do Pacotão. No primeiro ano de existência, o grupo propõe acabar com qualquer tipo de preconceito com pessoas que tenham alguma limitação. “Podemos fazer o que nós quisermos, inclusive beijar, sair e curtir o carnaval”, destacou Geovana Luiza de Sousa, de 17 anos, que brincava em cadeira de rodas.

Acostumado a sair em outros blocos, Pablo da Paz Ramos, de 37 anos, também cadeirante, completou: “Queremos acabar com essa discriminação, porque podemos fazer tudo”.

Com muitas famílias com crianças e bastante tranquilidade, o Pacotão saiu pouco antes das 17 horas da Asa Norte em direção à 504 Sul. À medida que os foliões passavam pela W3, funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) limpavam a rua e o trânsito era liberado pela Polícia Militar.

Hoje também fizeram a festa dos carnavalescos brasilienses o Bloco do Amor (na Via S2, na altura do Conic), o Agoniza mas não Morre (na 312/313 Sul) e o Eixão 44, na passagem subterrânea da 215 Norte.

Edição: Raquel Flores