01/03/2017 às 10:39, atualizado em 02/03/2017 às 11:47

Agroecologia protege unidades de conservação do DF

Cultivos sem agrotóxicos favorecem a biodiversidade nos arredores de áreas de proteção e evitam parcelamentos irregulares. Adepta do princípio, a produtora Ivone Machado viu o negócio prosperar na região em que atua no Lago Oeste

Por Maryna Lacerda, da Agência Brasília

A manutenção do equilíbrio ambiental deve ser premissa para os arredores das unidades de conservação. Essas faixas verdes no entorno das áreas de proteção, chamadas de zonas de amortecimento, são imprescindíveis para a proteção contra poluição de mananciais ou parcelamento irregular, por exemplo. Uma das formas de fortalecer esses espaços é incentivar a agroecologia nas propriedades nas imediações de reservas biológicas ou parques.

Ivone Ribeiro Machado, de 58 anos, é produtora na Zona de Produção do Parque Nacional de Brasília e da Reserva Biológica da Contagem e utiliza princípios da agroecologia na produção.

Ivone Ribeiro Machado, de 58 anos, é agricultora na Zona de Produção do Parque Nacional de Brasília e da Reserva Biológica da Contagem e utiliza princípios da agroecologia. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

Ao estruturar a produção de acordo com os princípios da agroecologia, a produtora Ivone Ribeiro Machado, de 58 anos, viu não só o negócio prosperar como também percebeu melhorias ambientais na região em que atua, na Zona de Produção do Parque Nacional de Brasília e da Reserva Biológica da Contagem, no Assentamento Chapadinha, no Lago Oeste. “Antes, aqui tinha lavoura de soja. Quando viemos para a área, não havia pássaro algum, nem pardal, que está acostumado com a cidade, vivia aqui”, conta.

Doze anos depois, pardais, canários, pica-paus e tucanos, entre outras aves, circulam pelos 10 hectares da propriedade de Ivone. A presença dos pássaros é uma evidência de recuperação da biodiversidade. “Onde tem agrotóxico, não tem por que as aves estarem. Não tem nada lá para elas”, explica o técnico do Ibram. Hoje, além de incrementar a fauna entre duas áreas de proteção integral, os pássaros se tornam polinizadores para os cultivos de verduras, hortaliças, ervas e frutas.

Situação semelhante ocorreu com as abelhas na propriedade de Ivone. “Depois que as mangagás (abelhas da espécie Hymenopera bombinae) voltaram, pude expandir a produção.” Ela começou a agrofloresta com cultivo de banana, maracujá e hortaliças. Agora, trabalha com repolho, rúcula, goiaba, tubérculos e ervas. Esse desempenho dá à produtora condições de atuar em feiras e ser fornecedora do restaurante do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da regional DF.

A Zona de Proteção do Parque Nacional de Brasília e da Reserva Biológica da Contagem é uma área de 5 quilômetros de raio no entorno do Parque Nacional. Ela está na área de proteção ambiental (APA) do Planalto Central e tem 42.579 hectares. Nela, é proibido, por exemplo, plantar ou armazenar produtos transgênicos, conforme previsto no plano de manejo da unidade. Também é vetada qualquer atividade de mineração em uma faixa de 1 quilômetro do Parque Nacional ou da Reserva Biológica da Contagem.

Edição: Paula Oliveira