26/03/2017 às 14:42, atualizado em 27/03/2017 às 11:01

Bosque das Abelhas passa a integrar estrutura do Viveiro do Lago Norte

Animais são da espécie jataí, que não ferroa. Doado por voluntária, enxame será inserido nas atividades de educação ambiental do espaço

Por Ádamo Araujo, da Agência Brasília

Quem visitar o Viveiro Comunitário do Lago Norte, na QL 4/6, a partir de agora encontrará um enxame de abelhas jataí. Porém, não há com o que se preocupar, pois elas não ferroam e são inofensivas. Em parceria com a comunidade, a administração da localidade inaugurou o Bosque das Abelhas em 15 de março e recebeu uma caixa com cerca de 200 indivíduos da espécie.

“São abelhas dóceis e com potencial ambiental, terapêutico e econômico”, destaca o administrador regional do Lago Norte, Marcos Woortmann, que também cria abelhas sem ferrão em casa.

Responsável pela doação da colmeia, Janaína Figueira, voluntária no viveiro e membro da diretoria da Associação de Meliponicultores do Distrito Federal, explica que essa espécie ajuda na polinização da flora nativa do Cerrado. O uso do mel no tratamento de doenças como a catarata e a fabricação de cera e própolis para venda são outras vantagens desse tipo de abelha.

“Uma caixa da jataí, por exemplo, produz anualmente uma média de 1 litro de mel”, conta Janaína. “Trata-se de um produto saboroso, nutritivo e com maior valor de mercado se comparado com o mel das abelhas convencionais”, completa.

Apesar de não ter ferrão, a abelha jataí morde. As mordidas, no entanto, não são mais fortes que as picadas de uma formiga. As operárias têm ciclo de vida médio de 40 dias, e as rainhas e os zangões costumam viver alguns dias a mais.

Potencialidades oferecidas pela meliponicultura

A meliponicultura é a criação de abelhas que não ferroam. Elas têm a ferramenta de defesa, mas atrofiada, o que as impede de picar. Nativas do Brasil, são chamadas cientificamente de meliponíneas.

A criação das abelhas jataí assegura a perpetuação da espécie, bem como a de plantas polinizadas por elasesquerda

De um modo geral, a criação necessita de cuidados pontuais e baixo investimento. Além disso, a atividade pode ser desenvolvida em diversos espaços, inclusive em áreas residenciais. O retorno financeiro pode ser obtido por meio da produção de colmeias e da comercialização de mel, própolis e cera.

Rico em minerais e proteínas, o mel produzido pelas abelhas nativas tem um valor de mercado que chega a ser dez vezes maior do que o do mel tradicional, a depender da variedade. De acordo com a Associação Brasileira de Estudos das Abelhas, o mel oriundo dessas espécies atinge preços que variam de R$ 40 a R$ 80 o quilo, para o produtor, e de R$ 80 a R$ 120 para o consumidor.

Trata-se, portanto, de um negócio econômico atrativo para criadores, mas ainda mais importante para as próprias abelhas, que têm o risco de diminuição da população em virtude do crescimento das cidades. A criação assegura a perpetuação da espécie, bem como a de plantas polinizadas por elas.

Em florestas e matas, as abelhas sem ferrão ganham dimensão estratégica na conservação da biodiversidade. Por serem nativas e adaptadas à flora local, seu poder de polinização é considerado maior que o das abelhas exóticas.

Viveiro Comunitário do Lago Norte

No ano passado, cerca de 600 mudas de diversas espécies foram plantadas no Viveiro Comunitário do Lago Norte. Desde a inauguração, em 2015, o local já distribuiu 60 mil mudas e promoveu diretamente o plantio de cerca de 10 mil árvores, por meio de mutirões comunitários.

Edição: Marina Mercante