02/06/2017 às 17:21, atualizado em 05/06/2017 às 09:35

Armazenamento inadequado de água na seca é principal causa de proliferação do Aedes aegypti

Para evitar a reprodução do mosquito causador da dengue no período de racionamento, governo de Brasília capacita multiplicadores, como os conselheiros comunitários de segurança do DF. Nesta sexta (2), eles participaram de treinamento no Comando-Geral da Polícia Militar

Por Guilherme Pera, da Agência Brasília

A escassez hídrica não tem impedido a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do zika vírus, em 17 das 31 regiões administrativas do Distrito Federal.

O armazenamento inadequado de água nos rodízios de fornecimento é a principal causa da multiplicação do vetor dessas doenças. Pela primeira vez, os recipientes são o principal criadouro no DF, contra lixo, vasos de plantas e pneus, por exemplo.

As informações constam do Levantamento de Índices Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), documento que será publicado na segunda-feira (5) pela Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde, da Secretaria de Saúde.

Historicamente, apenas cinco regiões apresentam essa característica: Ceilândia, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas e São Sebastião.

As outras 12 em que isso tem ocorrido são: Brazlândia, Gama, Itapoã, Jardim Botânico, Plano Piloto (Asa Norte, Granja do Torto e Vila Planalto), Riacho Fundo I, Samambaia, Sobradinho, Sobradinho II, Taguatinga, Varjão e Vicente Pires.

“Nossa principal preocupação é o armazenamento adequado. Estamos capacitando multiplicadores que possam influenciar na mudança de hábitos da população”, disse o diretor de Vigilância Ambiental em Saúde, Denilson Ferreira de Magalhães.

Apesar dos números, Brasília apresentou queda de 87% nos casos prováveis de dengue, em comparação com o mesmo período no ano passado. Nas 21 primeiras semanas epidemiológicas de 2016, foram 16.255, contra 2.059 em 2017. Foram 38 ocorrências graves e 20 mortes no ano passado e sete e uma, respectivamente, neste ano.

Conselheiros comunitários de segurança são capacitados para combater o Aedes aegypti

A capacitação a que o diretor Magalhães se refere é uma parceria entre a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) e as Secretarias de Educação e de Saúde. O projeto se destina a formar multiplicadores de conhecimentos sobre uso sustentável de recursos hídricos.

Nele, estão integrados o Plano Distrital de Ação para Prevenção e Controle das Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti, da Secretaria de Saúde, e o programa Mensageiros da Água, da Caesb.

Palestras têm sido feitas para diversos públicos-alvo. Na quinta-feira (1º), foi para professores da rede pública. Nesta sexta (2), para representantes dos conselhos comunitários de segurança (Consegs). O evento ocorreu no auditório do Comando-Geral da Polícia Militar do Distrito Federal, no Setor Policial Sul.

O principal ensinamento transmitido é o de que o estoque de água no racionamento deve ser feito em recipientes completamente vedados e higienizados de forma correta. O espaço que sobra e a falta de limpeza dão margem para a reprodução do transmissor da dengue, da chikungunya e da zika.

“A primeira pergunta que deve ser feita é ‘preciso mesmo estocar água?’ e depois ‘quanto?’”, ensinou Lorrainy Bartasson, bióloga da Vigilância Ambiental que ministrou a palestra aos conselheiros.

Segundo ela, a vedação precisa ser completa. “Se passa um papel, passa o Aedes aegypti. E a limpeza tem que ser com atrito, deve-se esfregar bem, pois o ovo [do mosquito] é aderente.”

Outras dicas dadas pelos profissionais são evitar recipientes que já estocaram produtos tóxicos e tomar cuidado especial com tambores e tonéis, pois a aderência neles é mais intensa.

O papel dos Consegs

Os conselhos comunitários de segurança foram originalmente criados para ser uma ponte entre a comunidade e as corporações policiais. As demandas, porém, cresceram para diversas áreas de atuação do governo.

Para o presidente dos Consegs, José Neife Alcântara, os colegiados são “o elo da comunidade com o governo, responsáveis por levar as demandas aos agentes públicos competentes”.

O DF tem 31 unidades urbanas, uma para cada região administrativa, e três rurais — em Brazlândia, no Gama e no Paranoá. São 29 coordenadores setoriais, encarregados de manter o diálogo com o governo de Brasília, sobre as mais diversas pautas — de podas de árvores a problemas de violência.

Edição: Raquel Flores