19/06/2017 às 09:02, atualizado em 19/06/2017 às 09:06

Vigilância Ambiental e Caesb dão dicas para evitar focos da dengue durante o racionamento

Armazenamento inadequado de água é o principal criadouro do Aedes aegypti no Distrito Federal

Por Guilherme Pera, da Agência Brasília

A vendedora autônoma Geralda Vieira do Rosário, de 55 anos, tem o hábito de estocar água na chácara onde mora, na Vila Planalto, para compensar os dias de racionamento. “Uso todos os dias para lavar roupa e regar as plantas”, justifica.

Armazenamento inadequado de água é o principal criadouro do Aedes Aegypti no Distrito Federal.

Armazenamento inadequado de água é o principal criadouro do Aedes aegypti no Distrito Federal. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Chácara visitada pela reportagem tinha larvas de mosquito em fossa

Na visita guiada a chácaras da Vila Planalto, na semana passada, não foram encontrados rastros do mosquito nos recipientes.

Em uma das residências, porém, havia dezenas de larvas e pupas em uma fossa, fechada parcialmente com uma garrafa pet. Os servidores da Vigilância Ambiental deram ao caseiro uma tela de poliéster, que ele usou para fechar a fossa.

“Não é um recipiente de água para o racionamento, mas a dica é a mesma: mantenha a estrutura completamente vedada”, observa Everaldo Resende, supervisor de campo do Núcleo de Vigilância Ambiental, presente na coleta.

Caixa d’água é o único armazenamento recomendado pela Caesb

Todas as orientações dadas pela Vigilância Ambiental em Saúde são pontuais, em cima do que as pessoas têm feito no racionamento. A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) recomenda, no entanto, o estoque apenas em caixa d’água.

“É preciso parar de encarar a água como um recurso abundante. Ou aprendemos a viver com uma quantidade limitada, ou teremos de buscar água cada vez mais longe”Karina Bassan, analista em sistemas de saneamento da Caesbdireita

“O armazenamento em latas e baldes é muito precário. Muitas vezes, ficam a semana inteira com água, um ciclo de desenvolvimento completo do Aedes aegypti”, observa Karina Bassan, analista em sistemas de saneamento da Caesb. Segundo a engenheira química, o ideal é uma caixa d’água completamente vedada e limpa a cada seis meses.

As normas seguidas pela Caesb incluem os artigos 78 e 135 do Código de Edificações do DF — que em breve será substituído pelo projeto em trâmite na Câmara Legislativa —, o artigo 37 do decreto que regulamenta instalações prediais de água fria, a NBR 5626 da Associação Brasileira de Normas Técnicas e a Resolução nº 14 de 2011 da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa).

Desde antes do rodízio no fornecimento, a Caesb alerta as pessoas para o uso racional da água. Entre as dicas estão banhos de até cinco minutos; torneiras fechadas sem gotejar; e troca da mangueira por balde na lavagem de carro, por vassoura na limpeza de áreas externas e por regadores nas plantas.

Para Karina, o importante é mudar a cultura. “Sabemos como fazer, mas não incorporamos ao dia a dia. É preciso parar de encarar a água como um recurso abundante. Ou aprendemos a viver com uma quantidade limitada, ou teremos de buscar água cada vez mais longe”, afirma.

Edição: Marina Mercante