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25/06/2017 às 09:57
Dedicados funcionários são responsáveis diretos pelo cuidado dos bichos, que, segundo eles, retribuem todo o carinho recebido
Com uma frase emblemática — “Eles cuidam de mim, e eu cuido deles”—, Luiz Inácio Rosa Ribeiro, de 57 anos, o tratador mais antigo na Fundação Jardim Zoológico de Brasília, resume seu trabalho. São 40 anos dedicados a criar animais, que — ele garante — retribuem todo o afeto recebido.
Juraci é um dos responsáveis pelas hipopótamos fêmeas. É só encostar na cerca que elas se aproximam para receber cafuné. “Gostam de carinho”, revela.
Chumbinho, Bárbara, Catarina e Yuli, como são chamadas, gostam da regalia de receber comida na boca. O cardápio inclui, principalmente, frutas, às 9 horas, e feno ou capim triturado, uma hora e meia depois.
São sete cuidadores no grupo do qual Juraci, Diego e Demétrio fazem parte. Eles são responsáveis ainda pelos elefantes, o rinoceronte e as girafas.
No caso das girafas, o grupo percebeu que gostam de algo semelhante à acupuntura, e amarram galhos com alguns pequenos espinhos na cerca, onde elas ficam passando o corpo. “É bom para tirar o estresse”, explica Demétrio.
O que não faltam a Antônio Paulo Soares, de 54 anos, são histórias. Atualmente chefe da área que cuida do paisagismo no Zoológico de Brasília, ele veio de Minas Gerais aos 18 anos, quando conseguiu seu primeiro emprego: tratador de animais.
Em 30 anos como tratador, Antônio Soares criou cerca de 140 filhotes de grandes felinos e não perdeu nenhumesquerda
Ao lado de quatro companheiros, era responsável pelo cuidado dos grandes felinos e dos grandes primatas, que hoje não habitam mais o zoo. “Eu criei uns 140 filhotes entre tigres, onças e leões”, conta orgulhoso. Foram mais de 30 anos na função, antes de assumir o novo cargo, em 2012.
O tempo rendeu um histórico que, ele garante, qualquer pessoa apaixonada por bichos gostaria de ter. “Poucas pessoas no mundo viveram o que eu vivi aqui.” O cuidado atencioso do antigo tratador permitiu que o Zoológico, na época em que ele estava na ativa, não perdesse nenhum filhote dos felinos.
Ele sabia quando as fêmeas estavam prestes a entrar no cio e quando iriam parir. “Já as deixava na área de retenção para não ter o risco de nenhum acidente”, conta. Entender hábitos dos animais é essencial para evitar que eles caiam nas piscinas ou até sejam mortos pelos adultos, por exemplo.
A dedicação com que cuidava dos filhotes é evidente no olhar do experiente tratador, que diz ter passado mais tempo no zoológico do que em casa. Na rotina que estabeleceu com os animais, ele conta que tinha até passeios de coleira para que tomassem banho de sol, isso quando os bichos tinham até seis meses de vida.
Mesmo na fase adulta, os felinos costumavam reconhecer os comandos de Antônio. “Eu passava por fora do recinto chamando o nome deles e eles acompanhavam.”
Para ele, todo esse carinho que os bichos lhe demonstram é uma forma de agradecer o cuidado regado de muito amor.
O Zoológico tem 40 tratadores, responsáveis pelos 807 animais que vivem no local.
Edição: Vannildo Mendes