05/09/2017 às 09:10, atualizado em 07/10/2017 às 13:06

Articuladores territoriais ajudam a manter a ordem no DF

Servidores mapeiam problemas e fazem a ponte entre comunidade e órgãos públicos para buscar soluções. Na DF-140, faixa de pedestres próximo a uma escola ganhou pintura nova

Por Mariana Damaceno, da Agência Brasília

Por onde José Raimundo Pinto, de 60 anos, passa no Núcleo Rural Tororó, em Santa Maria, os moradores o reconhecem. Desde o início do ano, Bigode, como o chamam, é articulador territorial da região.

Ele e outros 29 servidores do governo de Brasília são responsáveis, entre outras coisas, por mapear problemas locais e levá-los ao conhecimento dos órgãos públicos.

Lotados na Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, eles são responsáveis pelo território do Distrito Federal. Todos foram nomeados por já exercerem algum tipo de liderança comunitária.

“Essas pessoas foram escolhidas exatamente por terem um conhecimento da região. É a comunidade ganhando força para cobrar a solução dos problemas”, resume o subsecretário de Gestão da Informação da pasta, Marcelo Durante.

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José Raimundo, por exemplo, foi presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) do Núcleo Rural Tororó duas vezes antes de se tornar um articulador territorial. Agora, ele integra o colegiado como um representante do governo.

Os pontos identificados com problema são georreferenciados e destacados em um mapa na internet com fotografia e data de visita.

Cada reclamação é acompanhada mensalmente, até que seja completamente solucionada. Pinos vermelhos simbolizam as demandas que ainda não começaram a ser resolvidas; verdes, as que estão sendo solucionadas; e amarelos, as entregues.

As queixas chegam principalmente por meio das reuniões do conselho, levadas pela própria população.

Demandas mapeadas por código

Cada pedido feito pela comunidade é colocado no mapa pelos articuladores por meio de um código e acompanhado pela Secretaria da Segurança Pública. São 31 itens que variam de lugares ou carros abandonados a via pública sem iluminação ou com lixo ou entulho.

Para o subsecretário Durante, esse cadastro de desordens funciona como uma forma de controle de ações ligadas à segurança pública, mas que não necessariamente são responsabilidade de órgãos da área, como a Companhia Energética de Brasília (CEB), a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) ou o Serviço de Limpeza Urbana (SLU). “É uma rede para controlar a situação de criminalidade e de medo”, avalia.

Para o morador do Tororó Elvis Cardoso, de 35 anos, Bigode é a ponte de que a comunidade precisava para chegar até o governo. O porteiro é um dos mais de 200 habitantes que integram o grupo de WhatsApp administrado pelo articulador e aprova o trabalho. “Ele aproxima o povo do policiamento”, elogia.

Na DF-140, a faixa de pedestres em frente ao Centro de Ensino Fundamental Jataí foi um dos mais recentes pontos amarelos que o articulador territorial Bigode inseriu no mapa, há cerca de três semanas. A passagem estava apagada e causava preocupação em quem transitava por lá.

O cadastro alimentado pelos articuladores mapeia pontos de criminalidade, como locais para consumo de drogas e com barulho de tirodireita

Além da pintura da faixa, o local ganhou sinalização ao longo da pista para facilitar a visibilidade dos motoristas. “Isso foi muito importante para a gente. Aqui já teve acidentes por falta dessa sinalização”, conta o supervisor administrativo da escola, Cláudio Sérgio de Araújo.

Retorno das demandas aos moradores é prioridade

André Luiz de Lima Lopes, de 34 anos, nasceu na Asa Sul, onde mora até hoje. Membro do Conseg do Plano Piloto, ele também é articulador territorial responsável ainda por áreas como a Vila Telebrasília, a Granja do Torto e o Varjão.

A principal demanda local, segundo ele, é a manutenção de calçadas quebradas, além de roçagem e retirada de entulho. André considera gratificante acompanhar de perto as reivindicações apresentadas pelos moradores e lhes dar retorno. “Nem que a gente só diga o porquê de não fazer agora já é importante. As pessoas veem que estamos trabalhando para o bem delas.”

Trabalho ainda é novo

O trabalho dos articuladores territoriais começou em março e é parte importante do principal programa de governo para a área de segurança pública, o Viva Brasília — Nosso Pacto pela Vida. “Existia essa participação de outros órgãos além dos de segurança, mas não se falava a eles o que se esperava que fizessem”, destaca Marcelo Durante.

Além de áreas críticas que contribuem para o medo da população, o cadastro alimentado pelos articuladores territoriais mapeia pontos de criminalidade, como locais para consumo de drogas ilegais, lugares com barulho de tiro e com pessoas que andam armadas.

Combate ao medo é novo pilar do Viva Brasília

O combate ao medo é uma das novas prioridades do Viva Brasília, repactuado em 24 de agosto. Isso porque, mesmo com a queda dos índices de violência no DF, a sensação de insegurança na sociedade tem aumentado.

De acordo com Durante, um bom exemplo para o contraste é o Recanto das Emas, onde a sensação de medo é mais presente segundo levantamento da secretaria. A região, por outro lado, é a que apresenta maior queda no número de homicídios no acumulado do primeiro semestre.

Edição: Raquel Flores