17/09/2017 às 18:01, atualizado em 17/09/2017 às 18:54

Primeiro dia da Mostra Brasília terá reflexão sobre o sistema prisional

Com UrSortudo, o diretor Januário Júnior propõe a temática sob o olhar dos apenados. Documentário gravado na Estrutural também levará o assunto ao 50º Festival de Brasília nesta segunda-feira (18)

Por Gabriela Moll, da Agência Brasília

O sistema prisional brasileiro será temática recorrente no primeiro dia da Mostra Brasília, no 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Focado no processo complexo pelo qual passam muitos dos sentenciados mesmo depois do fim da condenação, o diretor Januário Júnior, de 39 anos, leva o assunto ao Cine Brasília, nesta segunda-feira (18).

Cena de Vilão, de Webson Dias.

Cena de Vilão, de Webson Dias.

Gravado na Estrutural de forma independente, o documentário de 19 minutos apresenta a história de Diego Rodrigues e Luana Dionísia. Os dois deixaram o sistema prisional há pouco tempo e vivem as dicotomias e os problemas entre os dois mundos — dentro e fora da sociedade. “Falamos das marcas psicológicas que não acabam com o cumprimento da pena, de um sofrimento recorrente”, explica o diretor.

“O cárcere é um agravamento da questão social que já vivem as pessoas da periferia. Não gosto de usar o termo ressocialização porque passa a ideia de que em algum momento eles fizeram parte da sociedade”, argumenta Dias. A obra, toda rodada na Estrutural, foi idealizada, produzida, gravada e finalizada em 2017.

“Não existe prisão perpétua no Brasil, ou não deveria existir. A sociedade precisa parar de ver a condenação como vingança”Webson Dias, diretor de Vilãoesquerda

Para o cineasta, o tema é relevante pela urgência de o brasileiro perceber que a prisão não deve significar a retirada da dignidade das pessoas. “Não existe prisão perpétua no Brasil, ou não deveria existir. A sociedade precisa parar de ver a condenação como vingança”, defende.

Para ele, o País deveria investir em políticas públicas que integrem de fato os transgressores e que amenizem a influência do sistema prisional na vida de quem passa por ele, por meio de assistência psicológica.

Aos 39 anos, o diretor que assina a produção e o roteiro de Vilão trabalha com audiovisual há mais de 15 e tem a obra voltada para as questões da periferia. Em 2016, ele concorreu na 21ª Mostra Brasília com o longa-metragem Estrutural, filme que aborda ângulos de conflitos na região desde a década de 1960.

Filmes da Mostra Brasília concorrem a R$ 240 mil

As 17 obras vão disputar R$ 240 mil em prêmios, distribuídos pelo Legislativo local. O melhor longa-metragem escolhido pelo júri oficial receberá R$ 100 mil, e o melhor longa eleito pelo júri popular, R$ 40 mil. Os outros R$ 100 mil serão divididos entre outras categorias, como melhor fotografia e melhor som.

As obras serão exibidas de 18 a 22 de setembro, a partir das 18h30, no Cine Brasília, dentro da programação do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que vai até 24 de setembro. Os filmes serão reprisados no dia seguinte à exibição, sempre às 10 horas, na Câmara Legislativa (Praça Municipal, Quadra 2, Lote 5).

Na mostra competitiva, 9 longas-metragens e 12 curtas concorrem ao Troféu Candango e a R$ 340 mil em cachês de seleção. Na segunda-feira (18), serão exibidos na competição principal o curta-metragem alagoano As melhores noites de Veroni, de Ulisses Arthur, e o longa Café com canela, de Ary Rosa e Glenda Nicácio, representando a Bahia.

Os filmes serão transmitidos às 21 horas, no Cine Brasília, por R$ 12 (inteira) a entrada. Às 20 horas, gratuitamente, no Teatro da Praça (Setor Central de Taguatinga); no Espaço Semente (Setor Central do Gama); no Teatro de Sobradinho; e no Riacho Fundo I (em frente à administração regional).

No dia seguinte à projeção, haverá ainda reprise gratuita dessas produções, às 15 horas, no Auditório 1 do Museu Nacional.

Programação do primeiro dia da Mostra Brasília
18 de setembro (segunda-feira)
Às 18h30
No Cine Brasília (106/107 Sul)
Entrada gratuita

 

O céu dos teus olhos, de Danilo Borges e Diego Borges, DF, 16 min

Classificação livre


O vídeo de 6 faces
, de Maurício Chades, DF, 19 min

Classificação livre


Tekoha – som da terra
, de Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron, DF, 20 min

Classificação 10 anos


UrSortudo
, de Januário Jr, DF, 15 min

Classificação 10 anos

 

Vilão, de Webson Dias, DF, 19 min

Classificação 14 anos

 

1×1, de Ramon Abreu, DF, 19 min

Classificação 16 anos

Edição: Paula Oliveira