26/11/2017 às 13:12, atualizado em 27/11/2017 às 11:07

Acervo da Biblioteca Nacional de Brasília ganha mais de 100 livros de autores negros

Secretaria de Cultura também lança, na terça-feira (28), o selo Maria Firmina dos Reis. Objetivo é identificar a produção literária afro

Por Cibele Moreira, da Agência Brasília

Na última semana do Mês da Consciência Negra, o acervo de escritores negros na Biblioteca Nacional de Brasília ganhará uma autenticação especial.

O Selo Maria Firmina dos Reis, criado pela Secretaria de Cultura do DF, será lançado na terça-feira (28), com o objetivo de valorizar a produção literária afro.

Em homenagem ao centenário de morte da primeira romancista brasileira, que dá nome ao selo, a secretaria também investe na ampliação do acervo da biblioteca.

O local receberá mais de 100 livros de autores negros. As obras, fruto de doações, estarão disponíveis para empréstimo a partir de quarta-feira (29).

Produção feminina é um dos destaques do Selo Maria Firmina

Um dos destaques da nova coleção é a produção feminina negra na literatura. Entre os títulos que comporão o acervo está o primeiro livro publicado por uma mulher negra no Brasil, em 1859.

Escrito em um contexto de segregação social e racial, Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, é um romance abolicionista que apresenta forte imersão em elementos da cultura africana e inova ao retratar a escravidão do ponto de vista dos próprios escravos.

As obras, fruto de doações, estarão disponíveis para empréstimo a partir de quarta-feira (29)esquerda

Outro livro raro que estará disponível nesta semana é o Água Funda, primeiro romance de Ruth Guimarães. A edição que chega à biblioteca é datada de 1949.

Ruth foi a primeira autora negra a receber reconhecimento nacional. Água Funda mostra o universo caipira do Vale do Paraíba, remontando aos tempos da escravidão.

Além das raridades, toda a obra da poetisa mineira Conceição Evaristo compõe a coleção do Selo Maria Firmina dos Reis.

Uma das principais expoentes da literatura brasileira atual, Conceição ganhou também projeção internacional, com livros traduzidos em outros idiomas.

A escritora produz literatura com profundas reflexões acerca das questões de raça e gênero.

Lançamento do selo terá sarau poético

No evento de lançamento do selo e de entrega da nova coleção, a partir das 19 horas de terça, haverá sarau poético com as escritoras Conceição Evaristo, Meimei Bastos, Pietra Sousa e Tatiana Nascimento.

Para Tatiana, a identificação especial vai ajudar a dar visibilidade à literatura afro-brasileira. “Ainda mais em uma biblioteca situada no centro de Brasília, de fácil acesso para todos.”

Fundadora da Padê Editorial, editora de livros artesanais dedicada à publicação de autoras negras de fora dos grandes circuitos literários, Tatiana também promove oficinas de poesia escrita e falada.

A Biblioteca Nacional de Brasília funciona de segunda a sexta, das 8 às 20 horas, e aos sábados e domingos, das 8 às 14 horas

A subsecretária de Cidadania e Diversidade Cultural, da Secretaria de Cultura, Jaqueline Fernandes, acredita que o catálogo representa um grande passo do governo de Brasília para o reconhecimento da produção afro-brasileira, ainda pouco explorada. “O selo consiste na visibilidade das obras de escritoras negras que, infelizmente, a maior parte das pessoas não conhece.”

Quem foi Maria Firmina dos Reis

Nascida em São Luís (MA) em 11 de outubro de 1825, Maria Firmina dos Reis foi, aos 22 anos, a primeira professora concursada do estado.

Com temática abolicionista, seu livro Úrsula revolucionou a literatura. Em 1887, a autora publicou o conto A escrava.

Maria Firmina dos Reis atuou também como compositora — é dela o Hino à liberdade dos escravosdireita

Também no fim do século 19, fundou a primeira escola mista e gratuita no Maranhão, o que possibilitou que crianças, brancas ou negras, tivessem as mesmas oportunidades de acesso à educação.

Atuou como folclorista, ao recolher e preservar textos de literatura oral, e como compositora — é dela o Hino à liberdade dos escravos. Faleceu aos 92 anos, em 1917.

Como pegar livros emprestados na Biblioteca Nacional de Brasília

O empréstimo de livros na Biblioteca Nacional de Brasília é feito mediante cadastro prévio. O local funciona de segunda a sexta, das 8 às 20 horas, e aos sábados e domingos, das 8 às 14 horas.

Lançamento do Selo Maria Firmina dos Reis

28 de novembro (terça-feira)

19 horas

Biblioteca Nacional de Brasília

Informações: (61) 3325-6267

Edição: Marina Mercante