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17/02/2018 às 08:28, atualizado em 19/02/2018 às 09:12
Em parceria com o Ibama, fêmea foi solta na tarde de sexta (16). Outros cerca de 200 animais aguardam projeto para voltarem à vida livre
A Fundação Jardim Zoológico de Brasília participou na tarde dessa sexta-feira (16) da soltura de uma loba-guará, com suspeita de atropelamento.
Segundo a veterinária, nem todo animal está apto a retornar para a natureza. Os motivos variam e podem incluir algum problema de saúde ou até o fato de ele ter se tornado manso demais, o que provavelmente o mataria na vida livre.
O tamanduá-mirim Pudim, por exemplo, passou por um trabalho de desapego, e até ficou com um exemplar adulto para que aprendesse os hábitos da espécie. Ainda assim, é muito dócil e procura colo humano.
Manoel, um bugio-preto, representa outro caso. Ele precisou amputar o braço depois de ter levado um tiro. O primata teve atrofia muscular e teria dificuldade de ser aceito novamente em um grupo. A previsão é que ele seja enviado a um mantenedor particular.
Nascido no Zoológico de Brasília, 007, um tamanduá-bandeira, vive em um recinto particular. Esses espaços são parceiros na conservação da fauna do Cerrado. Fiscalizados pelo Ibama, passarão a ser acompanhados neste ano pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), conforme prevê a legislação.
Mesmo em cativeiro, esses espécimes continuam importantes para a conservação das espécies. Com a falta de lugares adequados para soltura, o cuidado em locais autorizados passa a ser uma opção para garantir a existência dos bichos.
É nisso que acredita a responsável técnica do Criador Recanto das Águias, a médica-veterinária Ludmila Rodrigues Souza, que recebeu 007. Com a guarda de cem animais, ela e a família mantêm um espaço de conservação com recintos e cuidados adequados.
Em um terreno de 20 mil metros no Park Way, o lugar, mantenedor autorizado pelo Ibama, abriga mamíferos e répteis. Nesse caso, não é permitido que eles se reproduzam ou sejam vendidos, por exemplo.
Todo o gasto com alimentação e outras necessidades dos bichos, frutos de resgates, é responsabilidade do dono da propriedade, que deve ter um técnico responsável por zelar pelos animais e condições financeiras para manter o local.
A raposa-do-campo Chacal, que chegou há cerca de sete anos, perdeu um dos olhos depois de levar um tiro e passou por cirurgia.
O foco, conta Ludmila, é a segurança e o bem-estar. “Sei que eles estão melhores aqui do que onde estavam”, avalia, ao destacar que os resgates ocorrem quando o ser humano de alguma forma destrói a natureza. “Não adianta soltar [o animal] se ele não estiver pronto. Ele vai morrer.”
Atropelada perto da Chapada dos Veadeiros (GO), a loba-guará Lua vive graças aos cuidados da família de Ludmila há cerca de oito anos. Foi a médica que ajudou a tratar as patas dianteiras da fêmea, cujo primeiro atendimento ocorreu na Universidade de Brasília (UnB).
A conservação dos animais silvestres em cativeiro garante a variedade genética para que, caso necessário, eles cruzem entre si e até recuperem a fauna na natureza de forma saudável, defende a veterinária.
Edição: Raquel Flores