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07/03/2018 às 09:12, atualizado em 07/03/2018 às 09:14
Além de ensinar sobre os usos de recursos hídricos e sustentabilidade ambiental, o programa da Escola Classe Monjolo mostra aos estudantes formas de reaproveitar materiais que antes seriam jogados fora, como pneus, usados para enfeitar a instituição, e casca de frutas, para fabricação de alimentos e fertilizantes
O projeto Águas do Monjolo, feito por professores da Escola Classe Monjolo, de Planaltina, para ajudar as comunidades onde estão inseridos os alunos, fará parte da feira Vila Cidadã, na área gratuita do 8º Fórum Mundial da Água. A apresentação será feita por meio audiovisual.
O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães receberão o evento, de 18 a 23 de março. Lá, os professores da unidade apresentarão os métodos usados para ajudar a melhorar a qualidade de vida dos estudantes e suas famílias.
Entre os alunos está Yasmin Rodrigues, de 10 anos de idade, matriculada no 5º ano. Além de aprender sobre o uso dos recursos hídricos e seu destino final, a garota recebeu adaptações na casa onde mora. Antes, o quarto era vazado, e entrava água quando chovia.
“Agora as paredes são bonitas e faz menos frio”, comemora Yasmin. A solução encontrada pelos professores foi revestir o espaço com caixas recicladas, com seis camadas de plástico, papel e alumínio. O método é conhecido como Tetra Pak, nome da empresa que criou o tipo de embalagem.
[Olho texto='”Levantamos na nossa comunidade escolar como é feito o abastecimento de água e o saneamento básico nas zonas rurais em que os alunos vivem”‘ assinatura=”Vânia Pacheco, vice-diretora da Escola Classe Monjoloesquerda
Para participar da Semana da Conscientização do Uso Sustentável da Água, do calendário da Secretaria de Educação, os professores da escola fundamentaram o projeto em uma pesquisa sobre a realidade vivida por cerca de 140 alunos.
“Levantamos na nossa comunidade escolar como é feito o abastecimento de água e o saneamento básico nas zonas rurais em que os alunos vivem”, explicou a vice-diretora Vânia Pacheco.
Com as respostas, os educadores conseguiram definir dados importantes como:
Assim, foi possível estabelecer metas para atuar tanto no ambiente escolar quanto nas casas e nas comunidades dos alunos. Com início do projeto em 2016, há medidas previstas até 2019.
Um dos destaques nas ações do projeto foi a substituição da fossa séptica da escola. Os servidores da unidade notaram que havia risco de contaminação do Córrego Monjolo, que passa ao lado do terreno do colégio e deságua no Rio Maranhão.
Em 2016, uma fossa ecológica foi instalada no lugar, com cinco etapas de filtragem da matéria orgânica, que retorna ao solo sem risco de contaminação. Enquanto ela era instalada, os engenheiros da empresa terceirizada que efetuou o serviço explicaram aos alunos os detalhes do funcionamento.
Diretor da escola, Antônio Mendes Vieira enumera as vantagens da nova fossa:
Como parte do projeto, Vieira também passou a explicar aos alunos de onde as águas do córrego vêm, para onde vão e como o uso da unidade evoluiu com a mudança para um sistema de poço semiartesiano.
“Antes, era feita fervura e filtragem. Como se tornou insustentável, a secretaria passou a comprar água por caminhões-pipa para a escola por dois anos, até a instalação do poço”, justificou o diretor.
Outras aulas e palestras especiais foram ministradas. Moradores antigos da comunidade levaram as crianças para visitar nascentes e mananciais e contar como elas mudaram em anos. Alguns até levam fotos de como eram antigamente para que os alunos vejam as transformações.
Uma fossa ecológica com cinco etapas de filtragem da matéria orgânica, que retorna ao solo sem risco de contaminação, foi instalada no lugar da anteriordireita
Os professores pesquisam e ensinam formas de aproveitar ao máximo o lixo. Como no caso de Yasmin, eles aproveitam embalagens Tetra Pak para revestir paredes nas casas de alunos.
Coordenadora da unidade, Cleuza Macedo de Santana explica que o levantamento revelou que a maioria dos estudantes é de comunidades rurais pobres, com casas feitas de madeiras improvisadas.
“Fomos à casa de um garoto em que a mãe precisava juntar os filhos debaixo de vários cobertores para aguentar o frio. Com o revestimento das embalagens, eles dormem separados, cada um com seu cobertor”, detalhou a educadora.
Os mestres também ensinam estudantes e pais a aproveitar partes de gêneros normalmente não consumidos, como cascas de banana, usadas para preparar outros alimentos ou até como fertilizante.
Em todo o terreno da escola, é possível ver outras formas de reúso do lixo. Dois pássaros feitos de pneus recortados e pintados enfeitam a entrada, enquanto quatro lixeiras feitas do mesmo material separam os resíduos recicláveis. As rodas também são usadas como vasos de plantas da horta.
Como parte integral do projeto, todos os anos, os meninos e meninas participam do plantio de produtos que poderão ser consumidos no lanche escolar. Pneus usados como vasos estão espalhados na área externa da unidade, alguns pendurados na grade que cerca o terreno.
Por último, os professores pediram para alguns alunos mostrarem aos outros, por meio de vídeos, como é feito o abastecimento de água nas casas deles, com as modificações ambientais introduzidas.
Chamados de Repórter por um dia, os vídeos são feitos em forma de matéria de jornalismo de TV, por crianças que atuam como jornalistas.
Edição: Vannildo Mendes