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13/03/2018 às 09:07, atualizado em 14/03/2018 às 15:29
Resíduo é rico em nutrientes e torna o crescimento da vegetação duas vezes mais rápido. A experiência do Distrito Federal será apresentada no 8º Fórum Mundial da Água, de 18 a 23 de março
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) produz cerca de 300 toneladas de lodo de esgoto por dia. O material retirado no processo de tratamento é rico em matéria orgânica e tem auxiliado na recuperação de [tooltip title=”Local composto por pedras britadas ou restos de rochas que são retirados para utilização na construção civil. No DF, a composição predominante é cascalho.” placement=”topcascalheiras[/tooltip] no Distrito Federal.
O projeto será apresentado no 8º Fórum Mundial da Água, de 18 a 23 de março. O encontro internacional deverá reunir 45 mil pessoas no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha e no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
Coordenada pela Caesb, a prática trouxe resultados positivos em relação a áreas exploradas pela extração de cascalho para a construção civil.
Na Estação de Conservação do Jardim Botânico de Brasília, no Lago Sul, o local recuperado já apresenta vegetação densa em apenas dois anos após a aplicação do lodo.
O diretor-executivo do parque ecológico, Jeanitto Gentilini, explica que o ganho com o tratamento do solo foi surpreendente. “O lodo é uma matéria-prima de altíssimo interesse”, ressaltou.
Na Estação de Conservação do Jardim Botânico de Brasília, no Lago Sul, o local recuperado já apresenta vegetação densa em apenas dois anos após a aplicação do lodoesquerda
De acordo com Gentilini, o plano de manejo da Estação Ecológica do Jardim Botânico identificou 10 hectares para serem recuperados dentro da unidade de conservação. “A gente tentou vários projetos de recuperação, mas nenhum teve um resultado tão bom quanto o obtido com o lodo.”
A parceria com a Caesb resultou no tratamento de quatro áreas do Jardim Botânico com aproximadamente 2 hectares cada uma.
As três primeiras receberam o lodo no início de 2016 e já têm vegetação que passa dos 3 metros de altura. O produto devolve ao solo os nutrientes perdidos na degradação e, por isso, estimula o crescimento das plantas.
Foram plantadas 68 mil mudas nos locais de recuperação com o lodo de esgoto. O plantio mais recente ocorreu no início deste ano.
De acordo com o gerente de preservação do parque ecológico, Pedro Paulo Cardoso, a retomada da flora criou um anel verde que tem evitado a criação de focos de incêndio e a propagação do fogo na região.
“A vegetação recente possibilitou a saída dessa área do grupo de risco de incêndio. No ano passado, por exemplo, não houve nenhuma queimada dentro da estação de conservação”Pedro Paulo Cardoso, gerente de preservação do Jardim Botânicodireita
“A vegetação recente possibilitou a saída dessa área do grupo de risco de incêndio. No ano passado, por exemplo, não houve nenhuma queimada dentro da estação de conservação. O que já é um ganho muito grande”, pontua Cardoso.
O engenheiro agrônomo e analista de sistema de saneamento da Caesb Tiago Geraldo de Lima explica que a retirada da camada fértil – no caso das cascalheiras, pela extração de britas – deixa o terreno seco e pode provocar erosões.
“A gente faz um trabalho para tornar o solo permeável, toda a água que cai fica mantida basicamente no local”, explica Lima.
A absorção hídrica nas áreas tratadas favoreceu a recuperação de nascentes na região da Estação de Conservação do Jardim Botânico de Brasília.
O diretor-executivo do parque ecológico afirma que o sucesso com o lodo serve de vitrine para a utilização posterior em outras áreas. “Queremos ampliar essa parceria e utilizar esse insumo para outras finalidades, como a produção de mudas.”
Além do Jardim Botânico de Brasília, a Caesb recuperou cerca de 150 hectares de uma área de empréstimo do Exército Brasileiro. A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) também participaram do tratado.
O espaço fica entre o Setor de Abastecimento e Armazenagem Norte (SAAN), o Setor de Industria e Abastecimento (SIA), Setor Militar Urbano (SMU) e a Rodoferroviária de Brasília.
Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) define uma série de critérios para a utilização desse material que pode ter até três classificações: tipos A, B e C.
Cada uma delas representa o nível de pureza do insumo, levando em conta a quantidade de bactérias e vírus.
O meterial do tipo A tem melhor qualidade (menos bactérias e vírus) e pode ser usado na agricultura, por exemplo.
No caso da classificação B e C, a quantidade grande desses microrganismos impede o uso agrícola porque significa risco de contaminação dos alimentos plantados.
O do tipo B — único produzido no processo de tratamento de esgoto no DF — pode ser aproveitado pela Caesb para a recuperação de áreas degradadas.
A primeira etapa para a recuperação do solo é a proteção da área para evitar que o lodo se espalhe. “Essa é uma medida preventiva, pois não podemos correr o risco que uma chuva leve o resíduo para rios ou nascentes”, explica a engenheira florestal e analista de sistema de saneamento da Caesb, Leiliane Saraiva Oliveira.
Quando não utilizado, o lodo fica armazenado na Unidade de Gerenciamento de Lodo, em Samambaia. São 25 bacias escavadas, com a capacidade de 5 metros quadrados cada umadireita
É feito um nivelamento do solo para preparar a área onde será aplicado o lodo. O insumo utilizado sai da Estação de Tratamento de Esgoto da Caesb em um caminhão fechado, próprio para o transbordo, e segue diretamente para o local estipulado.
O lodo é despejado, espalhado e incorporado no solo com a ajuda de tratores e retroescavadeiras. Após a aplicação, joga-se cal para controlar quantidade de moscas.
Depois disso é preciso esperar cerca de 30 dias para começar a revegetação.
A empresa pública também faz um monitoramento das áreas já tratadas, como o acompanhamento do crescimento das plantas, qualidade do solo e o nível de contaminação de águas subterrâneas.
Quando não utilizado, o lodo fica armazenado na Unidade de Gerenciamento de Lodo, em Samambaia. São 25 bacias escavadas, com a capacidade de 5 mil metros quadrados cada uma. Na época da seca, esse material é seco e guardado em pilhas.
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Segundo Tiago Lima, engenheiro agrônomo e analista de sistema de saneamento da Caesb, o intuito é melhorar a forma de tratamento desse resíduo e transformá-lo em tipo A.
“Vai ser mais um produto da companhia. Nesse, poderemos destinar esse material para a agricultura e, de repente, até pensar em comercializar.”
Edição: Paula Oliveira