20/04/2018 às 09:14

Grupo de teatro criado em escola pública apresenta peça financiada pelo FAC

Cutucart foi contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura no edital de 2016. Apresentações vão de 27 de abril a 13 de maio

Por Dávini Ribeiro, da Agência Brasília

Fomentar atividades artísticas e oferecer apoio financeiro a projetos selecionados por editais públicos é o intuito do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) da Secretaria de Cultura do DF. Naquela Estação, encenação teatral do grupo Cutucart, é um dos projetos beneficiados.

De 27 de abril a 13 de maio, a montagem passará por Taguatinga, pelo Gama e por Ceilândia. A peça fala sobre a solidão, principalmente sob a perspectiva do idoso.

Coletivo teatral é fruto de projeto de escola pública

Em 2006, ao identificar a situação de vulnerabilidade social vivida por alguns alunos do Centro Educacional 1 do Cruzeiro, o professor de artes Getúlio Cruz passou a oferecer uma oficina de teatro no horário contrário às aulas.

No mesmo ano, viu que possíveis talentos surgiam e que alguns estudantes se interessavam profundamente. Com isso, começou a produzir peças na própria escola. Os textos eram baseados em livros estudados para o Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília (UnB).

“O teatro não os leva somente para a arte, mas para a vida. A questão não é ser, necessariamente, ator ou atriz. O meu pagamento é encontrá-los na rua, como enfermeiros, advogados e ver que tiveram um rumo na vida. Para mim, esse é o legado”, comemora o docente, que tem dupla jornada — ser o diretor da escola e da peça.

[Olho texto='”O meu pagamento é encontrá-los na rua, como enfermeiros, advogados e ver que tiveram um rumo na vida. Para mim, esse é o legado”‘ assinatura=”Getúlio Cruz, professor idealizador do projetoesquerda

Mesmo sem o propósito principal de formar artistas, em 2009, o professor resolveu criar o Cutucart (um grupo profissional).

Foi assim que muitos dos que passaram pelas oficinas de teatro de Getúlio resolveram seguir carreira. Das sete pessoas que compõem o grupo, apenas uma não é ex-aluna. Os demais estudaram na escola e posteriormente fizeram graduação na área artística. Os ensaios ocorrem na própria instituição.

Um exemplo é Bianca de Oliveira, de 24 anos. Ela cursou artes cênicas na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e hoje é professora no colégio onde tudo começou. “Essa experiência definiu a minha vida”, destaca Bianca, que hoje ocupa o lugar que foi de Getúlio nas salas de aula da escola.

Já para Izabella Beatriz Dias, de 25 anos, o projeto deu a possibilidade de descoberta pessoal. A moça interpreta uma idosa na peça e conta que, no início, sequer se interessava em estar em cena. “Faço um papel que é completamente diferente da minha vida. Busco sempre coisas assim”, diz a licenciada em dança e professora da Escola Parque da 313/314 Sul.

FAC proporciona expansão de iniciativas culturais

Uma característica do Cutucart é a dramaturgia autoral — os espetáculos são construídos coletivamente pelos integrantes do grupo. Eles já foram contemplados em cinco editais do FAC.

Wanderson de Sousa, que dirige o espetáculo ao lado de Getúlio, ressalta que sem esse amparo era complicado conseguir recursos para produzir as encenações. Muitas vezes, a bilheteria não era suficiente para cobrir os gastos.

De acordo com ele, o FAC proporcionará pagamento para todos os envolvidos e a possibilidade de levar a arte gratuitamente para as regiões administrativas do DF. “Nosso interesse é que as pessoas possam ir ao teatro, que nosso trabalho seja acessível”, afirma.

Essa é a terceira temporada de exibição de Naquela Estação, a primeira com apoio do FAC.

Espetáculo Naquela Estação

Taguatinga

27, 28 e 29 de abril

Teatro Sesc Paulo Autran (CNB 12, AE 2/3, Taguatinga Norte)

Sextas e sábados, às 20 horas

Domingos, às 19 horas

Gama

4, 5 e 6 de maio

Teatro Sesc Paulo Gracindo

Setor Leste Industrial, Lotes 620, 640, 660 e 680

Sextas e sábados, às 20 horas

Domingos, às 19 horas

Ceilândia

12 e 13 de maio

Teatro Sesc Newton Rossi

QNN 27, Lote B, Ceilândia Norte

Sextas e sábados, às 17 e às 20 horas

Domingos, às 19 horas

 

Entrada franca

Classificação: Livre

Duração: 70 minutos

Informações: (61) 98139-4107

Edição: Paula Oliveira