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27/01/2019 às 22:49, atualizado em 28/01/2019 às 12:23
Secretário de Relações Internacionais, Pedro Rodrigues defende um mapeamento do potencial produtor em Brasília de olho no mercado externo
O Distrito Federal ocupa o 23º lugar no ranking de exportações brasileiras. É responsável por apenas 0,1% do que é vendido para fora do país. Grãos e frango congelado estão entre os principais produtos, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. De olho no crescimento do setor industrial de Brasília, o Governo do DF quer abrir o mercado para a instalação de indústrias estrangeiras. Mas também quer mandar para outros países o que é feito por aqui.
O estímulo aos jovens produtores, principalmente em serviços das áreas de tecnologia, é um dos focos do governo distrital. À frente da Secretaria de Relações Internacionais, o embaixador Pedro Rodrigues tem como expectativa elevar Brasília à 15ª posição no ranking de exportações nos próximos quatro anos.
Em conversa com a Agência Brasília, o secretário conta um pouco do que já vem sendo planejado e executado nestas primeiras semanas de governo. Confira os principais trechos.
Em que consiste essa aproximação do Governo do Distrito Federal com empresários estrangeiros?
Na verdade, não se trata de uma aproximação. Aproximação se tem, normalmente, com países. No fundo, nós estamos sendo receptivos a um interesse crescente que observamos e que abrange não só o GDF, mas todo o Brasil. Na medida em que as contas macroeconômicas parecem se alinhar melhor – uma atração em termos de oportunidades –, tem-se mais oportunidade de investimentos no país. E o Distrito Federal reúne boas condições para que uma parte substancial desses investimentos estrangeiros que estão crescendo no país – depois de alguns anos com uma certa diminuição –, cresça e se expanda, criando mais oportunidades de negócios, de empregos e outras atividades.
Quais as vantagens em se abrir as portas para a economia de países como a China e a Coreia do Sul?
Investimentos, que significam não só a parte dos recursos financeiros. É o que chamamos de investimentos estrangeiros diretos e que, na prática, se convertem em fábricas, em escritórios, em atividades de construção de hotéis, de lojas… seja o que for, geram mais atividades. Onde se tem mais atividades é melhor do que onde se tem menos, principalmente no momento em que se olha a situação do desemprego no Brasil – e que é muito grave. O Brasil precisa criar, por ano, 1,2 milhão de empregos só para absorver a massa de jovens que vão chegando à idade de trabalho. E nos últimos cinco anos os dados são lamentáveis. Então, trazer investimentos, sejam nacionais ou estrangeiros, é positivo. Criam-se empregos e oportunidades tanto para os jovens que não foram para as universidades quanto para os que estão saindo delas – e muitas vezes sem encontrar um emprego que fará aumentar a produtividade do país. Investe-se no ensino para aumentar a produtividade. Se não tem emprego, no fundo vai alimentar o declínio e até a emigração. Os jovens vão procurar oportunidades fora, quando poderiam tê-las aqui dentro.
Que tipo de empresas devem se instalar aqui em Brasília?
Esta semana eu pedi ao presidente da Codeplan, Jean Lima, um quadro sobre a capacidade exportadora, em quais setores a empresa brasiliense do Distrito Federal e da região metropolitana pode se expandir para o exterior. Da mesma maneira, conversei com o secretário da Juventude, Leo Bijos, sobre a articulação, tanto na pesquisa quanto na preparação de jovens, com base no programa Jovens Empreendedores, ligado à Associação dos Jovens Empresários.
O que Brasília mais exporta? Há um monitoramento desses potenciais exportadores?
Nós estamos fazendo um levantamento com base nos dados estatísticos. Nossa pesquisa preliminar nesses primeiros dias de governo é de que somos exportadores de produtos primários: soja, milho, uma parcela de trigo e de frango. Isso é importante, mas frequentemente a gente ouve dizer que somos um polo de desenvolvimento tecnológico, que novas startups estão surgindo aqui e ali, e com uma capacidade de exportar produtos de maior valor adicionado. É isso que quero fazer: um levantamento dessas empresas de ponta que estão surgindo.
Pode-se dizer que esse seja o setor mais próspero e ainda inexplorado?
Eu acho que a nossa vocação básica, além da agricultura, são os serviços como TI, produtos de tecnologia, jogos… Há casos, por exemplo, de um jovem do DF que nós estamos querendo estimular, que após uma visita à China, passou a exportar pão de queijo. É preciso criar as oportunidades porque a gente não as conhece de antemão. Estamos começando um programa de contato com embaixadas visando levar o jovem empresário ou mesmo estudante para torná-lo mais preparado para a realidade do mercado internacional. Tipo, como é o mercado (importador) da Bulgária? A gente pode levar grupos para conhecer o mercado desse país. Sem custo para o DF.
Muito se fala desse fomento à exportação, mas grande parte desses empresários é de médio e pequeno portes. Por onde começar esse direcionamento?
Nós acabamos de tomar conhecimento – e estamos buscando até participar – de um acordo entre a Apex e o Ceub, que tem por objetivo treinar o pequeno e médio empresário de Brasília para atuar em exportação. Há muitas áreas que podem gerar um rápido resultado, mas as pessoas precisam entender o mecanismo. Trazer o Sebrae para ajudar nisso, criando grupos de produtos semelhantes. Às vezes se tem uma empresa pequena aqui, muitas vezes até familiar, mas não se sabe a demanda que ela pode ter no mercado internacional. Tem produtos em Brasília que bem explorados e com conhecimento dos mecanismos de mercado podem transformar iniciativas pequenas em empreendimentos maiores, que tragam mais retorno para a cidade e para quem os produz. Nossa meta é trabalhar para sair da posição de 23º ente federativo exportador para próximo do 15º.