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05/04/2019 às 11:43, atualizado em 05/04/2019 às 15:39
Patrimônio cultural imaterial do DF desde 2008, a encenação da Paixão de Cristo é realizada em Planaltina e leva milhares de pessoas ao local, numa prova de resignação, fé e amor pelo espetáculo e pela vida de Cristo
Devoção e fé. São esses sentimentos que pontuam os trabalhos dos 22 voluntários que fazem parte da equipe que confecciona os figurinos que serão usados na encenação da Paixão de Cristo do Morro da Capelinha, em Planaltina (DF). Mais de 1,4 mil atores participam da Via Sacra, que está marcada para o dia 19 de abril.
Ao todo, 900 roupas serão feitas. As costureiras correm contra o tempo. É o caso de Maria de Lourdes Maciel que, desde 1991, faz os figurinos para a celebração e começa a trabalhar um mês antes da Via Sacra. “Enquanto Deus me der vida e saúde, quero continuar esse trabalho”, afirma.
Os figurinos mais difíceis para serem confeccionados, segundo a costureira, são os de Herodes, das dançarinas do palácio, do discípulo Ananais e do sumo sacerdote Caifás. É que eles exigem muitos detalhes para ficarem semelhantes às imagens que contam a história do Homem de Nazaré.
A coroa
O produtor de eventos e artesão Walterismar Francisco Maciel é o responsável pela confecção da coroa de espinhos que é colocada em Jesus Cristo pelos soldados romanos. São usados dois cipós, o japecanga e o limãozinho do mato, que, entrelaçados, formam a coroa, objeto cênico fundamental em uma das passagens mais emocionantes da encenação. A confecção demora um dia.
“Acabo furando meus dedos no processo, mas usar luvas atrapalha o trabalho. Então, é preciso aguentar os furos e sentir que cada espinho é pelo nosso pecado, assim como cada gota de sangue de Jesus que foi derramada”, descreve o artesão, com a voz carregada de emoção.
Barracão
Em um barracão nos fundos da Casa Nossa Senhora Aparecida, em Planaltina, funcionam as confecções das armaduras, capacetes, lanças, escudos e outros objetos usados na encenação. São 17 pessoas envolvidas no processo e vários materiais são usados, como couros, inox, madeiras, ferros e borrachas.
O motorista Ariosvaldo de Oliveira Rocha, mais conhecido como Val, participa dos trabalhos há 19 anos. “Foi um chamado de Deus. Desde pequeno assistia à encenação da Via Sacra e achava emocionante e empolgante, então, quis participar. Fiz a inscrição e esperei quatro anos para ser chamado para integrar o grupo”, relata.
Patrimônio
Patrimônio cultural imaterial do DF desde 2008, a encenação da Paixão de Cristo é realizada em Planaltina, localizada a cerca de 50 km de Brasília, e leva milhares de pessoas até o Morro da Capelinha. Em 2018, aproximadamente 60 mil fiéis foram ao local, numa prova de resignação, fé e amor. Pelo espetáculo e pela vida de Cristo.