23/05/2019 às 14:46, atualizado em 19/07/2019 às 16:06

Marianne Peretti, a artista que deu forma a monumentos de Brasília

Suas obras-primas são um mergulho em importantes pontos turísticos da cidade, em finos traços que mostram a vegetação, paisagens e pássaros, com vida e cor

Por Emanuelle Coelho, da Agência Brasília

Vitrais de Marianne Peretti decoram o Panteão da Pátria Tancredo Neves. A figura de um pássaro ganhou a leveza de suas mãos. Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

A filha da modelo francesa Antoinette Louise Clotilde Ruffier e do historiador pernambucano João de Medeiros Peretti, Marie Anne Antoinette Hélène Peretti acabaria expulsa do Lycée Molière e do Lycée Victor Duruy. O motivo: Marianne fugia das aulas para pintar. “O caminho natural, então, foi matricular-se na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs. Depois, na Académie de La Grande Chaumière, no bairro de Montparnasse, onde foi aluna de Édouard Goerg e de François Desnoyer”, conta Newton Schenfler.

Os trabalhos em arte vitral, define Schenfler, começaram em Olinda (PE). O primeiro foi uma encomenda feita por uma arquiteta amiga, Janete Costa, para a casa de uns espanhóis residentes no Sítio Histórico da cidade.

Viagens

A vinda de Peretti para o Brasil, pontua o professor de arte, ocorreu porque em uma das várias viagens de navio entre o Rio de Janeiro e a Europa, Marianne conheceu um inglês, depois se casou e se mudou para São Paulo.

Schenfler lembra do começo dos trabalhos da artista com Oscar Niemeyer em uma citação que a própria Marianne fez em entrevista ao site G1. “Eu simplesmente bati na porta dele (Niemeyer) e disse que gostaria de trabalhar com ele. Depois de três meses, voltei ao Rio e o encontrei de novo. Ele deve ter gostado muito de mim, porque já me deu um monte de trabalho, todos de Brasília”, contou Marianne na entrevista ao site.

Importância

As obras de Marianne Peretti ganharam reconhecimento de grandes nomes. O professor Newton Schenfler especifica que Veronique David, do Centro Andre Chastel, referência mundial em vitrais, considera Marianne Peretti como a mais importante vitralista da contemporaneidade.

“O trabalho da artista pode ser definido pela equação grandeza + leveza + transparências, com o desenho influenciado por um espírito modernista francês, que marcou sua formação, assim como de toda uma geração de artistas”, define Schenfler.

As obras de Marianne Peretti ganharam reconhecimento de grandes nomes. O professor Newton Schenfler especifica que Veronique David, do Centro Andre Chastel, referência mundial em vitrais, considera Marianne Peretti como a mais importante vitralista da contemporaneidade.

Alfredo Ceschiatti

Na Catedral de Brasília, outras obras chamam a atenção: os Anjos (1970) e os Evangelistas (1968). As esculturas são de Alfredo Ceschiatti, que tem trabalhos também no Palácio dos Arcos (As Duas Irmãs – 1966).  Como consta na Enciclopédia Itaú Cultural, Ceschiatti desenvolve suas esculturas por meio de um traçado sensível, como aponta a crítica de arte Sheila Leirner, proporcionando equilíbrio e leveza a obras como os Anjos da Catedral de Brasília, ou o Contorcionista (1952). O artista, que se interessou muito pelo barroco mineiro, resgata alguns elementos dessa tradição em vários de seus trabalhos, aliando-os a uma maior simplificação formal.