25/05/2019 às 10:00, atualizado em 12/07/2019 às 15:52

De Brasília para os melhores mercados do mundo

Café produzido em uma fazenda na zona rural de Sobradinho fica entre os finalistas do 28º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável

Por Emanuelle Coelho, da Agência Brasília

O café, largamente apreciado pelos brasileiros, é uma das bebidas mais consumidas no país. No Distrito Federal, vem ganhando cada vez mais espaço, qualidade e destaque. Localizada na zona rural de Sobradinho, a fazenda Novo Horizonte classificou-se entre as finalistas do 28º Prêmio Ernesto Illy de Qualidade Sustentável do Café para Espresso. Nesta premiação, de abrangência nacional, é a primeira vez que um produtor da região Centro-Oeste marca presença entre as três colocações iniciais. Mas não é o primeiro troféu conquistado pelo proprietário da fazenda, Carlos Alberto Leite Coutinho, aposentado de 73 anos, que já havia sido premiado em 2013 e 2014.

Simpático, Carlos Alberto recebeu a equipe da Agência Brasília servindo um refinado café, preparado em prensa francesa, para falar sobre sua produção – que, segundo conta, começou despretensiosamente. Natural da Paraíba, o produtor chegou a Brasília em 1983, transferido do Banco do Brasil. Em 1986, começou a trabalhar na Secretaria do Tesouro. “Lá eu convivi com muitos agricultores e já comecei a ter informações sobre o assunto”, lembra. “Só não tinha experiência.”

O início

Tudo começou com uma área de dois hectares, que hoje já tem mais do que o dobro do tamanho. “Eu tinha essa propriedade e a preocupação de ter algo para fazer depois que me aposentasse”, lembra Coutinho. O início das atividades na fazenda foi com a criação de gado de leite. “Mas era desgastante e pouco rentável. Daí, desisti”.

Na área havia uma média de 50 a 100 pés de café. Foi quando ele decidiu investir nessa produção, inicialmente, apenas para consumo próprio. “Mas as mudas já estavam velhas e procuramos novas. Ganhei três mil de um amigo, comecei a ampliar e fui crescendo e criando amor pelo café”, relata.

A ideia inicial não era de plantar café especial. Certo dia, ouviu de um corretor de que seu produto “bebeu mole” (termo usado para café de qualidade) e foi aconselhado a enviá-lo para apreciação da Illy, empresa especializada em seleção e comercialização de grãos de boa qualidade. “Isso me chamou a atenção, comecei a pesquisar”, conta. “Comprei as peneiras para fazer a separação do café, coloquei no saco e enviei para a empresa. Alguns dias depois, ligaram dizendo que o meu café era um dos melhores que tinham chegado na empresa.”

A partir daí, o produtor recebeu um cartão de sócio do clube e passou a contar, também, com informações estimulando a gestão de qualidade. Morador da Asa Norte, Coutinho visita a propriedade diariamente e acompanha todo o processo. O nome do café que produz, Minelis, é em homenagem ao apelido do avô. Plantado a 1.180 metros de altitude, o produto, explica ele,  apresenta um diferencial: “Tem  uma característica de aroma intenso e sabor adocicado, com uma leve acidez cítrica”.

Há mais de dez anos, Carlos Alberto conta com orientação especializada de representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). Está sempre atualizado sobre técnicas de adequação ambiental, produção e orientações sobre crédito rural. “O Carlos Alberto foi um dos pioneiros no DF com café, ainda mais em uma área de 48 hectares”, ressalta a engenheira agrônoma Rosely Oliveira.

Ilycaffè

O húngaro Francesco Illy chega a Trieste (Itália) após a Primeira Guerra Mundial, após concluir a faculdade de economia em Timişoara (Romênia) e de ter trabalhado em Viena (Áustria). Inventivo e cosmopolita, encontrou em Trieste os três amores de sua vida: a mulher, sua cidade e o café.

Em 1933, Francesco fundou a Illycafè, que começou a funcionar comercializando cacau e café, que chegavam de todo o mundo ao porto de Trieste. Atualmente, a empresa é dirigida pela terceira geração da família, com Andrea Illy como presidente e Riccardo Illy como vice-presidente. Em seu portal, a empresa destaca o fato de ser valorizada nos cinco continentes pela alta qualidade e o “sabor aveludado” do seu café.

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O café no Brasil

As primeiras mudas de café chegaram ao Brasil em 1721 e foram plantadas no Pará,  trazidas pelo oficial português Francisco de Mello Palheta. Alguns séculos depois, o Brasil se tornou o maior exportador do produto no mercado mundial.  De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o país responde por um terço da produção mundial do grão, o que o coloca como maior produtor mundial há mais de 150 anos.