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04/07/2019 às 12:16
Morto tragicamente durante a construção de Brasília, há 60 anos Bernardo Sayão entraria para a história da cidade. Pioneiro terá trajetória contada em dois livros
Mas por pouco tempo porque JK, ciente de seu dinamismo nas frentes de trabalho, na liderança de homens nos canteiros de obras, o queria em Brasília. Em outro livro que escreveu sobre a epopeia que foi a construção da nova capital, o clássico, “Brasília Kubistchek de Oliveira”, um best seller com mais de 80 mil edições vendidas, Ronaldo Costa Couto conta, com riqueza de detalhes, a chegada de Bernardo Sayão ao cerrado brasiliense.
“Que dia o senhor quer que eu esteja aqui?”, perguntou ele a presidente Juscelino que exagera: “Ontem”. No dia seguinte, às 6h da manhã, lá estava Sayão de mala e cuia e duas crianças a tiracolo estacionando em frente ao Catetinho, que começava a ser erguido. “Pronto, chefe, aqui estou para cumprir suas ordens”, se apresentou, montando barraca embaixo da primeira árvore à vista.
Paixão
Aqui estando, o pioneiro não decepcionou o presidente, os peões que o elegeram líder nato e carismático, enfim, a nação brasileira. Tinha paixão, obsessão por construir estradas. Quando chegou ao Planalto Central, os trechos que aqui haviam eram de terra, ponte só as de improvisos, um perigo! Asfaltou tudo porque achava que as coisas para Brasília como comida, materiais de construção, tinham que vir de perto e muito rápido. Trouxe muita gente de Ceres, Anápolis e Goiânia para a construção da cidade.
“Era o homem que implantava as coisas, fazia acontecer. Antes de Brasília, pouca gente sabe, mas ele já tinha deixado sua marca no interior do Rio de Janeiro, no Mato Grosso, no Paraná e foi essencial aqui como um dos primeiros a chegar, no convencimento dos candangos, porque ninguém queria vir para cá”, comenta Ronaldo Costa Couto. “Muito difícil de Brasília ter acontecido sem Sayão”, sentencia.
Era uma massa fiel de operários que choraram em peso, claro, a perda do líder que ali agora se encontrava agonizando diante de parte deles com o crânio quebrado, fraturas expostas nas pernas e braços, sangue esvaindo aos cântaros. Sayão morreu com a cabeça no colo de um amigo, a bordo de um helicóptero, no leito da tão sonhada estrada prestes a ser finalizada. No dia seguinte ao acidente, dia 16, a notícia da morte do herói pegou todos de surpresa, se espalhou como rastilho país afora, comovendo toda uma nação. Diante da notícia, o presidente Juscelino se desespera, reza, chora.
Quando o corpo chegou à cidade, a comoção era geral. O velório, na capela Dom Bosco, e a missa de corpo presente, no Santuário Nossa Senhora de Fátima, ali na 705/905, levou uma multidão de curiosos que queria prestar última homenagem ao pioneiro guerreiro. Como a família não permitiu que se abrisse o caixão, muitos duvidaram que Bernardo Sayão, de fato, havia morrido. Alguns chegaram a dizer que ele havia sido raptado pelos selvagens de uma tribo localizada às margens da Belém-Brasília.
“Minha avó não permitiu que o caixão fosse aberto porque temia a dilaceração do corpo. Queria para si a imagem da virilidade”, conta, anos depois, o neto Sérgio de Sá. “Mas ele morreu mesmo, um tio meu teve que fazer o reconhecimento da vala em que ele foi enterrado por conta de uma enchente no cemitério e constatou lá os restos dele”, garante.
Por uma dessas ironias que só o destino é capaz de pregar, Bernardo Sayão foi a primeira pessoa a ser enterrada no cemitério de Brasília, mais tarde batizado de Campo da Esperança. O mesmo que, menos de dois anos antes, ele havia riscado os seus limites. À beira do túmulo, bastante comovido, JK discursa ciente de que dá adeus não só a um líder carismático querido pelos peões, mas à personificação de um Brasil marcado pela força, aventura e bravura, simbolizada, naquele momento, pela construção de Brasília.
“Quando Bernardo Sayão morreu, Brasília era um super canteiro de obra, mas naquele dia a cidade parou para chorar o grande ídolo dos candangos, que ficou órfã dessa grande figura”, destaca Ronaldo Costa Couto.
Em 31 de janeiro de 1959, dezesseis dias após a morte de Sayão, as frentes norte e sul finalmente se encontram, dando fim aos 2.240 quilômetros da Belém-Brasília. Uma aventura marcada por perigos e tragédia que, passados 60 anos, ainda habita o inconsciente de milhares de brasileiros. Hoje chamada, merecidamente de Rodovia Bernardo-Sayão, a pista concretizou o sonho de JK de ligar os extremos do país.
“Bernardo Sayão foi uma figura maior da história brasileira, era uma força da natureza que tinha grande paixão pelo Brasil”, finaliza Ronaldo Costa Couto.