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14/07/2019 às 11:01, atualizado em 15/07/2019 às 11:24
Paulo de Tarso teve uma atuação curta, mas marcante à frente da prefeitura da cidade
Morreu neste sábado (13), em São Paulo, aos 93 anos, Paulo de Tarso Santos, um dos primeiros prefeitos de Brasília. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês.
Mineiro de Araxá, Tarso, advogado por formação, assumiu a nova capital do Brasil entre fevereiro e agosto de 1961, durante o governo Jânio Quadros. Após deixar o Executivo local ficou responsável pela pasta da Educação na gestão João Goulart. Na época, contou com assessores que seriam importantes nomes no cenário político e social do país como Darcy Ribeiro, José Serra, o educador Paulo Freire e o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Por conta do regime militar, Paulo viveu um período exilado no Chile trabalhando, entre os anos 1964 e 1970, nas Nações Unidas (ONU). Durante o governo paulista de Franco Montoro, em 1983, foi conselheiro emérito do TCE-SP, além de secretário da Educação do estado.
Brasília
Sua gestão à frente da administração de Brasília foi curta, mas marcante. Entre as ações do seu governo estão a criação da TCB e da antiga Fundação Cultural, hoje Secretaria de Cultura, então conduzida pelo poeta Ferreira Gullar, primeiro secretário da pasta no DF.
Tarso também montou a comissão integralizadora da Companhia de Energética de Brasília (CEB), deu início à urbanização do Núcleo Bandeirante, implantou a estrutura administrativa e urbanística da Asa Norte e contratou os primeiros professores de Brasília, vindos de vários estados do país.
Em 1961, durante a visita do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara ao Brasil, para a condecoração com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul pelo presidente Jânio Quadros, coube a Paulo de Tarso ciceronear o primeiro-ministro cubano pela cidade, hospedando-o em sua casa.
Em fevereiro de 2015, familiares do ex-prefeito de Brasília doaram para o Arquivo Público do DF centenas de documentos de sua gestão. São originais de ofícios, decretos, nomeações, bilhetes escritos à mão pelos presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, fotos e documentos que hoje fazem parte de um acervo aberto ao público.
“Papai tinha um entusiasmo total com Brasília. Ele era muito a favor da mudança”, disse na época, em entrevista à Agência Brasília, Vasco da Cunha Santos, um dos filhos do político. “Articulava muito no meio político, mas não tinha apego ao poder. O importante é que essa gente realmente estava comprometida com a mudança da sociedade em favor dos mais necessitados, a vontade de servir era muito grande”, completou.
Paulo de Tarso Santos tinha 93 anos e deixa cinco filhos – Maria Luiza, Vasco, Paulo de Tarso, Maria Beatriz e Maria Stella – além de 13 netos e 12 bisnetos. O velório e o enterro do político estão marcados para acontecer neste domingo (14), no cemitério Gethsemani, no bairro do Morumbi, em São Paulo.