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06/08/2019 às 11:37
Trabalho pioneiro do Centro Especializado em Reabilitação Física e Mental oferece atendimento multidisciplinar a 380 ostomizados
A insegurança de como será a rotina após um procedimento de ostomia (abertura no abdômen ou traqueia) pode afetar negativamente a vida de quem necessita utilizar uma bolsa externa para recolher secreções (fezes ou urina). O temor da rejeição familiar, autoestima baixa e até o medo das reações nas relações afetivas fazem parte do cotidiano da maioria dos pacientes ostomizados e que estão sob os cuidados do Centro Especializado em Reabilitação Física e Mental (CER) de Taguatinga. Diante desse cenário, iniciou-se um trabalho pioneiro no Distrito Federal, com a oferta de assistência multidisciplinar a esses pacientes.
Antônio Humberto Souza é um dos mais recentes acolhidos pelo CER. Aos 80 anos, ele precisou fazer uma colostomia devido a um câncer de intestino. Quem o acompanhou na consulta foi a sobrinha, Paula Saraiva, que afirmou estar muito surpresa e feliz com o acolhimento recebido pelo tio. “O atendimento aqui é muito bom. Todos os servidores são educados, tratam meu tio e a família com atenção e dedicação. Mostram preocupação com a saúde dele”, diz Paula.
Reabilitação
Da mesma forma que seu Antônio, outros 380 pacientes, que realizaram colostomia, urostomia ou ileostomia, são atendidos de forma ambulatorial, com consultas mensais, orientações a eles e aos familiares sobre os cuidados e a higiene, entrega da bolsa e demais materiais.
“Por isso, é importante o Ambulatório de Ostomia estar dentro de um centro de reabilitação, porque não deixa de ser uma reabilitação. É uma condição nova para aquele paciente”, afirma a gerente do CER, Luana Calixto Saraiva. “Passamos a oferecer a possibilidade de o paciente acessar outras terapias com psicólogos, fisioterapeuta. O próximo passo é criar um grupo com estrutura multidisciplinar”, explica a gerente.
A enfermeira Cristina Costa Holanda, especialista em ostomias e no tratamento de feridas complexas, conta que muitos têm dificuldade de se adaptar a essa nova condição. “Afeta, principalmente, a parte de relacionamentos, do casal em si, pois eles estão lá, com aquela bolsa. Têm medo de descolar. Às vezes, dá problema na pele, afeta os aspectos emocionais”, relata.
De acordo com Cristina, essas pessoas precisam muito de ajuda. Ela explica que, para alguns pacientes, a ostomia é reversível, para outros, não. “Muitos vão passar o resto da vida colhendo a urina ou as fezes na bolsa colada à barriga”, conta.
A profissional afirma, ainda, que o apoio familiar para esta nova condição do paciente é fundamental para garantir qualidade de vida e reinserção social e laboral. Cristina insiste que é preciso aceitar a nova imagem corporal e realizar o autocuidado.
Procedimento
A ostomia desvia o fluxo das fezes até uma abertura realizada, cirurgicamente, no abdômen, chamada de estoma. As fezes passam a ser coletadas por uma bolsa removível, que deve ser higienizada ao longo do dia. Após a cirurgia, o estoma e o fluxo intestinal não podem ser controlados voluntariamente e, portanto, a bolsa precisa estar acoplada ao estoma nas 24 horas do dia.
Colostomia é o tipo de ostomia, realizada no intestino grosso. A ileostomia liga o intestino delgado ao meio externo. E a urostomia é a criação de um novo trajeto para a saída da urina. O CER atende somente pacientes ostomizados adultos, com idade acima dos 18 anos. A maioria possui diagnóstico de câncer.
*Com informações da Secretaria de Saúde