13/08/2019 às 21:10

Fundação de pesquisa do DF faz parceria com UnB e AEB para lançamento de nanossatélite

FAPDF lidera a execução do Sistema Alfa Crux, primeira missão espacial financiada pelo governo do Distrito Federal

Por Agência Brasília *

Apresentação do Projeto Alfa Crux | Foto: Ascom / FAPDF

Já o presidente da AEB, Carlos Moura, assinalou que o Brasil tem grande potencial para desenvolvimento na área aeroespacial, dependendo de bons projetos para alavancar esse crescimento. “Desde os anos 80 vejo como outros países quando visitavam nossas instalações ficavam admirados com a nossa infraestrutura e de lá pra cá muita coisa melhorou, como a quantidade de cursos que nós temos na área, laboratórios, então temos um potencial grande para fazer muito mais. O espaço é um instrumento, um ferramental, e ele se vale de toda essa transversalidade para levar serviços à população. Se nós olharmos os países continentais, nós ainda estamos aquém em programas espaciais e é uma questão de aplicação. Então, temos aqui uma oportunidade muito grande, as demandas existem e o novo espaço é como se fosse um cavalo selado que passa pelo Brasil e faz com que nós, com menos recursos, consigamos fazer muita coisa. O poder de um satélite como esse, hoje, é maravilhoso. A AEB se congratula com essa iniciativa, especialmente diante da crise que vivemos, e precisamos identificar bons projetos para fazer muito mais. Aqui tem espaço e estamos juntos!”, declarou o dirigente.

Por sua vez, o diretor da Faculdade de Tecnologia da UnB, Márcio Muniz, disse também enxergar oportunidades valiosas no Projeto Alfa Crux. “Sair de grandes crises por meio de grandes pactos pela educação é do que precisamos. Esse projeto é ousado, evidencia a capacidade da UnB para desenvolver pesquisas de altíssimo nível e é apenas um de muitos que temos com o governo. Esse tipo de projeto beneficia toda a universidade e a sociedade”, ratificou.

O projeto

A pesquisa e o desenvolvimento envolvendo arquiteturas típicas de satélites e cargas úteis (massa, volume, potência, campo de visão, estabilidade de atitude e altitude, resolução temporal/espacial alcançável, resultado das limitações da taxa de dados, dentre outros) proporcionará soluções inovadoras no que se refere ao uso e aplicações de tecnologia de nanossatélites. Trata-se de um projeto de pesquisa e inovação com tarefas de alto nível como gerenciamento, planejamento, análise de riscos e todas as demais fases do ciclo de vida de um projeto de tecnologia espacial.

O desenvolvimento e a operacionalização de sistemas de comunicações de dados e voz confiáveis em áreas remotas, ou de difícil acesso, ainda representam um desafio no mundo moderno que afeta não somente a sociedade civil, como a defesa do país. Na área civil, pode-se dizer que há uma década não havia aplicativos online para melhorar a agricultura e sua precisão, para comunicação direta entre dispositivos (do inglês Machine to Machine – M2M), ou mesmo interação e troca de dados de forma a elevar a conectividade da internet a um patamar mais abrangente, o da Internet das Coisas (do inglês, Internet of Things – IoT).

No campo da defesa, regiões remotas com baixa infraestrutura não possuem capacidade de comunicação vital além da linha de visada, que une dois pontos sem interceptar obstáculo, para atender a usuários táticos terrestres. Ao operar em grandes distâncias, em terrenos acidentados ou em ambiente de selva, os usuários táticos não podem manter a linha de visada do rádio. Isso cria lacunas na consciência situacional, aumentando a possibilidade de que ameaças ou atividades criminosas passem despercebidas e não sejam monitoradas ou reportadas.

“O que se espera com essa missão é contribuir para o aumento da conectividade em escala global. Ela é a base para viabilizar conexões entre dispositivos, a internet das coisas no sentido mais amplo. Estamos olhando para aspectos como racionalização e planejamento tático de recursos, regiões remotas, aplicativos para viabilizar agricultura de precisão e outras aplicações diversas, tudo isso ainda carece de conectividade em larga escala para melhorar a qualidade de vida no mundo. Para essas e outras questões, enxergamos soluções como provimento de cobertura em áreas de interesse estratégico, prover enlaces de comunicação na Região Amazônica e em zonas de desastres. A proposta do Sistema Alfa Crux é uma constelação de satélites alinhados com o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais e a FAPDF está comprometida com a gente nessa trajetória, para que consigamos colocar em órbita o primeiro satélite”, destacou professor-doutor Renato Alves.

Resultados e metas

O projeto já rendeu bons resultados desde sua idealização inicial. No período de 2013 a 2019 foram nove artigos publicados em revistas e 32 apresentados em conferências, além de um depósito de patente e um registro de software.

Como próximos passos, o coordenador do projeto prevê um cronograma audacioso. A ideia é que o primeiro lançamento aconteça já em 2020. Para 2021 estão previstos comissionamento, testes em órbita e desenvolvimento SDR e de hardware. E a previsão é realizar o segundo lançamento já em 2022.

Além de FAPDF, UnB e AEB, o Alfa Crux conta com outras parcerias e cooperações nacionais e internacionais, entre as quais: Força Aérea Brasileira (FAB), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Laboratório Nacional de Clima Espacial (Lance), Organização das Nações Unidas (ONU), Montana University, The University os Nottingham e German Aerospace Center.

Confira o vídeo produzido pelo Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (iEEE) sobre o projeto: https://transmitter.ieee.org/natural-capital-2019/?sid=1&ssid=2#section12.

Registro de presenças

A solenidade de assinatura do memorando de entendimento contou com a presença do diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, Paulo Barros; do vice-presidente da Comissão de Implantação de Sistemas Espaciais da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro do ar José Wagner Vital; do diretor-técnico de Graduação da UnB, Wilson Teodoro; do diretor do Instituto de Ciências Exatas da UnB, Gladston Silva; do oficial da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais da FAB, Anderson Tavares Bruscato; do presidente da Comissão Aeroespacial da UnB, Victor Rafael Rezende Celestino; do chefe do Departamento de Ciências da Computação da UnB, Li Weigang; e do professor de Engenharia Aeroespacial da UnB-Gama, Olexiy Shynkarenko, além de estudantes da equipe do coordenador do projeto.

 

* Com informações da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal.