27/08/2019 às 20:01, atualizado em 27/08/2019 às 20:22

Segunda edição do Mulheres pelo DF tem ações voltadas a pacientes com câncer

Programa encabeçado pela primeira-dama Mayara Noronha foi lançado em março

Por Jéssica Antunes, da Agência Brasília

Experiência da advogada Raquel Carvalho, diagnosticada com câncer de mama em 2016 após o nascimento da filha, resultou na criação da ONG Vencedoras Unidas | Foto: Renato Araújo / Agência Brasília

“No passado, o tratamento de câncer era sofrido e ficou o estigma. Temos medicamentos novos, reconstrução imediata, a mulher não sai mutilada do centro cirúrgico. Isso que ficou faz a pessoa não fazer prevenção, não procurar atendimento médico… e isso tem que acabar”, acrescenta o médico.

Os doutores elencaram os quatro exames principais para prevenir: para câncer de mama, mamografia a partir dos 40 anos — ou aos 30 para pacientes com histórico familiar; para câncer de útero, papanicolau; para câncer no intestino, pesquisa de sangue oculto nas fezes; para câncer de próstata, exame de toque.

“Temos sempre que orientar prevenção e diagnóstico precoce, possível com regularidade nos exames”, ressalta o oncologista Márcio Almeida.

Feminilidade

São registrados cerca de 14 milhões de casos novos da doença, anualmente, em todo o mundo, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a Secretaria de Saúde, os tipos de câncer mais comuns no DF seguem o padrão nacional. Nas mulheres, o maior índice é o de mama, seguido por cólon e colo de útero.

O cirurgião plástico Guilherme Cunha contou que muitas pacientes chegam ao seu consultório com medo de perder a feminilidade após o diagnóstico mais comum. “Nós entramos com a restituição para dar esperança”, diz. De acordo com ele, no HRT são feitas, diariamente, quatro mastectomias (retirada das mamas) com reconstrução imediata.

Raquel Carvalho, 34 anos, foi diagnosticada com câncer de mama após nascimento da filha, em 2016. Ela fez radioterapia e passou por três cirurgias, incluindo mastectomia. “A partir do início do tratamento busquei por outras pacientes que passaram pelo que eu passaria”, conta a advogada. O encontro de experiências se tornou uma grande rede com 400 pacientes – a maioria é atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Juntas elas formam a organização não-governamental (ONG) Vencedoras Unidas e promovem encontros, bate-papos, palestras e eventos.

Para ela, eventos como os que são gerados pelo programa Mulheres pelo DF são “super importantes”. “A paciente perde cabelo, perde mama, perde a própria identidade como mulher. Fortalecer a autoestima e a feminilidade contribui para o tratamento. Mostra que a beleza não se foi”, diz a advogada, revelando que, no início, chegou a usar lenços, mas assumiu a careca como individualidade. Agora, os fios voltam a crescer.