10/09/2019 às 08:57, atualizado em 10/09/2019 às 16:45

Matemática contra bullying: CED de Brazlândia reage ao mal

Unidade escolar, adepta da cultura da paz, também promove atividades sobre o Setembro Amarelo, cujo foco é a prevenção do suicídio entre os jovens

Por Aldenora Moraes, da Secretaria de Educação

A estudante Ana*, 14 anos, antes dócil e dedicada, tornou-se agressiva; o estudante Lucas*, 13 anos, passou a apresentar ideação suicida e teve que contar com apoio psiquiátrico e psicológico. As reações dos adolescentes são decorrentes da mesma violência: o bullying praticado no ambiente escolar.

Para inibir essa prática, o Centro de Ensino 02 de Brazlândia tem desenvolvido ações que buscam refletir e evidenciar o efeito maléfico do bullying entre os jovens. Além de um projeto de matemática que aborda o tema, a unidade escolar também promove atividades sobre o Setembro Amarelo, cujo foco é a prevenção do suicídio entre os jovens.

A iniciativa tem início nesta terça (10), Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e tem relação com a Campanha Vamos dar as Mãos?, promovida pelo Governo do Distrito Federal. 

[Numeralha titulo_grande=”70,54% ” texto=”dos entrevistados no CED 02 de Brazlândia já haviam sofrido bullyingesquerda

A ação na escola contará com peças teatrais, palestras, apresentações musicais e a produção de um documentário. As atividades vão até sexta (13) e culminam com o plantio de girassóis.

Estatística e bullying
O professor de matemática Flávio Barroso abordou o ensino da Estatística, a partir de uma proposta lúdica. Seus estudantes do 7º ao 9º ano do ensino fundamental entrevistaram pessoas da comunidade por meio de uma pesquisa para ter uma dimensão do bullying. Os dados foram coletados, organizados, tabulados e transformados em gráficos.

“A pesquisa mostrou que 70,54% dos entrevistados já haviam sofrido bullying. Apenas 29,46% não registrou essa violência. Isso evidencia o papel fundamental da escola em abordar e discutir o tema”, explicou o professor Flávio.

Sei que há bullying, mas não imaginei que atingia tantas pessoas afetadasManuela Ferreira, aluna do 9º ano do CED 02 de Brazlândiaesquerda

Para os alunos participantes do projeto, a experiência não poderia ter sido melhor. “Gosto de matemática, mas participar do projeto fez com que eu tivesse uma noção da realidade do bullying porque muitas pessoas confessam que já sofreram”, destacou o estudante João Vítor da Cruz, do 9º ano. 

Para Dennis Willy, os resultados já eram aguardados. “Conheço muita gente que passa por essa experiência”, lamentou.

“Falta maturidade para muitos jovens respeitarem as diferenças o que gera sofrimento. É preciso respeitar para ser respeitado”, alertou a aluna Júlia Luíza, também participante do projeto de matemática.

 * Os nomes foram trocados para resguardar a identidade dos entrevistados