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19/09/2019 às 12:29, atualizado em 19/09/2019 às 15:31
Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal reúne acervo de livros, documentos e objetos raros que contam tudo sobre os primeiros anos da nova capital do país
Do lado de fora, colunas que lembram uma aranha – ou uma espaçonave, ou uma Catedral invertida –, o busto de Juscelino Kubitschek e um espelho d’água castigado pela seca de setembro. Dentro, cadeiras do saudoso Cine Bruni (que talvez você nunca tenha ouvido falar), o Jeep onde Bernardo Sayão, Lucio Costa e Israel Pinheiro andavam para visitar as obras de construção da nova capital e a cadeira onde JK se sentou para assistir a primeira missa da cidade, na Praça do Cruzeiro.
Memórias, histórias e um apanhado de curiosidades sobre a fundação e os primeiros anos de Brasília fazem parte do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF), localizado na 703/903 Sul, na Asa Sul. Apesar da grandiosidade arquitetônica do prédio projetado por Milton Ramos – que deixou seus traços no Teatro Nacional, no Itamaraty e no Hospital de Base –, o espaço que reúne museu e escola passa despercebido por grande parte da população. Inaugurado em junho de 1964, se junta a outros institutos de outros estados, além do nacional, sediado no Rio de Janeiro.
O propósito é reunir o acervo da fundação de Brasília – e de seu fundador. É um primo público do Memorial JK, entidade privada em homenagem ao ex-presidente do Brasil idealizador de Brasília. Aliás, há muito de Juscelino por lá. Se os restos mortais do mineiro estão hoje no memorial do Eixo Monumental, no Instituto Histórico e Geográfico está a lápide que cobria a sua sepultura antes da exumação do corpo.
Peças raras
Turistas curiosos em saber mais sobre a cidade aparecem por lá, mas são as crianças e os adolescentes – e até os adultos, do curso de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB) –, em visitas agendadas, o público alvo do instituto.
O IHG-DF disponibiliza seu espaço, instrumentos, equipamentos e acervo histórico-museológico e bibliográfico. Em contrapartida, a pasta libera professores das áreas de história, geografia e pedagogia com perfil para educação patrimonial em museu.
Anualmente, são mais de seis mil alunos atendidos pelo programa. A professora Denise Coelho, 48 anos, e mais três colegas: Ivana Caldeira, Otávio Oliveira e Luiz Gustavo Leonel, são os responsáveis por ampliar os conhecimentos dos alunos que visitam o local.
“O programa foi criado pela dificuldade das escolas em encontrar material didático que traga o conteúdo, além disso, muitas escolas trabalham a história do Brasil e não fala da história do Distrito Federal. Às vezes outras pessoas de outras regiões conhecem mais sobre a capital que os próprios moradores”, frisa Denise.
Todas as terças-feiras, professores da rede pública assistem aulas no curso Distrito Federal – seu povo, sua história, com carga horária de 180 horas. Dali, saem prontos a expandir os conhecimentos do que formou a Brasília de hoje. As atividades acontecem em parceria com a Secretaria de Educação.
“Brasília ficou de fora dos livros no período do governo militar. Ajudamos a resgatar muito do que ficou pra trás”, explica a secretária-executiva do Instituto Histórico e Geográfico do DF, Agnês de Lima Leite, há 24 anos na instituição.
A equipe de professores do instituto ainda promove um clube de leitura aberto à comunidade em que ao menos um dos títulos lidos trate da história de Brasília. Um trabalho semestral também é feito com alguma unidade de ensino em que os alunos, depois de quatro meses, fazem uma apresentação sobre um tema específico da capital. Neste semestre o protagonista é o Lago Paranoá.
A professora de geografia Daniane Carvalho Bevenito, 42 anos, já levou mais de dez turmas para participar da ação, como os estudantes do 7º ano do Centro Educacional 04 do Guará. “Todo ano trago alunos aqui. Complementa o meu conteúdo. O material é ótimo e sempre há mudanças nos temas trabalhados.”
A estudante Isa Vitória de França Saraiva, de 13 anos, aprovou a iniciativa. “Toda escola deveria trazer os alunos aqui porque possibilita mais aprendizado”, defende. Para ela, aprender a contar a história de própria cidade é importante, ainda mais sendo a capital do Brasil. “Temos que conhecer não só o presente, mas também o passado. Agora tenho mais conhecimentos que poderei passar para meus familiares. Eles também vão gostar de saber”, disse.