22/09/2019 às 16:19, atualizado em 23/09/2019 às 13:43

Um salto de solidariedade

Secretária da Mulher, Ericka Filippelli, salta de paraquedas no gramado dos ministérios para conscientizar a sociedade sobre o feminicídio. Ação contou com mais de 60 atletas de todo país

Por Lúcio Flávio, da Agência Brasília

Um salto de coragem. Uma mensagem de solidariedade. Esse foi o simbolismo do gesto da secretária da Mulher, Ericka Filippelli, na tarde deste domingo (22), quando ela venceu o medo de altura e saltou, pela primeira vez, de paraquedas.

A aventura aconteceu na Esplanada dos Ministérios e envolveu mais de 60 atletas do paraquedismo do Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pará e Amazonas, que vieram especialmente para o evento. Também estiveram representadas as federações de paraquedismo de Goiás e do Distrito Federal.

O objetivo do evento, fruto de uma parceria da Secretaria da Mulher com a Federação de Paraquedismo do Distrito Federal, foi conscientizar a sociedade sobre os dados alarmantes que envolvem ocorrências de violência contra a mulher, além de divulgar o Ligue 180, canal de denúncia contra crimes dessa natureza.

Vencer é possível

“Eu morro de medo de altura; por isso, o motivo desse meu salto é simbólico, para mostrar para as mulheres do DF que elas podem, sim, vencer o medo delas, vivendo uma situação de violência e denunciar”, alertou Ericka Filippelli. “É um salto de liberdade. A partir do momento em que elas vencerem o medo, vão ver a vida com outra perspectiva, outra visão, do mesmo jeito que vi nossa cidade linda lá de cima.”

Grupos de curiosos e simpatizantes do esporte marcaram presença no local do pouso, assinalado no gramado em frente ao Museu Nacional da República. Diretor-técnico de uma empresa de paraquedismo de Anápolis (GO) que forneceu suporte técnico e logístico à ação desse domingo – inclusive na utilização de cinco aeronaves Cessna 208 –, Allan Durigon destacou: “É uma ação muito válida, porque incentiva as mulheres que não têm coragem de denunciar enfrentar seus medos”.

Saltos de paraquedas são raros no Distrito Federal, ainda mais na região central de Brasília. Isso porque a cidade tem um grande entroncamento aeroviário e aeroporto com grande fluxo de aeronaves. “Saltar no gramado dos ministérios não é todo dia, é um privilégio, ainda mais por uma boa causa”, elogiou Allan que também integrava o grupo de paraquedistas.

Como se defender

Segundo informações do portal Atlas da Violência, em média, 13 mulheres são assassinadas diariamente no Brasil. Dados da Secretaria de Segurança Pública do DF divulgados em julho deste ano mostram que o número de tentativas de feminicídio no DF aumentou em relação ao ano passado. No primeiro semestre de 2019 foram 55 casos, contra os 31 registrados no mesmo período de 2018.

 “Às vezes tem gente que está nessa situação e acha que não tem apoio, mas, quando vê iniciativas como essa, se sente incentivada”, avaliou Valkíria Regina Barcelos, amiga de um dos 62 paraquedistas que saltaram em defesa de combate aos crimes domésticos. “Tem que encarar a situação e falar, abrir o jogo com os parentes, denunciar, ter mais amor próprio, não compensar viver uma vida assim.”

Um dos mecanismos de defesa contra esse tipo de crime, o Ligue 180 recebe as denúncias de violência e orienta as mulheres sobre seus direitos, apresentando a legislação vigente que ampara as vítimas e, quando necessário, encaminhando-as para outros serviços. A Central funciona 24 horas, todos os dias da semana, incluídos fins de semana e feriados.