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25/10/2019 às 08:00, atualizado em 25/10/2019 às 11:12
À frente do instituto responsável pela contratação de mais de três mil profissionais, Francisco Araújo falou sobre a meta de humanizar o atendimento e construir sete novas UPAs
Prioridade da gestão Ibaneis Rocha, a saúde do Distrito Federal tem se transformado desde janeiro. O fortalecimento da secretaria e os investimentos nas unidades administradas pelo Instituto de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) têm dado uma cara nova à rede.
Embora satisfeito com os números e recordes de cirurgias e atendimentos, o diretor-presidente do Iges-DF espera melhorar um outro ponto importante: o atendimento à população. Em entrevista à Agência Brasília, ele cita a humanização como uma das metas principais do Instituto e avisa que sete novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) serão construídas a partir de 2020.
Nas ruas, o senhor e o governador Ibaneis Rocha têm falado bastante sobre a importância da humanização no atendimento. Quais os projetos nesse sentido?
Das 15 metas estratégicas a humanização é a mais desafiadora. Temos na Saúde do Distrito Federal muito dinheiro, estrutura e pessoal. São R$ 8 bilhões de orçamento, 600 equipes, 16 hospitais e o Hemocentro, 35 mil servidores para uma folha de R$ 6,5 bilhões. O ingrediente que falta para essa engenharia funcionar e produzir resultados sociais é humanizar o atendimento.
Como vai funcionar essa humanização?
Nós fizemos um processo seletivo e estamos convocando 100 pessoas. Em parceria com o Serviço Social da Indústria (Sesi) nós estamos capacitando essas pessoas. Elas estarão na porta dos hospitais e das UPAs. São colaboradores que estarão com tablets e informações sobre a rede pública na cabeça. O usuário que chegar na porta da UPA e tiver o perfil para ser atendido na Unidade Básica de Saúde (UBS), antigo posto de saúde, será devidamente orientado e encaminhado à UBS que tenha médico disponível para atendê-lo. Essa será uma grande transformação porque quem recebe a classificação verde, que não tem perfil de UPA e hospital, deixará de ficar por horas esperando sem receber a orientação adequada. A primeira fase dessa parte do projeto é a comunicação na porta do hospital e da UPA.
Com base no sucesso apresentado nesses quase dez meses, o governador Ibaneis Rocha sugeriu que o Iges-DF preste consultoria para a Secretaria de Saúde. Como será?
No final do ano faremos o balanço dos primeiros dez meses do Iges-DF na prática. Temos tido um diálogo muito saudável e inteligente com o governador no sentido de que, nesse segundo momento, é mais interessante a expertise do Instituto ir para dentro dos pequenos hospitais, como o do Guará, Sobradinho e Paranoá, do que assumirmos eles. Vamos chegar com nossa equipe e melhorar os processos, fluxo e assistência dentro dessas unidades, que são hospitais com até 50 leitos. Colocamos em pauta a ideia de fortalecer os atores do ponto de vista da gestão para que eles produzam resultado e tiramos a de pauta assumirmos eles. Isso faz parte do olhar do governador para valorização do servidor público, não só da Saúde mas de todas as áreas.
A transferência da gestão para o Iges-DF facilitou o processo administrativo de aquisição de equipamentos e insumos. Quais os benefícios desse modelo?
O mais interessante desse modelo de gestão é a capacidade de as pessoas produzirem resultado. A diferença está essencialmente nas pessoas. Aqui eu estou como diretor-presidente, sou celetista e tenho que cumprir obrigações do privado. A cultura é diferente do público. Tem que pensar e agir como privado e rápido. A diferença basicamente é o regulamento de compras, que não é o ideal, mas funciona bem, e o regulamento de contratações. Esses dois ingredientes fazem a roda do instituto girar mais rápida. O resultado é mais impactante e dinâmico também.
O governador Ibaneis Rocha tem reiterado que o problema da saúde pública no DF não é por falta de recursos. Na avaliação do senhor, qual seria a maior dificuldade?
Não falta dinheiro. A estrutura é grande e uma parte dela é ociosa e outra improdutiva. Nós vamos mudar isso. Nunca na história do DF entrou um governador que olhasse para o servidor. A solução para a saúde está no trabalhador. Como que falta dinheiro se o orçamento é de R$ 8 bilhões? Se pegarmos, por exemplo, o estado de Alagoas. Ele tem a mesma população do DF, 150 equipes, e todo o estado tem o orçamento de R$ 8,5 bilhões. Aqui, só a saúde tem mais. Uma folha de 35 mil servidores está em fase de informatização agora, mas passou a vida inteira sem ser informatizada. Aqui no Hospital de Base, por exemplo, gastamos R$ 500 mil com energia por mês. Temos política de reduzir 10% até o fim do ano. Imagina esse percentual para poder comprar remédio, operar e fazer mais consultas. Agora pegue tudo isso para os 16 hospitais de Brasília, o quanto se gasta com energia elétrica, por exemplo. O que faltava é gestão. E do lado de fora faltava humanizar o atendimento. São duas grandes questões que não envolvem investimentos de grande porte.
A população reclama da ausência de algumas especialidades na rede pública, como ginecologia, otorrinolaringologia. Como resolver essa questão?
As especialidades são um problema nacional dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Há, naturalmente, uma fragilidade. No Distrito Federal, por exemplo, há pouco pediatra. Mas por parte do sistema de saúde temos feito um redesenho dessa rede para suprir em alguns lugares o que chamamos de vazio existencial. Dentro da regulação, que organiza a fila de pacientes que precisam dessas especialidades, nós temos trabalhado para dar essa resposta à população.
Quais os planos do Iges-DF para 2020?
Temos 15 metas para cumprir até 2020. Dentro delas há investimento em hemodiálise, a eficiência energética, a construção de sete UPAs, o investimento na psiquiatria do Hospital de Base. As 15 metas são o farol do instituto até 2020. Temos certeza que pouco a pouco a saúde pública do DF está melhorando. Não podemos parar.