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12/03/2020 às 14:23, atualizado em 12/03/2020 às 19:56
Cearense, Franklin Moreno chegou em Brasília com um ano de idade. Ele dá aulas de graça para 20 crianças e adultos. E deseja que eles cresçam com vontade de fazer amigos, ter acesso a outras culturas, assim como aconteceu com ele, na cidade
[Numeralha titulo_grande=”41″ texto=”dias para os 60 anos de Brasíliacentro
Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade.
“Nasci em Fortaleza, mas moro em Brasília desde quando tinha um ano de idade. Sou apaixonado por Brasília, gosto da cultura, dessa coisa de ter sido uma cidade formada pela mistura de povos, por essa miscigenação do país inteiro. Quando era criança, tinha amigos do Pará, do Sul, de todo o Brasil, aqui. Aí tinha aquela coisa de passar o dia na casa de um colega e aí você almoçava um pato no tucupi na casa de um, um churrasco na casa do outro…
Acho que essa geração que cresceu em Brasília foi criada sem esse xenofobismo, sem o bairrismo característico de tantas cidades. Ter convivido com pessoas de diferentes estados nos ensinou a ser mais tolerantes às diferenças, isso é sensacional. Sem falar na configuração da cidade, na educação, no trânsito apesar de estar um pouco insustentável porque a cidade cresceu muito.
Quero que as crianças cresçam com essa vontade de fazer amigos, ter acesso a outras culturas, outras pessoas, sem discriminar ninguém, todo mundo junto.esquerda
Mas acho que a essência se mantém, principalmente no Plano Piloto. Você consegue escutar pouca buzina, não sofre tanto com os engarrafamentos, tem trânsito em certos horários, mas nem se compara com as regiões administrativas.
O fato de Brasília ter sido formada por gente do Brasil inteiro nos fez crescer tendo contato com diferentes culturas. Veio gente do Rio de Janeiro, da Bahia, de todo lugar e, graças a Deus, trouxeram a capoeira pra cá.
Sou capoeirista há 25 anos. Aprendi a jogar na Escola Classe 206 Sul, em 1994, e estou aqui até hoje. Faço parte de um grupo, que se chama Arte Monumental Capoeira, e dou aulas de graça para adultos e crianças na 206 Sul. Tenho uns 20 alunos.
Vivi tanta coisa boa na capoeira, me acrescentou tanto como pessoa e como esportista, atleta. Aprendi a ter disciplina, vi que as pessoas são iguais, não faz diferença se o cara é rico ou pobre, homem ou mulher. As diferenças ficam do lado de fora, dentro da roda todo mundo é igual.
Inclusive, andei vendo pesquisas que dizem que a primeira roda de capoeira em Brasília aconteceu no bloco A da 206 Sul em 1964. Então, mais uma honra para mim estar aqui passando o que aprendi para os alunos. Quero que as crianças cresçam com essa vontade de fazer amigos, ter acesso a outras culturas, outras pessoas, sem discriminar ninguém, todo mundo junto.”
Franklin Moreno de Queiroz, o Neno, 41 anos, é empresário e mora no Lago Sul