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24/03/2020 às 16:53, atualizado em 24/03/2020 às 16:59
Terreno de 5 mil metros quadrados, na Vila Roriz, era usado, há 10 anos, como “lixeira” pelos moradores que descartavam todos os tipos de objetos, incluindo material orgânico
Uma prática irregular de pelo menos uma década da comunidade do Gama está prestes a acabar. Moradores da Vila Roriz usam uma área de cinco mil metros quadrados para descartar lixo e entulho sem autorização. Mas, depois de se tornar foco de contaminação de dengue, o lixão será eliminado de vez pela Administração Regional da cidade, que já fazia a limpeza quinzenal do local.
O trabalho não está sendo fácil. Na última sexta-feira (21), funcionários da administração, com auxílio de caminhões da Companhia de Urbanização da Nova Capital (Novacap), passaram o dia limpando o terreno e retiraram tudo. Mas, dias depois, no fim de semana, os moradores voltaram a jogar resíduos no terreno, que é uma Área de Preservação Ambiental (APA).
Nesta terça-feira (24), mais uma vez, as máquinas voltaram a limpar o local e fizeram a terraplanagem da área, que vai receber cinco mil metros quadrados de grama, doadas pela Novacap. “A Companhia também vai nos doar mudas de ipês e vamos plantar nesse terreno”, afirma o administrador do Gama, José Elias Silva de Jesus.
Funcionários da administração também cavaram uma vala, de cerca de 50 cm de largura e 80 de profundidade, ao redor da área pública, na tentativa de impedir que as pessoas acessem o local. “É um impedimento para que os carros entrem e descarreguem lixo no local”, conta o administrador.
José Elias conta que a população usa a área para descartar lixo há uns dez anos, mesmo com a existência de um papa-entulho no Gama, que fica logo na entrada da cidade. A cada 15 dias, a administração fazia o transbordo do local e levava os restos de construção para a Unidade de Recebimento de Entulho (URE), que fica no antigo Lixão da Estrutural. Segundo ele, 20 caminhões eram necessários para retirar o lixo a cada 30 dias.
Devido ao aumento de casos de dengue na região, porém, o GDF decidiu eliminar de vez a área de descarte irregular de resíduos. “Certamente esse lixão era um foco”, diz José Elias. “As pessoas jogavam até lixo orgânico, que o SLU recolhe em casa”, completa
Para ele, sem ajuda da população, fica difícil para o governo manter a cidade limpa e combater o mosquito Aedes aegypti. “A comunidade tem que se conscientizar que lixo despejado de forma irregular é sinônimo de doença e a dengue é só uma delas”, afirma.
Morador da Vila Roriz há cerca de 30 anos, o segurança Alexandro Alves Rocha, 40, conta que a área do lixão era um campo de futebol, que acabou sendo inutilizado. “Ele foi sendo esquecido, encheu de mato e foi abandonado”, diz. Segundo ele, as pessoas jogam lixo no local por preguiça e por desinformação.
“Às vezes nem sabem da existência do papa-entulho, eu mesmo não sabia”, diz. Para ele, o terreno público poderia ser usado para o lazer da comunidade. “Não temos para onde levar as crianças. O espaço seria perfeito para construir um campo de futebol sintético”, reivindica.
Também morador da região, o autônomo Daniel Mendes, 35 anos, disse que é cultura da população da Vila Roriz jogar lixo nas ruas do bairro desde o início da ocupação do local.”E hoje cerca de 70% da população do Gama deposita entulho aqui porque ninguém quer ir até o papa-entulho, que fica há uns 5 quilômetros”, diz.
Para ele, o lixão certamente é um foco de dengue e, para reduzir os casos da doença na cidade, é preciso acabar com o descarte irregular no local e desativar de vez o lixão. “O Gama tem uma parte alta e outra mais baixa, onde fica a Vila Roriz. Quando chove a água desce toda pra cá e fica acumulada do meio do lixo”, reclama.