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28/03/2020 às 14:29, atualizado em 28/03/2020 às 14:34
Inicialmente, 40 detentos serão responsáveis pela confecção desses itens, dentro da oficina de costura para qualificação profissional. Secretaria de Saúde verifica qualidade e valida peça – que deve ser vendida, cada, a R$ 0,45
Para ajudar no combate à propagação do coronavírus, causador da Covid-19, detentos em ressocialização produzirão máscaras descartáveis dentro da oficina de profissionalização em costura. Inicialmente, 40 internos da Penitenciária do Distrito Federal I (PDF I) farão 30 mil itens por semana a partir de segunda-feira (30). O material já teve a qualidade aprovada.
A oficina de costura será voltada para a produção dos materiais – apenas adequando-se o uso do maquinário já existente e a expertise de detentos. É um projeto da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap) em parceria com empresas do Sistema S para profissionalizar esse público.
Diretora-executiva da Funap, Deuselita Martins esclarece que já há contrato com uma empresa que trabalha com a costura industrial dentro dos presídios, que se mostrou interessada na fabricação das máscaras. Já há dificuldade em adquirir o material no mercado. Dependendo da demanda, a produção pode se estender à Penitenciária Feminina e ao Centro de Internamento e Reeducação (CIR-Papuda).
Qualidade atestada
“Pegamos um modelo dessa máscara, vimos que há relatório da Anvisa autorizando a confecção e, por precaução, o levamos à Secretaria de Saúde para validar e verificar se ela se compara às do mercado. O material foi aprovado”, conta a secretária de Justiça e Cidadania (Sejus), Marcela Passamani.
“Além de contribuir para a ressocialização do preso, a iniciativa atende a uma demanda de mercado e significa união para benefício de toda a sociedade”, diz a titular da pasta. A ideia é que a Sejus compre, de forma direta, parte da produção semanal para abastecer unidades socioeducativas e terapêuticas.
Outros órgãos e entidades públicos e privados poderão adquirir os itens vendidos abaixo do preço encontrado no mercado. A previsão é que cada máscara seja vendida a R$ 0,45. “É uma oportunidade ímpar de fazer o bem, poder valorizar esse tipo de serviço de qualificação de trabalho que muda perspectiva dos presos – e com critérios de segurança e qualidade atestados”, aponta Passamani.
Cuidados para evitar a chegada do novo coronavírus ao Sistema Penitenciário do Distrito Federal são tomados desde antes do primeiro diagnóstico de Covid-19 na capital. Visitas foram suspensas, novos detentos com sintomas são segregados e a produção das máscaras também será cautelosa.
Qualificação para ressocialização
A Funap trabalha pela inclusão e reintegração social das pessoas presas e egressas do sistema prisional, desenvolvendo seus potenciais como indivíduos, cidadãos e profissionais. A cada três dias trabalhados, os detentos têm um dia de perdão de pena. Eles ainda recebem bolsa ressocialização equivalente a 3/4 de um salário mínimo.
“É um processo importante de forma que dâ perspectiva, esperança, oportunidades e autoestima a essas pessoas, até para evitar casos de reincidência. Nesse momento delicado, esse público acaba se sentindo importante para a sociedade”, observa a titular da Sejus.