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14/05/2020 às 10:16, atualizado em 14/05/2020 às 18:14
Secretarias de Cultura e Educação se unem a instituições como UnB e Iphan para publicar artigos que reflitam a pandemia da Covid-19 na gestão e no cotidiano escolar
As secretarias de Cultura e Economia Criativa (Secec) e da Educação do DF (SEEDF) unem-se à Universidade de Brasília (UnB) e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), entre outros agentes, para produzir a edição de agosto da revista Com Censo: Estudos Educacionais do Distrito Federal (RCC). O desafio é mapear o papel da educação patrimonial durante e depois da pandemia do coronavírus.
A publicação, indexada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) como científica, terá como eixo central do primeiro número do segundo semestre os impactos da pandemia da Covid-19 nas políticas públicas, na gestão e no cotidiano escolar. A revista abrigará ainda um dossiê temático sobre as Jornadas do Patrimônio, evento realizado anualmente pela Secec e pela SEEDF voltado para discutir a educação patrimonial. A ideia é discutir o patrimônio cultural na nova normalidade.
De suas casas, educadores, gestores e pesquisadores levantam hipóteses sobre as questões que desafiam pensadores do século 21. Na chamada aberta ao público – composto por instituições de ensino, de fomento à cultura e de proteção do patrimônio, movimentos culturais, sociedade civil organizada e setor privado –, a revista traz o desafio extra de se adaptar aos formatos das redes sociais.
Entre os subtemas elencados na chamada pública da revista estão a educação como patrimônio, o papel educativo dos espaços da cidade e do campo, a ideia de patrimônio como algo humano e afetivo e as novas perspectivas que se abrem pela pandemia na relação entre patrimônio e educação.
Discussões
A arquiteta e restauradora Daniela Zambam Rodolfo, da Diretoria de Conservação e Restauração da Secec, entende que as conexões das pessoas com o patrimônio, seja ele edificado ou intangível, são extremamente frágeis na ausência da convivência. Mas ela acredita que o período de distanciamento trará mais teoria e conhecimento, por meio da educação patrimonial e, no momento em que for possível o acesso aos espaços e manifestações novamente, o pertencimento aos contextos se tornará ainda mais forte.
Beatriz Couto, analista de Planejamento Urbano e Infraestrutura, também dos quadros da Secec, crê que as Jornadas do Patrimônio, que devem acontecer em ambiente virtual em 2020, e a discussão centralizada pela RCC reforçarão o papel do patrimônio cultural, da memória, da história e das identidades na produção do pertencimento. “São questões estruturais tanto para as reflexões em torno de mudanças de paradigma, quanto para nos ajudar a prosseguir de forma mais coerente, consciente e afetiva na relação com o nosso lugar no mundo”, diz ela.
Vanessa Nascimento Freitas, professora de Artes Visuais da SEEDF e da equipe responsável pela política de educação patrimonial da pasta, afirma que as Jornadas do Patrimônio “sempre estiveram alinhadas às problemáticas de seu tempo e, na edição de 2020, não poderia ser diferente”.
Segundo ela, o isolamento social permite uma reflexão sobre a nossa presença no mundo – seja ela física, emocional ou espiritual. Ela aposta que, ao voltar para o convívio social, as pessoas poderão ter um olhar renovado para observar seus espaços, criando oportunidades para se reapropriar de lugares esquecidos ou antes invisíveis e possibilitar a construção de novas relações com o patrimônio material e imaterial de onde habitam.
Vanessa valoriza as atividades on-line desenvolvidas durante a pandemia nos museus e em outros equipamentos. “Esses canais de comunicação procuram recriar experiências e reflexões valiosas para os visitantes em isolamento”.
Pertencimento e apropriação são frutos de sensações e emoções, portanto, temos o desafio de trabalhar e reviver essas relações, mesmo a distânciaAna Paula Paixão, arquiteta e urbanista mineiraesquerda
De Minas, Ana Paula Paixão, arquiteta e urbanista da Secretaria de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, especialista em conservação e restauro de bens imóveis diz que a “sensação de privação de liberdade e de fruição da cidade, causada pelas medidas de isolamento social, nos faz refletir sobre a interligação entre os lugares e os sentidos humanos, entre o estar e o sentir”, o que ressalta a importância da educação patrimonial ao fim da pandemia.
Ela acredita nas redes sociais como saída onde é possível “estar junto sem estar no mesmo lugar”. Pontua, contudo, que outros sentidos são igualmente importantes. “Os espaços patrimoniais são, sobretudo, espaços sensoriais, capazes de teletransportar as pessoas para outros tempos”, frisa.
Alessandra Lucena Bittencourt, pedagoga e analista de Atividades Culturais da Secec, acredita que “o isolamento social proporciona um forçado contato intimista consigo e com o núcleo familiar restrito, onde a identificação com o patrimônio cultural pode se tornar uma ponte para a expansão da afetividade. Seja em sintonia com as referências reconhecidas dentro da família ou enquanto cidadão, o patrimônio nos aproxima”.
A gestora defende que “as referências culturais criam diálogos educativos que superam o alcance das matérias fragmentadas que chegam pelas redes sociais e constituem um campo fértil para o desenvolvimento de diversas competências, além de contribuir para o respeito à diversidade sociocultural”.
Serviço
Veja aqui o link para a chamada aberta para a Edição RCC#22 v. 7 n. 3 (agosto 2020) da revista Com Censo.
* Com informações da Secec