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16/05/2020 às 09:14
Meta é o manejo e monitoramento para proteger a espécie e a população
Um estudo inédito no Brasil será conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) para analisar o modo de vida das capivaras e as repercussões de sua presença, maior a cada ano, ao longo do perímetro do Lago Paranoá. O projeto Capivaras – Identificação e Monitoramento da População de Capivaras no Lago Paranoá será realizado em parceria com estudiosos da espécie e de instituições como a Embrapa, a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Católica de Brasília (UCB). O prazo de execução é de doze meses.
Para o secretário de Meio Ambiente, Sarney Filho, é importante destacar a preocupação da pasta em proteger a fauna silvestre, mas, também, proteger os seres humanos. “Para isso, estabelecemos critérios objetivos para identificar se a ocorrência de capivaras nos 80 km da Orla pode ser nociva ou não, já que ela vive tão perto das pessoas”, afirma.
“É um projeto proativo e não reativo. Enxergar a existência de um grande mamífero próximo de ambiente urbano é uma situação que deve ser estudada e monitorada. Com isso, poderemos construir uma inteligência que minimize conflitos e maximize benefícios”, explica a bióloga e professora e doutora em Ecologia, pela UnB, Helga Correa Wiederhecker, coordenadora-geral do projeto.
A especialista, que leciona na Universidade Católica, avalia que a oportunidade de contemplar os hábitos da capivara já é um serviço ambiental prestado pela espécie. “Traz bem-estar para a população”, acrescenta. De acordo com ela, apesar de a capivara ser hospedeira do carrapato estrela (que pode transmitir a febre maculosa), não há casos da doença registrados no DF. “É por isso que queremos identificar formas da capivara conviver com o homem, e vice-versa, com segurança. Respeitando-se o seu manejo e a nossa biodiversidade”, diz.
De acordo com o pesquisador aposentado da Embrapa, José Roberto de Alencar Moreira, agrônomo com doutorado em Ecologia pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, os objetivos da pesquisa a tornam inédita também quando se fala nas Américas Latina e Central, onde a espécie ocorre. Ele é responsável por orientar as atividades de campo, coleta e análise de dados biológicos.
José Roberto explica que estados como São Paulo e Minas Gerais já desenvolveram estudos sobre a capivara, mas não com o mesmo enfoque. “Queremos identificar benefícios e problemas advindos da relação da capivara com o homem. É uma abordagem diferente que busca resultados globais e amplos”, diz.
De acordo com ele, nos Estados Unidos as capivaras são tidas como animais de estimação. Outro exemplo vem do Japão, em que elas são admiradas. “A capivara poderia ser tratada como um símbolo de Brasília”, sugere.
O professor acrescenta que a pesquisa vai definir se a população realmente vem aumentando e onde ocorre com mais frequência. Mas lembra que as capivaras habitam a região do DF desde antes da construção de Brasília. “Aqui, elas encontram o ambiente de que mais gostam, plano, aquático e com abundância de alimentos como capim e palmeiras”, exemplifica.
Preocupação
A coordenadora do projeto na Sema, Suzzie Valladares, afirma que a pasta responde a demandas da própria população do Distrito Federal, que vem demonstrando preocupação com a presença, cada vez maior, das capivaras no Lago. “A iniciativa busca a preservação ambiental mas tem foco também na saúde pública, evitando ações extremas como a castração ou os assassinatos dos mamíferos pela população, como já aconteceu em alguns lugares”.
O projeto possui dez metas: estimar o tamanho e variação da população na Orla do Lago; identificar locais preferenciais de ocorrência de grupos de capivara, associando com o tipo de uso e cobertura do solo; identificar se há migração de grupos para outras regiões; identificar áreas com maior ocorrência de carrapato e verificar a necessidade de um manejo de vetores; produzir um marco de zoonoses do trato intestinal para a espécie de capivara, identificando o risco e permitindo o plano de monitoramento da espécie.
A pesquisa destaca ainda identificar níveis de estresse populacional e adequação dos níveis populacionais do ponto de vista da ecologia da espécie; produzir um marco de zoonoses para febre maculosa, leptospirose e tripanossomíase, identificando o risco e permitindo o plano de monitoramento da espécie; produzir sumário e as ações de manejo necessárias em cada caso; e desenvolver programa de educação ambiental .
Metodologia
*Com informações da Secretaria do Meio Ambiente