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22/05/2020 às 10:29
No Dia do Apicultor, reforça-se o papel da polinização no aumento da qualidade, tamanho e amadurecimento de hortas, pomares e lavouras
Instituído nacionalmente como data a ser comemorada em 22 de maio, o Dia do Apicultor traz à tona a conscientização sobre o papel fundamental das abelhas na cadeia alimentar. No Distrito Federal, 80 apicultores cadastrados na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) produziram, em 2019, 13,8 toneladas de mel, além de outros derivados como o própolis, cera e pólen.
[Numeralha titulo_grande=”13,8 mil toneladas” texto=”Quantidade de mel produzida, em 2019, por apicultores do DFcentro
Aliada às práticas agrícolas, a apicultura gera benefícios para todos os envolvidos. Enquanto as abelhas conseguem o néctar e o pólen necessários para se alimentar e produzir mel, a agricultura se beneficia da polinização, que amplia sua produtividade e garante frutos com mais qualidade e, consequentemente, maior valor de mercado.
Produção
Segundo o extensionista rural da Emater Carlos Morais, as abelhas com ferrão possuem enxames de 70 mil a 90 mil indivíduos, em média, e produzem de 30 kg a 40 kg de mel por caixa, anualmente, em apiários fixos.
[Numeralha titulo_grande=”90 mil” texto=”Número de abelhas de ferrão que podem compor um enxamecentro
Há apicultores de enxames itinerantes que, em busca de índices maiores de produtividade, transportam as abelhas em caminhões para áreas com floradas variadas, em diferentes épocas do ano. Dessa forma, conseguem obter de 80 kg a 100 kg de mel por ano, por colmeia.
“São criadores de enxames itinerantes que alugam os serviços de polinização das abelhas para os produtores de frutas cítricas, melões, maçãs, peras, café, hortaliças e algodão, por exemplo”, explica o extensionista. “Essa prática é mais comum em locais com grandes áreas de cultivo, como em São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais e um pouco no Paraná”.
A apicultura
Antes de começar a criar abelhas, lembra Carlos Morais, é preciso definir toda a estratégia de trabalho, identificar os objetivos da atividade e, a partir daí, fazer um planejamento. Também é importante conhecer o inseto.
[Numeralha titulo_grande=”300 metros” texto=”Distância mínima que um espaço de apicultura deve manter de residências e estradasdireita
O produtor, que não pode ser alérgico ao veneno das abelhas, deve montar o espaço de cultura a uma distância de 300 metros a 500 metros de residências, de locais com animais domésticos e de estradas.
“Buscar toda e qualquer informação é fundamental”, resume o extensionista rural, que sugere livros, pesquisas científicas e páginas da internet. A Emater pode contribuir com a assistência técnica e no contato com os demais produtores da região. “Essas visitas vão ajudar a sanar dezenas de dúvidas para o iniciante na atividade”, explica.
Mel e própolis
De acordo com Carlos Morais, o mel produzido no DF tem como vantagem em relação aos das outras regiões o teor menor de umidade. O preço médio do quilo do produto é de R$ 45, e, nesse período de pandemia, o própolis também tem sido muito procurado.
Morais explica que as abelhas produzem própolis para sua defesa e proteção de crias, a partir de resinas e seivas das plantas. “Aqui no Cerrado, elas utilizam principalmente o alecrim-do-campo e produzem o melhor própolis do país – o própolis verde” detalha. “Criadores em outras regiões estão cultivando essa planta especialmente para a produção de própolis”.
“O mel e seus derivados fazem parte de uma extensa cadeia produtiva” Carlos Morais, extensionista rural da Emater-DFCarlos Morais, extensionista rural da Emater-DFesquerda
Além dos produtos provenientes das abelhas, a apicultura gera emprego na fabricação de caixas, vestimentas, utensílios para o manejo na criação, bem como equipamentos industriais para processamento, embalagem, transporte e comercialização dos mais variados itens. “O mel e seus derivados fazem parte de uma extensa cadeia produtiva”, pontua o técnico. “Os produtos são utilizados para alimentação, estética, para fabricação de medicamentos, entre outros”.
Espécies sem ferrão
Uma alternativa à abelha melífera são as abelhas nativas sem ferrão, as meliponíneas. A espécie é conhecida por ser polinizadora mais eficiente do que a exótica Apis mellifera (que tem ferrão) para grande parte das plantas cultivadas.
Na região do Lago Norte, um grupo de produtores vem investindo na criação de abelhas indígenas sem ferrão como alternativa de atividade produtiva aliada à preservação ambiental. As abelhas jataí (Tetragonisca angustula) polinizam até 90% das árvores e flores nativas da região e produzem um mel de maior valor agregado que o de abelhas com ferrão.
Além de a abelha indígena ter maior potencial como agente polinizador das flores que não são trabalhadas pela espécie com ferrão, ela não é agressiva, o que facilita seu manejo. A jataí produz um mel com maior umidade, menos denso, com sabor e aroma diferentes.
A produtividade anual das abelhas jataí é de 0,5 kg a 1,5 kg de mel por caixa, quantidade baixa se comparada à produção da espécie com ferrão. Entretanto, enquanto o quilo do mel da abelha com ferrão custa em média R$ 45, a mesma quantidade do produto das abelhas nativas varia de R$ 60 a R$ 120.
A importância das abelhas, contudo, vai além da produção de mel. “A criação das abelhas é apenas a ‘cereja do bolo’”, atenta Carlos. “Ela está associada também à preservação ambiental e à produção de frutas no Cerrado, já que as abelhas têm importante papel na fruticultura”.
Trabalho premiado
Com auxílio do escritório da Emater do Paranoá, um projeto sobre criação de abelhas sem ferrão, nascido de uma roda de contação de histórias na área externa do Centro de Educação Infantil Tia Nair, Unidade I, foi premiado pela Regional de Ensino da cidade.
Quando a atividade começou, as abelhas que passavam pelo local chamaram atenção das crianças. Foi então que uma enxurrada de perguntas dos alunos terminou com a escola sendo campeã do projeto pedagógico de 2019 na região.
Sem conseguir responder aos questionamentos das crianças com faixa etária de 4 anos, as professoras tiveram a ideia de buscar auxílio especializado. Carlos Morais, que atua no escritório da empresa na região, de pronto encarou o desafio. Além de orientar as professoras sobre todas as questões a esse respeito, foi à escola, ensinou as crianças a confeccionar iscas com garrafa pet, papel plástico e cera de abelha, com intuito de começar a fazer uma colmeia.
“Foi na Emater que aprendemos mais sobre as abelhas”, conta a professora Jaqueline Oliveira. “Até então, só sabíamos que as abelhas produzem mel. Aprendemos ainda a diferenciação entre as abelhas que picam e as que não picam”.
Com todo esse trabalho desenvolvido, as professoras investiram na proposta das crianças dentro do projeto pedagógico da regional de ensino com o tema da meliponicultura, que é a criação de abelhas sem ferrão. O trabalho foi um dos escolhidos para exposição no Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) do Paranoá, concorrendo com todas as escolas das áreas rurais e urbanas da região.
* Com informações da Emater-DF