31/05/2020 às 10:02, atualizado em 31/05/2020 às 11:58

Dá gosto de ver a nova Vicente Pires

Em quatro reportagens, a Agência Brasília mostra a face revigorada da RA, com R$ 542 milhões de investimento e 70% de obras concluídas. No lugar da lama e da terra o que se vê é urbanização

Por Ary Filgueira, da Agência Brasília | Edição: Freddy Charlson

Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Dono de panificadora, Elder Nunes de Sousa sofreu com a falta de pavi mentação, mas, agora, comemoraaté o aumento de faturamento. Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Quem também sofreu com a demora da pavimentação das ruas de Vicente Pires foi o dono da padaria Colônia Pães & Conveniência, Elder Nunes de Sousa, 36 anos. Mas, assim como a história de Anchieta, a dele também caminha para um final feliz. Há três anos instalada na Rua 4, ele pegou as obras do início.

Por causa da queda no faturamento devido à demora dos serviços de pavimentação, Elder teve de demitir funcionários, mas garante nunca ter pensado em fechar seu comércio. O cenário mudou a partir de partir de dezembro, com a chegada do asfalto. “Até soltei fogos de artifício. Meu faturamento aumentou, contratei mais uma funcionária. Só tem melhorado. Só tenho a agradecer”, diz.

Pavimentação

Chegar a essa marca histórica de 70% de conclusão das obras de pavimentação de Vicente Pires não foi tarefa fácil principalmente para uma cidade antes esquecida e alvo de toda sorte de erros equívocos. O primeiro desafio do atual governador e sua equipe foi vencer as barreiras acumuladas a cada ano de atraso dos serviços.

Com os contratos entre empreiteiras e governo celebrados na gestão anterior, o governador Ibaneis Rocha usou sua habilidade de advogado para destravar na Justiça o orçamento engessado que herdou e conseguir novos recursos para equalizar a dívida com as empresas. Naquela ocasião, duas das 11 empreiteiras já haviam abandonado as obras devido à falta de pagamento.

Fato que o administrador de Vicente Pires, Daniel de Castro Sousa, lembra muito bem. “Quando assumimos aqui, recebemos a cidade com uma crise enorme estabelecida. Tinha pagamento de contrato atrasado com as empresas”, conta.

De janeiro a maio, de acordo com ele, foram feitos os paliativos com pessoal próprio para que as obras não parassem. “É que as empresas pediam recursos aditivos, mas não dava para atendê-las porque os contratos já haviam sido aditivados antes mesmo de um ano de vigência, quando costumam sair os recursos adicionais. Então, o governo teve de desamarrar esses nós”, conta Daniel.

Depois de resolvida a questão burocrática, o GDF decidiu voltar ainda mais as suas atenções para Vicente Pires. Em 6 de maio do ano passado, foi montado o Gabinete de Gestão de Crise – que depois passou a se chamar de Gabinete de Gestão Integrada.

O grupo era composto por 18 secretarias, entre as quais, a de Obras, e estatais, como Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Departamento de Trânsito (Detran), Caesb e Terracap. “Chegamos a ter 150 máquinas e 300 homens trabalhando aqui em Vicente Pires”, recorda o administrador.

Ao sair a campo, os técnicos descobriram uma realidade diferente daquela de 2013 e sobre a qual foi planejado o projeto de urbanização que seria executado em Vicente Pires naquela ocasião.

Lagoas

Com a expansão desordenada, os locais onde seriam construídas as 23 lagoas (nome técnico das bacias, que servem para amortecer a água captada das ruas e depois lança-a no córrego) estavam ocupados por moradias. Os moradores se recusavam a sair. “É muito complicado você implantar obras de infraestrutura num setor habitacional já habitado”, disse o subsecretário da Subsecretaria de Obras, Ricardo Terenzi.

Foi preciso a intervenção de órgãos fiscalizadores e cumpridores da lei para que as localidades retornassem às suas destinações de origem. “Essa questão se arrastava desde o governo passado, sendo resolvida nesta gestão”, afirma Terenzi.

Vicente Pires tem 11 ruas e também abrange a Colônia Agrícola Samambaia, o Jockey Clube e mais a Vila São José, construída de moradias mais modestas. Essas localidades estão contempladas em 11 lotes, como foi dividido o serviço entre empresas vencedoras de licitação.

O grupo assumiu os serviços em maio de 2019, quando havia apenas 40% das obras prontas. Em apenas um ano, o governo atual quase dobrou o percentual de obras acabadas, chegando a 72%. Por causa do sucesso na celeridade, a previsão para o término total não poderia ser mais otimista: até o final deste ano o GDF esperar ter pavimentado todas as ruas da cidade.