22/06/2020 às 15:25

FAC patrocina livro com textos de escritores cegos

Por meio do Fundo de Apoio à Cultura, publicações de poemas, contos e crônicas de deficientes visuais estarão disponíveis em bibliotecas

Por Hédio Ferreira Júnior, da Agência Brasília | Edição: Chico Neto

Uma ação inclusiva, financiada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) do Governo do Distrito Federal (GDF), vai dar a escritores cegos ou com baixa visão a oportunidade de transformarem parte de suas obras em livro. Uma coletânea de poesias, crônicas e contos curtos está sendo preparada, levando a quem enxerga a arte de quem escreve, mas não vê.

Coordenado pelo agente literário Andrey do Amaral, o projeto Mostra de Literatura está em fase de chamamento dos escritores e acolhimento dos textos. Os interessados têm até 20 de julho para enviar seus trabalhos, no limite de cinco laudas, para o endereço de e-mail mostradeliteratura@gmail.com ou para a Caixa Postal 2188, CEP 70343-970, Brasília, DF.

Pelo menos dez artistas farão parte da curadoria e análise dos trabalhos recebidos. Ao ser selecionado, o escritor não pagará nada pela publicação e poderá receber o suporte de alguns autores renomados que compõem o conselho editorial de arte do projeto.

Oportunidade 

O professor e jornalista cearense Antônio Leitão, 61 anos, é cego de nascença. Começou a estudar aos 12 anos e, ainda adolescente, mudou-se para Brasília. Autor de Pérolas do Leitão, que apresenta reflexões sobre o cotidiano, ele atualmente prepara seu segundo livro.

Ele escreve os textos no celular – com suporte de um programa de voz – e os envia por SMS. Experiente, elogia a proposta do projeto financiado pelo FAC que abrirá espaço no mercado editorial. “O preconceito contra o artista cego é grande, daí a importância de uma oportunidade como essa no apoio a escritores ainda marginalizados”, comemora. 

 “É muito legal e importante que o FAC apoie projetos como esse, porque é o fundo voltado a propostas de diversas áreas da cultura”, pontua o subsecretário de Fomento e Incentivo Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), João Moro.  Ele lembra que o edital do FAC recomenda a inscrição de projetos inclusivos e de acessibilidade.

Impressos e e-books

O compilado de textos estará publicado em um livro nos formatos impresso e digital. No primeiro caso, será distribuído às bibliotecas públicas e comunitárias do DF e a espaços da Secec. No segundo, em formato e-book, ficará disponível em grandes livrarias eletrônicas do país, com download gratuito. Nesse formato, contará também com a versão em áudio, para deficientes visuais. Não está prevista a produção em braile.

A Mostra de Literatura é um projeto que está na oitava edição. Neste ano, entrou no edital Ocupação, da Secec, que tem o propósito de dar a artistas e curadores a oportunidade de ocupar espaços públicos da cidade subutilizados –  como a Biblioteca Braile Dorina Nowill, de Taguatinga.

Os cursos do projeto, orçado em R$ 50 mil, preveem o pagamento de diversos profissionais, de contador a revisor, fomentando o mercado cultural e gerando empregos, principalmente nesse momento de crise. “É uma pauta do Governo do Distrito Federal na geração de renda e enfrentamento ao desemprego”, destaca Andrey do Amaral.