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04/07/2020 às 10:12, atualizado em 04/07/2020 às 12:02
Reportagem da Agência Brasília mostra alguns dos inúmeros trabalhos que os servidores do governo executam, às vezes madrugada adentro
Na quinta-feira (25/6) eles se concentraram na marcação da tesourinha da 103/104 Sul. No dia seguinte, depois de passar por uma reforma geral, o conjunto de retornos acabaria liberado para o trânsito pelo governador Ibaneis Rocha, entusiasta do serviço público.
Com o apoio de um grupo de dez funcionários e dois caminhões, cada um equipado com um tipo de tinta, os servidores precisaram de quatro horas para deixar o trecho entre a 103-104/203-204 Sul sinalizado com faixas contínuas e pontilhadas, além da faixa de contenção para o fluxo que passa pelas alças da tesourinha.
Com um olhar no trabalho e outro na entrevista, Roberto confessou o amor que sente pela função que desempenha no Detran-DF, e enfatiza a importância do serviço. “O trabalho é gratificante porque você dá uma dimensão, uma segurança muito grande para o trânsito. Brasília é uma das melhores cidades do país em sinalização”, elogia o gestor.
De segunda a sábado, geralmente após as 19h, caminhões-pipa do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) percorrem hospitais e unidades de pronto-atendimento (UPAs) no DF. O objetivo principal é a lavagem, com vistas à desinfecção, das áreas ao redor.
O que pouca gente sabia é que o produto lançado no chão desses espaços públicos é capaz de eliminar todo tipo de bactérias, fungos e vírus, como o novo coronavírus, causador da Covid-19. Apesar de letal para os micro-organismos, a substância não afeta o ser humano e tem cheiro agradável. “Lembra muito eucalipto. O cheiro é bom”, compara Milton Barbosa dos Santos, motorista da Valor Ambiental, uma das corporações parceiras do GDF na prestação dos serviços.
As equipes do SLU empregadas na sanitização dessas áreas coletivas também são divididas em regiões. A reportagem acompanhou o trabalho do grupo de trabalho capitaneada por Milton no Hospital de Base.
O foco, porém, continua a ser o enfrentamento ao coronavírus, mas os grupos são orientados a não afrouxar a fiscalização de infrações relacionadas a outras questões. As equipes do DF Legal estão por todas as partes.
Na terça-feira (23/6), um grupo liderado pelo chefe do DF Legal, Gutemberg Tosatte, participou da operação Vita Salutem (Proteção de Vidas), coordenada pela Secretaria de Segurança Pública contra o tráfico de drogas na Estrutural. A equipe de Gutemberg percorreu as ruas da cidade e vistoriou o comércio a fim de impor o cumprimento das medidas contra a pandemia.
A ação começou por volta das 21h daquela terça e durou até o início da madrugada da quarta-feira. Diferentemente dos primeiros trabalhos, mais focados em orientar comerciantes, os fiscais do DF Legal determinaram o fechamento de 11 estabelecimentos que insistiram em descumprir o horário de funcionamento, mantendo-se abertos após as 21h.
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Outros comerciantes não possuíam alvará de funcionamento e também tiveram suas atividades encerradas. Um exemplo é o churrasco na Quadra 4 da Estrutural. Apesar de não servir comida no local, o proprietário mantinha a churrasqueira acesa na frente de sua loja, dando origem à aglomeração de pessoas.
Um dos clientes dele é Denis Marinho, de 34 anos. Além de estar fora de casa sem necessidade, desrespeitando as orientações de distanciamento social, ele estava sem máscara protetiva e acabou por ser repreendido pela fiscalização. Mesmo contrariado por não poder comer o espetinho de carne, ele concordou com a ação. “A máscara incomoda, mas é importante para a minha integridade”, admitiu.
Desde que foram inaugurados, em abril, alojamentos provisórios instalados no Autódromo de Brasília e no Estádio Maria de Lourdes Abadia (Abadião), em Ceilândia, não param de receber novos moradores. As duas casas abrigam cerca de 300 pessoas em situação de rua e está de portas abertas 24 horas por dia, para receber mais cidadãos carentes.
Na noite de quinta-feira (25), o Alojamento do Autódromo acolheu mais 11 pessoas que vivem nas ruas. De várias partes do Distrito Federal, esses homens terão agora três tipos de refeição, diariamente, e um quarto com cama e cobertor para se abrigarem e protegerem do frio típico do Cerrado nesta época do ano.
Situado na QNM 36/38 de Taguatinga, o abrigo tenta reproduzir as instalações de uma casa, com quarto mobiliado de cama e guarda-roupa, além de cozinha e sala. “A intenção é dar aos jovens a sensação de famílias que muitos não tiveram”, explica a coordenadora da unidade de acolhimento, Flávia da Guia.
Além de apreender a desempenhar tarefas de casa, como ajudar a conservar o local limpo e a fazer sua própria refeição, os adolescentes recebem tarefas pedagógicas e lúdicas praticamente o dia inteiro. “Aqui promovemos jogos e dinâmica de grupos. Estimulamos a arte, como pintura”, exemplifica a gerente da Unac de Ceilândia, Dione Marly Barbosa.
As lições pedagógicas são dadas pela educadora Cristiane Shimabuko. Pedagoga, ela é a responsável por preparar os jovens da Unac para o mercado de trabalho, por meio de programas do Governo do Distrito Federal como o Jovem Candango, da Secretaria da Juventude.
As lições são ministradas à noite. João Victor da Silva Prado Santos, 17 anos, tinha uma entrevista no dia seguinte e pegava umas dicas sobre como proceder durante a sabatina. Cada ato seu era corrigido por Shimabuko. “Se fizer assim, pode ser reprovado amanhã”, alertava a orientadora.
Vindo de Formosa, o jovem chegou a Brasília sozinho e chegou a morar na rua. Hoje, pensa em voltar a estudar e arrumar um emprego para se sustentar quando sair da casa onde vive com outros jovens na mesma situação. “Aqui temos tudo: comida, casa e dignidade. Algo que não tinha nem na minha família”, lamenta o jovem.
Já passava das 21h de quinta-feira (25/6) e a casa ainda estava com as luzes acesas. Naquele dia, o abrigo receberia mais um morador. Trata-se de um jovem retirado do convívio dos antigos tutores porque era submetido a situação análoga à escravidão. Agora, com o projeto do GDF, ele terá um lar humanizado onde terá condições de estudar. Em outras palavras, poderá sonhar com um futuro melhor.