22/07/2020 às 12:32

Em meio à pandemia, o sucesso de transplantes renais

Hospital de Base realizou sete deles desde março; três, em julho. Duas receptoras receberam o órgão do mesmo doador

Por Agência Brasília * | Edição: Renato Ferraz

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, o Hospital de Base realizou sete transplantes de rim desde março, sendo três deles apenas em julho. Duas mulheres receberam os órgãos de um mesmo doador e passaram a ser chamadas de “irmãs de rim”. Dividindo a mesma enfermaria, elas prometeram levar a relação para a vida.

As novas irmãs são Ana Carolina Silva Soares, 37 anos, que mora em Sobradinho, Distrito Federal, e Françoise Silva, 34 anos, residente em Catalão, Goiás. Apesar de nunca terem se visto antes, elas viveram o mesmo drama de ter que aguardar na fila por um transplante renal.

Fotos: Iges-DF/Divulgação

Para ela, a notícia de que o transplante tinha sido liberado foi um milagre. “Desde o momento dessa ligação, Deus encaminhou tudo. Minha esperança agora é ter uma vida normal. Enquanto a gente está na hemodiálise, não vive. São três vezes por semana no hospital. Não pode sair. Não pode viajar. Agora, eu quero aproveitar a minha vida”, contou, ao dizer estar feliz por dividir o mesmo quarto com Ana.

Neste mês, Bruna Lorena da Silva, 25 anos, também foi contemplada com um rim novo. O problema renal começou aos oito anos e até os 15 anos fez tratamento para não perder o órgão, mas sem sucesso. Ela conseguiu o primeiro transplante aos 16 anos, ficou com o órgão quatro anos e depois teve rejeição.

“Quando recebi a ligação dizendo que fui novamente contemplada pela segunda vez fiquei sem acreditar. Não imaginei receber um órgão em meio à pandemia. Só na hora da cirurgia que a minha ficha caiu. Agora, vai mudar tudo. Não vou precisar ficar presa às máquinas. Agora, tenho novos planos. Meus planos são casar, morar na casa que comprei, trabalhar e viver minha vida normalmente”, finalizou a jovem.

O Hospital de Base, que é gerido pelo Instituto de Saúde do DF (Iges-DF), faz transplante de rins desde 1982. “Estamos nos esforçando para não parar. O transplante muda a vida dos nossos pacientes, melhora a qualidade de vida e a sobrevida. Também evita que saiam de casa para fazer hemodiálise”, ressaltou a médica nefrologista do HB Viviane Brandão.

A profissional explicou que a Central de Transplantes do DF, gerida pela Secretaria de Saúde, faz uma triagem detalhada dos possíveis doadores para captar órgãos em bom estado e encaminhar para o HB, que faz a cirurgia. 

Os rins podem ser de doadores vivos ou que perderam a vida. “São feitos muitos exames. E agora, com a Covid-19, os pacientes passam por mais ainda, além tomografia de tórax, e ainda o deixamos isolados para que não se contaminem”, detalhou. 

“O Iges-DF tem ofertado todo o suporte para que essas cirurgias sejam realizadas. Mesmo diante do cenário de pandemia”, lembra o diretor-presidente do Iges-DF, Sergio Costa.


Como doar
Há dois tipos de doadores. O primeiro é o vivo, que concorda com a doação de um dos seus rins ou parte do fígado, da medula óssea e parte do pulmão. 

Nesses casos, geralmente, são parentes ou familiares que têm órgãos compatíveis com a pessoa que precisa receber. No caso da medula óssea, interessados podem se cadastrar na Fundação Hemocentro de Brasília para ser um candidato à doação.

O segundo tipo é o doador falecido, um paciente com diagnóstico de morte encefálica ou morte por parada cardíaca, com doação autorizada pela família.

Para ser doador, nos casos em que há morte, basta informar à família dessa vontade: somente familiares podem autorizar após o diagnóstico de morte encefálica ou parada cardíaca. No caso de morte encefálica, cada doador pode salvar até oito vidas.


* Com informações do Iges-DF