27/07/2020 às 15:53, atualizado em 27/07/2020 às 16:36

Coleta seletiva é retomada com segurança e responsabilidade

Trabalhadores de cooperativas ainda dependem dos moradores fazerem sua parte na separação e descarte correto dos resíduos

Por Agência Brasília* | Edição: Freddy Charlson

A rotina de trabalho na Cooperativa Recicle a Vida, em Taguatinga, mudou. Depois de três meses de operação suspensa por causa da pandemia de Covid-19, os trabalhadores tiveram que se readaptar para fazer a coleta e separação dos resíduos com segurança. Isso inclui rodízio de equipes nas esteiras de triagem, quarentena de resíduos, aferição de temperatura na entrada, uso de máscaras, higienização constante das mãos nos galpões e distanciamento físico.

“No início, ficamos um pouco perdidos, mas rapidamente nos adequamos às exigências e hoje tudo flui bem aqui no galpão”, explica Cláudia Maria Alves, uma das trabalhadoras da cooperativa. Ela explica que até agora, pouco mais de um mês depois da volta ao trabalho, nenhum funcionário da cooperativa teve diagnóstico de Covid-19.

Até o momento, 20 regiões administrativas do DF já voltaram a ter a prestação do serviço de coleta seletiva (em algumas a retomada ainda foi parcial, como no Plano Piloto). Desse total, 15 são áreas atendidas por cooperativas e outras cinco são atendidas pela empresa Valor Ambiental (as demais empresas estão com plano de retomada em avaliação). Para voltar ao trabalho, cooperativas e empresas precisam aprovar um plano de segurança e prevenção de riscos junto à Subsecretaria de Vigilância em Saúde e ao Serviço de Limpeza Urbana (SLU).

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Mas a volta ao trabalho ainda é gradual. Isso porque durante a suspensão das atividades, os moradores do DF foram orientados a descartar resíduos recicláveis e orgânicos no mesmo dia da coleta convencional. Agora, com a retomada, a orientação é depositar os resíduos orgânicos e recicláveis no dia certo, de acordo com o calendário de coleta do SLU. Mas muitos moradores ainda não voltaram a fazer a separação como antes.

De acordo com Maria Eneide Pereira, cooperada da Recicle a Vida, a quantidade de resíduos recicláveis coletados está aumentando aos poucos. “Hoje já conseguimos coletar mais do que no início dessa retomada, mas ainda estamos com metade do que a gente costumava fazer antes da paralisação. A gente tinha uma média de 300 toneladas de resíduos coletados por mês, atualmente estamos com uma média de 150 toneladas”, explica.

Mobilização

Para mobilizar e alertar moradores sobre essa retomada, a cooperativa faz diversas ações. Carro de som com aviso nas ruas, mensagens de WhatsApp e até ligações. “Temos uma boa relação com os moradores das quadras onde a gente atende em Samambaia. Então estamos fazendo o possível para que eles voltem a separar os resíduos e descartem no dia certo, quando passam nossos caminhões”, explicou Eneide.

Já na região do Cruzeiro Velho, a presidente da cooperativa Vencendo Obstáculos, Lúcia Fernandes, avalia que a retomada já voltou quase na totalidade. “Sempre tivemos muito o apoio dos moradores da região e até o momento não percebemos diferença na quantidade de materiais coletados, graças a Deus”, declarou.

Se depender do policial aposentado Sidney Cardoso, não vai faltar material para a cooperativa. Morador do Cruzeiro Velho há 40 anos, ele diz que faz questão de contribuir. “A gente sabe que os trabalhadores precisam desse material para tirar seu sustento. É um gesto simples, uma questão de hábito. Sentimos falta da coleta quando foi suspensa. Eu faço questão de participar”, afirmou.

A equipe da cooperativa Vencendo Obstáculos também precisou se readaptar para a volta ao trabalho. “Hoje, só temos quatro trabalhadores nas esteiras de triagem, por exemplo. Os demais estão afastados pois são de grupo de risco”, explicou a presidente. “Mas temos nos dedicado muito, nos esforçado para garantir que o serviço  continue e nossos trabalhadores tenham sua renda garantida”, garantiu.

É da coleta seletiva que centenas de trabalhadores tiram seu sustento no DF. Maria Eneida conta que trabalha como catadora há, pelo menos, 25 anos. A maior parte desse tempo foi no antigo lixão da Estrutural. Hoje, trabalhando como cooperada, ela tem orgulho do que faz. Sabe que seu trabalho, além de levar dinheiro para casa, ajuda o meio ambiente.

“O que eu separo para reciclar deixa de ir para o aterro sanitário. É um trabalho importante. Meu filho começou a trabalhar como cooperado também e o sonho dele é fazer uma faculdade. Tenho certeza que, com a renda que ele tira daqui, vai conseguir se formar. Se mais pessoas fizessem a coleta seletiva, mais famílias poderiam ter uma renda com a reciclagem. Tenho fé que cada vez mais pessoas entendam a importância desse trabalho e façam sua parte”, disse.

*Com informações do SLU