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04/08/2020 às 21:10, atualizado em 05/08/2020 às 18:04
Além de não haver fabricação do soro antiofídico para a peçonha no Brasil, espécie não segue os critérios do Plano de População da instituição
A Fundação Jardim Zoológico de Brasília (FJZB) possui a concepção de zoológico moderno, onde as espécies mantidas nele atendem a propósitos de conservação, pesquisa e educação com bem-estar e planejamento com base científica. Para atingir esse objetivo, há o Plano de População do Zoológico de Brasília, documento que prioriza espécies que são nativas do cerrado; que apresentam algum fator de conservação; e que têm potencial para educação ambiental. Além desses critérios, são levados em consideração fatores relacionados a infraestrutura e a segurança, sobretudo em casos de espécies peçonhentas. É com base neste Plano de População que a FJZB decidiu não ficar com a naja-monóculo, serpente apreendida após acidente com estudante de medicina veterinária suspeito de tráfico de animais silvestres.
Segundo a Instrução Normativa do Ibama nº 7, de 30 de abril de 2015 , caso a instituição não tenha o antiveneno específico de uma espécie peçonha que seja o suficiente para o tratamento de, no mínimo, três acidentados, o animal é imediatamente apreendido pelo órgão. O fato de não haver o fornecimento regular do soro antiofídico no país para a peçonha da naja-monóculo, além de colocar em risco a equipe que trabalha diariamente no serpentário de Brasília, vai contra à determinação do Ibama.
Das 27 serpentes que a FJZB acolheu, em julho, oriundas de apreensões e entregas voluntárias, apenas cinco espécies se enquadram nas diretrizes do Plano de População e haveria interesse da instituição em ficar com os animais, caso definido pelo Ibama, são elas: periquitamboia, cobra-papagaio, jararacuçu, salamanta e jiboia-de-Madagascar.
“Nós abandonamos o conceito de apenas exibir animais que as pessoas querem ver. Nosso objetivo aqui é muito maior. Temos que priorizar os animais que dependem dos nossos esforços para que não desapareçam para sempre da natureza, por meio da reprodução em cativeiro, da pesquisa científica e da educação ambiental perante a sociedade”, enfatiza o superintendente substituto de conservação e pesquisa do Zoológico de Brasília, Filipe Reis.
Mesmo sem ter, até o momento, a destinação final definida pelo Ibama, o Zoológico de Brasília garante todos os cuidados necessários para garantir o bem-estar a todos os animais, além do monitoramento diário pela equipe técnica da instituição.
A Fundação enfatiza que quem mantém animais silvestres ou exóticos de forma irregular pode fazer a entrega voluntária ao Ibama em todas as unidades do país sem responsabilização penal. A população também pode denunciar suspeitas de criação por meio da “Linha Verde”, no telefone 0800-618080.
Plano de População
O Plano de População de Espécies foi criado em 2018 pela equipe técnica do Zoológico de Brasília e tem vigência por cinco anos. Os trabalhos e os investimentos na Fundação devem ser direcionados, prioritariamente, ao manejo de populações saudáveis e viáveis de animais com potencial de contribuir para a conservação de suas espécies na natureza, à educação do público sobre como evitar ou minimizar os impactos antrópicos no mundo natural e ao avanço do conhecimento relacionado ao bem-estar e à conservação animal.
Caso surja o interesse ou disponibilidade para trabalhar com uma espécie nova, não inclusa no Plano de População de Espécies em vigor, deve-se submeter a espécie em questão a todas as etapas do processo de planejamento para averiguar se é adequada ou não ao plano da FJZB.
Vale ressaltar ainda que o Plano de População está em constante atualização na medida em que novos estudos e pesquisas são descobertas.