16/09/2020 às 21:14, atualizado em 16/09/2020 às 23:35

Moderno e antigo juntos: RAs aderem ao grafite

Governo estimula a manifestação cultural das ruas. Planaltina, Taguatinga e Sobradinho já ganharam paradas de ônibus mais limpas e bonitas

Por Ana Luiza Vinhote, da Agência Brasília | Edição: Fábio Góis *

Parada em frente à igreja no centro de Planaltina agora enfeita um dos pontos de celebração da Festa do Divino Espírito Santo | Fotos: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília

O secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues, afirma que o grafite é uma arte espontânea do movimento urbano das periferias e uma das linhas artísticas do hip hop, gênero musical tão forte nas RAs. “A Secretaria de Cultura dialoga naturalmente com essa força, propondo editais que não só fortaleçam o grafite, mas também gerem renda aos grafiteiros”, destaca o titular da pasta.

Outras regiões

O secretário de Governo, José Humberto Pires, lembra que o governo local tem incentivado cada vez mais a arte do grafite pelas ruas da capital. A prova disso são as diversas ações realizadas pelas regiões administrativas. Em Taguatinga, 40 paradas de ônibus receberam pinturas feitas por Fernando Cordeiro, servidor da administração regional e mais conhecido como Elom. O objetivo é que todas ganhem ilustrações.

Em São Sebastião não foi diferente. Os locais por onde milhares de pessoas passam diariamente mudaram completamente. Sujeira, pichação e colagens irregulares não fazem mais parte da realidade dos usuários de transporte público. Desde o ano passado, 20 abrigos de ônibus passaram pela intervenção. Enquanto dois artistas voluntários doaram talento, comerciantes locais forneceram o material e a administração fez a limpeza dos pontos.

Em novembro do ano passado, 60 artistas da capital e Entorno foram selecionados para pintar o Beco do Rato, localizado no Setor Comercial Sul (SCS). A Secec desembolsou R$ 90 mil para pagar o cachê dos grafiteiros.

Durante dois dias, cada participante fez uma intervenção artística de tema livre com até 10 metros quadrados. A programação ainda contou com debates, painéis artísticos e apresentações de música e de dança.

Praças, muros e paradas da Candangolândia também receberam pinturas, assim como a Administração Regional do Recanto das Emas, que é repleta de grafites. No Parque do Bosque, localizado no Sudoeste, áreas comuns como a administração e os banheiros ganharam ilustrações.

“A ideia é usar a arte para combater o vandalismo, como pichações. A população gosta e acha bonito este tipo de expressão. Além de embelezar a cidade, também é uma forma de expor o trabalho destes artistas”, comenta o secretário de Governo, José Humberto Pires.

Investimento

O grafite se tornou um aliado do governo para embelezar a cidade e evitar pichações em monumentos, prédios e fachadas da capital. Entre 2019 e 2020 foram investidos R$ 277,5 mil para que grafiteiros façam suas pinturas em espaços públicos da cidade.

Do total investido, R$ 195 mil serão destinados à arte urbana da nova Galeria dos Estados, recentemente reinaugurada após obra de reconstrução decorrente da queda de um viaduto. Nas próximas semanas, a Secec também vai lançar um edital para que mais de 100 artistas façam intervenções urbanas em um local histórico de Brasília.

* Confira na reportagem desta quinta-feira (17): os investimentos do GDF para evitar pichações e como é feita a fiscalização desta contravenção penal, prevista na Lei dos Crimes Ambientais.