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18/09/2020 às 08:58, atualizado em 18/09/2020 às 19:15
Diretor-presidente da companhia, Fernando Leite, faz balanço do trabalho realizado no DF e fala sobre o preparo da Novacap para se modernizar
Aos 64 anos de fundação, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) está se preparando para um período de modernização. Em entrevista à Agência Brasília, o diretor-presidente da companhia, Fernando Leite, detalha o planejamento e os próximos passos da instituição que, como o próprio nome diz, tem a missão de ser nova.
Na conversa, Fernando Leite detalha o papel da Novacap na saúde, educação e zeladoria do patrimônio público do DF, além de citar parcerias e o vínculo que a companhia tem com a preservação do meio ambiente. Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista.
Passados 64 anos de sua criação, a Novacap segue como grande aliada do desenvolvimento do DF, atuando em várias vertentes – como poda de árvores, pintura e recuperação de meios-fios e calçadas e construção de unidades de saúde. Atualmente, quantas obras a companhia está empreendendo?
Nós estamos tocando, neste momento, 123 obras, em diversas fases de andamento. Desde janeiro, já devemos ter feito umas 300 obras. Além da missão natural da empresa, que é cuidar da infraestrutura e da zeladoria, a Novacap está desenvolvendo um trabalho extra, e tenho explicado isso sempre: durante a elaboração do plano de governo, percorremos o DF de ponta a ponta e registramos o que as pessoas pediam, quais as reivindicações, e, por incrível que pareça, as maiores demandas eram sobre a recuperação da cidade. O Distrito Federal estava abandonado, e isso se refletia desde as instituições até as vias e equipamentos públicos. Por isso pegamos essa grande demanda reprimida, que é resgatar a cidade, devolver à cidade aquele brilho que ela sempre teve.
“O Distrito Federal estava abandonado, e isso se refletia desde as instituições até as vias e equipamentos públicos”centro
Qual a contribuição da Novacap para a saúde pública?
Nesse contexto, estamos em uma fase muito rica e produtiva. Estamos com cinco unidades básicas de saúde (UBSs) em obras, e outras três já foram inauguradas: Fercal, Samambaia e Recanto das Emas. Em cada UBS investimos cerca de R$ 3 milhões; este ano, já aplicamos R$ 24 milhões e, no ano que vem, devemos construir mais 11 [unidades], ou seja, mais R$ 33 milhões, o que totaliza mais de R$ 50 milhões de investimento. A Novacap tem um convênio com a Secretaria de Saúde, que repassa os recursos oriundos tanto da Fonte 100 [verba que pode ser empregada livremente pelo Executivo por não ter vinculação específica] quanto de algum programa do governo federal. Outros importantes trabalhos vão ser o Hospital Oncológico, que está em fase final de análise das propostas de licitação; e temos também o Hospital Centro Sul, que é no Guará e está em fase adiantada de projeto, para ser licitado no ano que vem – além das reformas nos Hospitais de Brazlândia e Planaltina, melhorias no Hran [Hospital Regional da Asa Norte] e no Hemocentro, que vai ser todo restaurado.
E para a educação, o que está sendo planejado?
Vamos à cereja do bolo: nós estamos licitando, neste momento, 104 módulos escolares. O que são eles? São ampliações das escolas existentes. É uma proposta interessante do governador Ibaneis: em vez de se fazer uma escola nova, você amplia uma existente e, com isso, se diminui o transporte escolar. Muitas vezes, a escola não tem capacidade para atender à demanda da região, e colocam-se ônibus para levar os estudantes para uma outra. Ampliando as existentes, que já têm a infraestrutura, água, eletricidade, banheiros, você aumenta o número de salas de aula. O investimento será de mais de R$ 112 milhões.
[Numeralha titulo_grande=”R$ 112 milhões ” texto=”Média de investimentos a serem destinados à ampliação das escolascentro
Qual o orçamento anual da companhia? A Novacap segue com saúde financeira?
A Novacap, até o momento, já licitou R$ 900 milhões desde o início da atual gestão. A companhia é uma empresa que não tem receita própria, ela depende de recursos externos, principalmente da Fonte 100. Nossa atual situação financeira é tranquila, e no último balanço apresentamos um resultado favorável.
A Novacap lançou recentemente um Programa de Demissão Voluntária [PDV], finalizado na terça-feira (15). Como foi a adesão, e o que se pretendeu com essa medida?
O PDV nada mais é do que um programa de qualidade de vida. Nós temos, na Novacap, um quadro grande de pessoal, mais de dois mil funcionários; e, em um momento de incerteza como esse, é sempre comum as pessoas terem seus planos de aposentar, de mudar de vida. Na pandemia, isso se agravou, e por isso lançamos o PDV, para atender essa demanda dos empregados e contemplar aqueles que já estão em idade avançada, que já têm algum tipo de problema de saúde. É um incentivo à aposentadoria. Tivemos uma adesão de cerca de 400 empregados. Inclusive, há poucos dias faleceu um integrante do quadro que havia aderido recentemente ao PDV. Lamentamos e sentiremos profundamente a falta desse colaborador. É importante dizer que seus familiares têm assegurado o recebimento dos beneficiários, o que não seria possível se ele não estivesse inscrito no PDV.
Qual a estrutura atual da Novacap, e como é a dinâmica de trabalhos executados pela companhia?
A Novacap possui cinco diretorias: uma jurídica, uma administrativa, uma financeira, uma de edificações e uma de urbanização. O trabalho executado pela companhia é dinâmico, afinal de contas, ela foi criada para construir Brasília. Então ela tinha que ter marcenaria, serraria, usina de asfalto, usina de pré-moldados, fazia tudo o que era necessário para as obras. Ao longo do tempo, isso foi sofrendo modificações. Hoje estamos trabalhando em um processo de, seguindo as orientações do governador Ibaneis, aumentar a produção e eficiência da empresa e reduzir custos e prazos de entrega, dando uma resposta mais rápida para a população de um modo geral. Em outras palavras: estamos preparando a Novacap para um processo grande de modernização. Nós queremos que a companhia seja ainda mais nova. Brasília tem que ser sempre nova, ela foi criada para ser uma cidade moderna. Então, compete à Novacap não deixar a peteca cair; nós temos que continuar novos, por meio de obras e zeladoria. Por isso, estamos preocupados em renovar e oxigenar, em criar formas de deixar nossa empresa atenta e conectada. Brasília não pode ficar velha.
“Estamos preocupados em renovar e oxigenar, em criar formas de deixar nossa empresa atenta e conectada. Brasília não pode ficar velha”centro
Como será feito esse processo de renovação?
O GDF vai atualizar e transformar a Novacap em uma companhia mais ágil e moderna. Isso vai se dar em cima de um tripé: gestão, que estamos modernizando; tecnologia de informação, que estamos implantando e vamos lançar as bases do nosso programa de TI, trazendo a Novacap para o século 21; e pessoas – nós vamos preparar nosso pessoal com treinamentos, capacitações e melhoria de qualidade de vida para empreender esse desafio.
É importante a parceria com a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap) no trabalho de zeladoria do patrimônio público do DF?
Essa parceria com a Funap tem uma importância muito grande pelo seu aspecto social. A Novacap, como outros órgãos de governo, tem uma demanda de mão de obra, e, dentro do que permite a lei, a gente procura fazer essa parceria para execução de atividades que traduzam esse processo de reinserção social. Temos, inclusive aqui dentro da companhia, uma fábrica de pré-moldados de concreto onde trabalham 50 reeducandos. Sem contar as atividades externas, como limpeza de bocas de lobo, recolocação de meios-fios, tapa-buraco, conservação de viveiros. É um trabalho social fantástico, além do que é produzido.
O que faz com que Novacap consiga resolver com mais agilidade algumas ações que nem sempre podem ser solucionadas em tempo hábil por outros meios?
A Novacap tem essa cultura de ter o compromisso com a cidade. Isso aqui dentro é latente; só de andar pelos corredores a gente consegue sentir isso. Aqui as pessoas são dedicadas e têm um amor muito grande pelo DF. É aquela história: a pessoa não está levantando uma parede, ela está fazendo história.
O paisagismo das cidades é algo de que a Novacap cuida com muito carinho. Qual a importância desse tipo de serviço para o DF?
Só no DF temos mais de cinco milhões de árvores plantadas, e todo ano é necessário cuidar. Só neste ano, vamos plantar cerca de 200 mil mudas, principalmente de ipês. Então a área a ser mantida, gramados, canteiros, praças, é algo grandioso, mas rende um trabalho espetacular.
“Só neste ano, vamos plantar cerca de 200 mil mudas, principalmente de ipês”centro
Há uma sintonia muito forte entre os trabalhos da Novacap e o meio ambiente. Como a empresa tem reforçado a preservação das áreas verdes?
Isso é prioridade. A companhia tem essa vocação ambiental muito forte, os projetos que são desenvolvidos aqui passam por esse crivo sustentável rigoroso. A manutenção da área verde e dos indicadores de metros quadrados verdes por habitante é um trabalho que faz parte das normas da Novacap. Nos preocupamos permanentemente com isso.
Dois grandes programas, o GDF Presente e o Cidade Sempre Viva, têm mudado a cara das 33 regiões administrativas, entregando diariamente uma série de ações para a população. Qual o papel da Novacap nesses programas?
A Novacap é a coordenadora do Cidade Sempre Viva, que tem na sua gênese dois fundamentos fantásticos. O primeiro é integrar todos os órgãos do GDF, pois, sem essa integração, há repetição de trabalhos. Com isso, reduzimos custos e otimizamos as tarefas, atendendo melhor a população, pois vamos todos juntos, como um mutirão. O segundo [fundamento] é manter a cidade organizada e limpa de um jeito permanente, e essa também é a filosofia do GDF Presente, que tem um programa de trabalho interessante, organizando e executando uma série de atividades rotineiras. Já o Cidade Sempre Viva possui um horizonte maior, é um programa de zeladoria.
O que a Novacap tem feito para preservação do patrimônio público? Há como combater o vandalismo?
O combate ao vandalismo passa por uma abordagem ampla, porque ele começa pela falta de educação e de conscientização das pessoas, que precisam ser mais cidadãs. Temos que ter consciência da importância de um banco de praça, uma carteira escolar e tudo mais. Quando o cidadão exerce a cidadania, ele tem essa consciência de não depredar. Segundo ponto: o Estado tem que fazer a parte dele, de conscientizar e fiscalizar – agora, em caso de insistência, tem que haver punição. Já na zeladoria do patrimônio público, nós temos que ter condição de substituir equipamentos quebrados com uma velocidade grande, para não estimular a depredação. Um ambiente limpo e conservado inibe o vandalismo. Outra solução interessante é trabalhar em parceria com grafiteiros, desenvolvendo amplos painéis de obras de arte pela cidade.