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25/10/2020 às 12:23
Higiene bucal evita pneumonias e outras complicações causadas por bactérias e reduz tempo de internação
As unidades de terapia intensiva (UTIs) possuem equipes formadas por vários profissionais de diferentes especialidades. Cada um tem seu papel importante para que os pacientes se recuperem. Com a pandemia de Covid-19, o trabalho das equipes de cirurgiões-dentistas nas UTIs tem contribuído para reduzir as complicações da doença e para antecipar a recuperação dos internados.
Referência para o tratamento de pessoas acometidas pelo novo coronavírus, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) foi o primeiro do Distrito Federal a receber pacientes com a nova doença, inclusive aqueles que necessitaram de internação em UTI. Desde então, o trabalho dos dentistas desta unidade ficou ainda mais minucioso e com novos protocolos de segurança, de forma a manter a saúde desses profissionais.
Nos meses de enfrentamento da pandemia, uma das descobertas foi a de que na cavidade bucal se encontra a maior carga viral devido à presença da saliva e secreções. Diante disso, profissionais como a cirurgiã-dentista intensivista Gláucia de Ávila Oliveira passaram a conviver com o medo de se infectar e o desafio de tratar dos doentes sem muitas informações das complicações envolvidas.
“No início foi bem difícil, em alguns momentos achei que não conseguiria”, relembra Gláucia. “A verdade é que meu trabalho é muito gratificante porque sei que posso fazer a diferença em um momento crucial da vida de cada paciente”, avalia a cirurgiã-dentista.
A profissional conta que ainda não está claro, cientificamente, que a Covid-19 cause lesões bucais, mas foi percebido que, quando o paciente apresenta herpes simples ou candidíase bucal, as lesões tornam-se mais graves e duradouras, o que piora a qualidade de vida do doente durante a internação.
Sintomas relacionados à saúde bucal
Outros sinais e sintomas orais relacionados ao vírus Sars-CoV-2 incluem os distúrbios do paladar, relatados por muitas pessoas que foram infectadas. De acordo com Gláucia, eles podem estar relacionados a alterações neurais, gengivite descamativa e ulcerações não específicas nas mucosas. “Ainda é desconhecido se essas condições são causadas diretamente pela infecção da Covid-19 ou se são decorrentes de alterações do sistema imunológico ou de reações ao tratamento sistêmico recebido durante o curso da doença”, relata a profissional.
Para o chefe da UTI adulto do Hran, Vitor Bittencourt de Aquino Fernandes, “o serviço de odontologia deu essa garantia à saúde oral do paciente”. Segundo ele, “a presença de um odontólogo na UTI quer dizer aquela é uma unidade que se preocupa com o alto padrão de atendimento, de forma a não permitir que o paciente complique sem necessidade por uma infecção totalmente tratável, uma coisa totalmente prevenível”, destacou o médico.
O serviço de odontologia deu garantia à saúde oral do pacienteVitor Bittencourt, chefe da UTI adulto do HRANcentro
Na UTI do Hospital da Asa Norte o trabalho de higiene bucal é feito três vezes ao dia e um desses atendimentos é realizado pela equipe de enfermagem. Os pacientes são examinados diariamente, com exceção dos finais de semana, para diagnóstico precoce de alterações, lesões e doenças. Essa ação previne doenças como a pneumonia associada à ventilação mecânica e é baseado na remoção de bactérias que se acumulam sobre os dentes, gengivas e língua.
“São bactérias que se não retiradas podem ser aspiradas para o pulmão de pacientes intubados ou traqueostomizados”, conta a dentista. Também são realizadas a retirada de cáries ou outros focos de infecção, que podem levar bactérias à corrente sanguínea o que interfere na recuperação e alta médica do enfermo.
Entre os principais benefícios de haver esse tipo de acompanhamento especializado na UTI está na queda no tempo internação, o que gera economia de recursos e possibilita que outros pacientes possam utilizar o leito.
“Às vezes acho que quem trabalha na UTI não é capacitado por si só, ele é capacitado e fortalecido por Deus! E, não sei se porque sou extremamente cuidadosa em relação à biossegurança ou se foi por sorte, até hoje não fui contaminada e continuo firme e forte na luta por uma melhor qualidade de vida dos pacientes internados”, comemora Gláucia.
*Com informações da Secretaria de Saúde