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19/01/2021 às 20:03, atualizado em 20/01/2021 às 14:39
Enquanto DER atua na recuperação de placas na avenida, Setur projeta ícones de orientação sobre a quadra-modelo da região
Transformar a W3 Sul num distrito turístico é a meta da Secretaria de Turismo (Setur) compartilhada por outros órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF). Parte desse planejamento começou a ser executada com o trabalho do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) na recuperação e substituição de placas.
“Essas placas precisavam mesmo de conserto”, ponderou Jéssica Roberta Custódio de Sousa, 37 anos, moradora de Sobradinho. “Ando aqui há muito tempo e nunca tinha visto eles reformarem a sinalização. Estava feio demais. Isso aqui é o coração de Brasília!”
Quadra-modelo
Além de ser uma das principais avenidas da capital federal, a W3 Sul serve de acesso a outros pontos turísticos, como a quadra-modelo 308 Sul – que faz parte da história de Brasília. Entre os blocos residenciais de concreto, há atrativos por toda a parte. O projeto urbanístico de Lucio Costa inclui três jardins de Roberto Burle Marx, azulejos de Athos Bulcão fixados na fachada dos prédios, a Igrejinha e a Escola Parque de Oscar Niemeyer.
Visando também à integração dessa localidade vizinha à W3 Sul, a Setur prepara um tipo de sinalização – as placas de sinalização turística – que vai orientar e informar às pessoas que transitarem pela redondeza sobre o valor simbólico e o significado dessa quadra para o brasiliense e para o país. “Passo aqui todos os dias para esperar meu ônibus e não sabia dessa quadra-modelo”, disse Jessica Roberta. Assim como ela, muitas outras pessoas desconhecem a história dessa quadra.
As sinalizações vão estar por toda parte. Haverá placas de boas-vindas. Outras vão indicar que a pessoa está no serpentário, nas praças dos Cogumelos ou Espelho d´Água, na Igrejinha ou na Escola Parque 308 – inaugurada em 1959 pelo presidente Juscelino Kubitschek.
A sinalização turística e os totens com mapa das quadras residenciais obedecerão ao modelo criado pelo designer Danilo Barbosa. Haverá um outro tipo de sinalização com placas de direcionamento para indicar os pontos turísticos internos. Com isso, a Setur espera que a 308 Sul seja ainda mais vista, admirada e visitada do que já é. A intenção é que esse novo modelo de sinalização desperte a consciência de pertencimento a esse pedaço da história da nossa capital.
Visitas técnicas
Ano passado, a secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, e a secretária executiva de Acompanhamento e Monitoramento de Políticas Públicas da Secretaria de Governo, Meire Mota, fizeram visitas técnicas à W3 Sul. Ao verem de perto os principais problemas locais, começaram a pensar nas soluções.
Elas percorreram o comércio, a Praça das Avós, a Praça 21 de Abril, a Biblioteca Demonstrativa de Brasília, o Espaço Cultural Renato Russo e a Igreja Nossa Senhora de Fátima, projetada por Oscar Niemeyer em 1958 e tombada, em 2007, como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A titular da Setur apresentou um projeto – Como Lisboa e Wynwood – inspirado em exemplos bem-sucedidos de destinos turísticos que investiram em espaços esquecidos e relegados ao abandono. Segundo ela, a semelhança da W3 com o distrito de Wynwood, em Miami (EUA), é enorme. Até a década de 1990, Wynwwod era um bairro operário. Com pinturas em grafite nas paredes dos prédios e no chão, além de abertura de restaurantes, galerias de arte e outras ações, a região foi reformada e se transformou num polo de turismo criativo.
Rota criativa
Com inspiração nessa tendência, a Setur criou uma rota para revitalizar os patrimônios locais, incentivar e fortalecer a cultura e promover o bem-estar da população. Essa rota compreende um trecho de 3 km entre as quadras 504 e 508 Sul até o Cine Brasília (106/107 Sul).
“O turismo tem essa capacidade de valorizar a arquitetura e, ao mesmo tempo, valorizar a consciência histórica” Vanessa Mendonça, secretária de Turismodireita
“O turismo tem essa capacidade de valorizar a arquitetura, trazer luz para a reforma e o restauro dos patrimônios culturais e, ao mesmo tempo, valorizar a consciência histórica, a memória e identidade de um povo por meio de seus espaços”, destaca Vanessa Mendonça. “Por isso, sempre que criamos uma rota, pensamos também na jornada vivenciada, tanto pela população local quanto pelo turista, para promover ao máximo a experiência desse visitante. Ele tem que conhecer a história que está sendo contada por meio dos espaços e sair encantado.”
Quem mora ou passa por aquela região vai se perceber numa área turística. Essa é a sensação que experimenta Teodora Anita de Melo, 60 anos, diariamente, ao longo dos 30 anos vividos na SQS 308. “É um orgulho morar aqui”, resume a aposentada.
* Com informações da Setur