A banana é uma fruta rica em amido, vitaminas e nutrientes. Pode ser consumida madura in natura e processada: assada, em forma de vitamina, sorvete, farofa, licor, bolos, pães e em variados pratos. Quando ainda verde, pode ser feita banana chips ou ser cozida para preparar a biomassa usada em mingaus, bolos, pudins, docinhos e outros preparos. Já a casca madura pode ser consumida como bife, em docinhos, bolos e farofa, por exemplo.
O “umbigo” da bananeira, também conhecido como “coração” (a parte vermelha na extremidade dos cachos de banana) é utilizado popularmente no preparo de xarope
O “umbigo” da bananeira, também conhecido como “coração” (a parte vermelha na extremidade dos cachos de banana) é utilizado popularmente no preparo de xarope e na alimentação em forma de refogados, farofas, tortas e guisados (veja acima duas receitas feitas a partir da casca de banana e do umbigo da bananeira).
A nutricionista da Emater-DF Danielle Amaral diz que as partes menos conhecidas podem ser usadas no combate à fome e ao desperdício de alimentos.
“As cascas das diversas frutas apresentam em geral uma maior quantidade de nutrientes quando comparadas as suas partes comestíveis. Os nutrientes presentes na casca, muitas vezes, superam a respectiva polpa, a exemplo das fibras, dos minerais, das vitaminas e dos compostos antioxidantes. Portanto, devem ser consideradas como fonte alternativa de nutrientes, evitando o desperdício de alimentos”, explica.
De acordo com ela, a casca e o umbigo de bananeira têm uma alta quantidade de fibras em sua composição nutricional e o consumo dessas partes aumenta o aporte de fibras na alimentação.
Pseudocaule
Pouca gente sabe que, da bananeira, além do cacho, podem ser extraídas cinco fibras diferentes provenientes do tronco (pseudocaule), o que a caracteriza como uma matéria-prima bastante versátil e que tem gerado renda e qualidade de vida para mulheres rurais com a produção de artesanato.
Selma Tavares explica que, após a colheita do cacho de banana pode ser aproveitado de várias formas. “Por ter fibras de variados tipos de maciez, são usados no artesanato em forma de trançados, cestarias, bolsas, pufes, papel artesanal, tapete e outros itens”, conta Selma.
No final de 2020, o grupo “Mulheres de Fibra”, do assentamento Pequeno Willian (Planaltina), e mulheres rurais de São Sebastião participaram de um curso de 105 horas organizado pela Emater-DF com o consultor contratado João de Fibra, que ensinou como colher o pseudocaule, como retirar as fibras, como identificar as diferentes formas de fibras, fazer tramas, tingir e confeccionar peças usando também outros recursos naturais.
[caption id=”attachment_276207″ align=”aligncenter” width=”768 No final de 2020, o grupo “Mulheres de Fibra”, do assentamento Pequeno Willian (Planaltina), e mulheres rurais de São Sebastião participaram de um curso de 105 horas organizado pela Emater-DF | Foto: divulgação Emater-DF
A produtora Adriana Fernandes, do assentamento Pequeno Willian, conta que a capacitação foi fundamental para reorganizar o grupo de mulheres e qualificá-las nas técnicas do artesanato com fibra.
“Em decorrência desse curso, tivemos produtoras que usaram o Pronaf para plantar mais bananeiras de forma orgânica, visando também obter matéria-prima para o artesanato. Usar produtos como a bananeira, que conseguimos aproveitar cem por cento, que não demandam muito investimento e dão retorno financeiro, são importantes para nós”, conta.
Já Alana Cutrim, de São Sebastião, conta que sempre gostou de artesanato e trabalhos manuais. “Faço costuras criativa, pães, licores e geleias caseiras. Já havia feito um curso de fibras de bananeira há um tempo e gostei muito, porém esse veio com propostas novas e trouxe novas expectativas para nós mulheres da área rural, de nos mostrar novos caminhos, novas possibilidades e perspectivas de crescimento profissional e pessoal. Só tenho a agradecer a Emater por ter nos proporcionado essa oportunidade”, diz Alana.
Além do curso, o João de Fibra vem feito o acompanhamento do trabalho desenvolvido e a evolução das mulheres na confecção de peças. Entretanto, por conta da pandemia, as visitas aos grupos estão suspensas temporariamente.
Além do artesanato, o tronco também pode ser cortado em pedaços pequenos e deixado sobre o solo para decomposição e usado na adubação. Com a decomposição natural do material orgânico, o solo ganha nutrientes, beneficiando o cultivo de novas plantas.
Quer saber mais sobre o cultivo da bananeira? Confira aqui:
Cultura da bananeira: informações básicas de cultivo
Caderno Tecnológico 2019
* Com informações da Emater-DF