23/03/2021 às 18:24, atualizado em 24/03/2021 às 22:38

Cearense vence as dificuldades e, aos 32 anos, é alfabetizado

Ao longo de 2020, em meio à pandemia, e por incentivo da esposa, Antonio matriculou-se no Centro Educacional Taquara, em Planaltina

Por Agência Brasília* I Edição: Carolina Jardon

Antonio veio do Ceará e tinha que trabalhar no campo, até que a esposa o encorajou a estudar e ele fez a matrícula no EJA | Foto: Divulgação Secretaria de Educação

“Com o tempo, a minha esposa voltou a estudar, e eu tinha vergonha de também dar esse passo. Eu via o quanto o estudo fazia falta na minha vida“Antonio Souza, estudante do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA)direita

Ele veio de Campo Sales, no Ceará, para Brasília à procura de emprego. Nunca teve a oportunidade de poder mergulhar nos estudos. A necessidade do trabalho no campo sempre foi mais forte. Então, a vontade de aprender a ler ficou adormecida. Até que a esposa, Jaíne, entrou em cena. Ela incentivou o marido a se matricular no EJA para deixar o analfabetismo para trás.

Hoje, os olhos do casal se enchem de emoção ao celebrar o gosto da vitória. “Com o tempo, a minha esposa voltou a estudar, e eu tinha vergonha de também dar esse passo. Eu via o quanto o estudo fazia falta na minha vida“, lembra Antonio.

A timidez extrema teve que ser vencida para que ele entrasse no ambiente escolar. “Minha esposa me chamava e incentivava, mas eu não ia. Me sentia muito envergonhado, não sabia como dizer na sala de aula que eu não sabia de nada“, conta.

No entanto, o companheirismo venceu a insegurança: já que a parada de ônibus é longe da casa dos dois, em 2019, Antonio começou a acompanhar a esposa no percurso até a escola. “Venha, pelo menos para me fazer companhia”, dizia Jaíne. Foi assim, que ambos começaram a frequentar o mesmo ambiente escolar.

No início, ele não conseguiu ser matriculado, pois as turmas já estavam em etapas mais avançadas. Passou a frequentar as aulas como ouvinte e, aos poucos, as professoras Ana Patrícia e Lilian introduziram o conteúdo curricular no dia a dia do estudante.

Com apoio da gestão e coordenação escolar, a matrícula foi efetivada, e as professoras se entregaram cada dia mais para conseguir ajudá-lo. Inicialmente, nenhuma das duas era alfabetizadora. Ana Patrícia é formada em Geografia e Lilian, em Matemática. A entrega ao desafio foi tamanha que as duas começaram a fazer cursos de alfabetização para ajudar o estudante.

*Com informações da Secretaria de Educação