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02/04/2021 às 15:53, atualizado em 02/04/2021 às 19:58
Novo secretário de Segurança Pública, Júlio Danilo, garante que toda a categoria será vacinada. Quem está na linha de frente tem prioridade
O que tem sido feito para aumentar o efetivo policial do DF? Tem previsão para novos concursos?
Desde 2019, foram aprovados quase 3 mil candidatos que ingressaram nas forças de segurança, sendo dois mil deles na Polícia Militar. Temos uma turma de 500 policiais militares que estão no curso de formação e devem estar nas ruas até o final deste primeiro semestre. No Corpo de Bombeiros, também há 355 alunos no curso de formação desde o final do ano passado e, nosso concurso para a Polícia Civil, infelizmente, está suspenso por questão da pandemia.
A SSP/DF coordena a força tarefa do toque de recolher e, os policiais que atuam nela estão na linha de frente do combate à covid-19. Eles serão vacinados?
O toque de recolher é um trabalho integrado das forças de segurança com os órgãos de fiscalização. Temos 16 equipes atuando no DF em conjunto, divididos pelo Plano Piloto e regiões administrativas, e todas elas contam com agentes das forças policiais. Por determinação do governador Ibaneis Rocha, já foi elaborado um plano de vacinação das forças de segurança. Cada força já dividiu o seu efetivo para que se priorize aqueles servidores que estão na linha de frente, as pessoas com maior idade e com algum tipo de comorbidade. Para que, assim que sejam disponibilizadas novas doses, a gente possa iniciar a imunização das forças de segurança. Que, como eu disse, não pararam nenhum minuto.
De quantas pessoas estamos falando?
Mais de 21 mil pessoas entre os integrantes das forças de segurança do DF, a Polícia Militar, a Civil, o Corpo de Bombeiros e o Detran. Queremos incluir os agentes penitenciários, os policiais rodoviários e policiais federais que atuam no DF. São cerca de 30 mil pessoas, sendo que cabe ressaltar que terá prioridade quem está na linha de frente, pessoas que podem ser contaminadas e transmitir a covid-19.
Já tem data de quando a vacinação deve começar?
Vacinar as forças de segurança é um compromisso do governador. O compromisso dele é que, assim que haja disponibilidade de vacinas, e mantendo o cronograma de vacinação dos idosos e dos profissionais da área de saúde, a gente dê início a vacinação das forças de segurança. Será iniciada nesta segunda-feira (5), de forma escalonada como vem acontecendo na área de saúde e com os idosos.
E como os policiais vão comprovar que estão na linha de frente?
O plano de vacinação das forças tem essa relação. A intenção é que a Secretaria de Segurança seja avisada da disponibilização das vacinas, mas elas não serão entregues aqui. Vamos fazer a divisão entre as forças de forma equânime e a Secretaria de Saúde vai distribuir entre as corporações.
Então cada corporação vai cuidar da imunização de seu efetivo?
Sim, cada instituição tem seu plano de vacinação. Porque o Corpo de Bombeiros, a Polícia Civil e Militar possuem Policlínicas, têm nos seus quadros médicos, e a ideia é aproveitar essa estrutura para a imunização. Vamos montar um esquema especial para o Detran e a Secretaria de Segurança. As pessoas serão vacinadas seguindo a relação de prioridades. A gente vai disponibilizar, a força recebe e aplica as vacinas. Cada força vai imunizar seus policiais de acordo com seu plano interno. Só lembrando que isso depende de as vacinas estarem disponíveis.
O toque de recolher trouxe algum impacto no índice de criminalidade?
A gente não tem esse estudo do impacto direto do toque de recolher nos índices de criminalidade. O DF experimentou pela primeira vez na história um toque de recolher, em que você acaba com a circulação de pessoas no período noturno, o que pode gerar uma diminuição da criminalidade. Existe uma sensação de que reduziu sim, já as pessoas não estão nas ruas. Desde o início da pandemia a gente vem sentindo que o índice de criminalidade está reduzindo, mas não havia toque de recolher no ano passado.
Em 2020, o crime de feminicídio teve redução de 46,8% no DF. Quais são as ações da SSP para evitar/investigar esses crimes?
Foram 32 vítimas em 2019, 14 a menos em 2020. Durante o período de pandemia, no ano passado (março a dezembro), a redução dos casos foi ainda maior, de 57%, comparado ao mesmo período de 2019. Essa redução se deve às ações de prevenção e repressão a esse tipo de crime. O feminicídio é um crime difícil para a gente poder atuar. É difícil prevenir porque na maior parte dos casos o agressor está muito próximo, o crime acontece num ambiente fechado. Foi lançado de forma simbólica agora nesse mês da mulher o programa Mulher Mais Segura, que é a concretização de várias ações que temos. Temos o projeto “Meta a Colher”, por exemplo, que vai contra aquele ditado de que, em briga de marido e mulher, não se mete a colher. De forma alguma, queremos incentivar que as pessoas denunciem, não só a mulher que é vítima da agressão doméstica, mas também familiares e vizinhos. Tem o trabalho da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios. Nós estudamos todos os feminicídios desde a sua ocorrência até a sentença no Judiciário para entender o fenômeno e, a partir daí, desenvolver políticas públicas voltadas a essa prevenção. Além disso, as forças de segurança possuem trabalhos específicos voltados a essa prevenção como o Provic da Polícia Militar. O trabalho da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), da Polícia Civil, com a possibilidade do registro de ocorrência pela internet, assim como a solicitação de medida protetiva também pela Maria da Penha On-Line.
Os feminicídios reduziram, mas as denúncias de violência doméstica aumentaram…
O aumento não foi nos casos, mas nas denúncias. Devido à pandemia, meios eletrônicos para o registro de ocorrência foram disponibilizados. Com isso, a gente incentivou que houvesse um registro da ocorrência e isso faz parte da campanha “Meta a Colher”. Muitas vezes a denúncia entra por um canal, o 190 por exemplo, e também chega na delegacia, às vezes mais de uma pessoa liga e a denúncia entra de forma duplicada.
“A nossa meta é reduzir os índices cada vez mais e fazer com que o DF seja o local mais seguro para sua população. Trabalhamos com integração das forças de segurança que, de forma incansável, vêm se desdobrando para fazer um bom trabalho. Os números do ano passado já são excepcionais, conseguir reduzir ainda mais esse ano vai ser uma vitória, mas trabalhamos para isso”centro
Já tem um índice de criminalidade do primeiro bimestre de 2021?
Continuamos na tendência de redução, mesmo comparando com 2019, que foi um ano histórico. Nos dois primeiros meses do ano, os crimes violentos tiveram queda de 14,1% na comparação com o mesmo período de 2020. Isso representa 12 vidas preservadas. Logo de manhã, a gente está acompanhando os números. A gente faz um controle diário da evolução desses crimes para que a gente possa fazer algo a tempo de tentar conter algum tipo de distúrbio que tenha em alguma região ou de algum crime específico. Trabalhamos sempre com planejamento, estipulação de metas, monitoramento e avaliação de resultado. Tudo o que fazemos é com base em estudo e estratégia. Esse mês estamos com números muito positivos, vamos divulgá-los em breve.
A Secretaria tem perspectivas para esse ano?
A nossa meta é reduzir os índices cada vez mais e fazer com que o DF seja o local mais seguro para sua população. Trabalhamos com integração das forças de segurança que, de forma incansável, vêm se desdobrando para fazer um bom trabalho. Os números do ano passado já são excepcionais, conseguir reduzir ainda mais esse ano vai ser uma vitória, mas trabalhamos para isso. Também pretendemos fazer mais edições do programa Cidade da Segurança Pública, que foi realizado em Planaltina no final do ano passado e os números foram ótimos. A gente vai até aquela região administrativa e conhece a fundo a situação da segurança pública dali. Passamos quatro dias em cada cidade, temos contato direto com as forças de segurança que atuam nos locais, fazemos reuniões com o Judiciário e com o Ministério Público, vamos a cada unidade policial, fazemos operações e levamos serviços.
O senhor é um dos secretários mais jovens, senão o mais jovem, do GDF…
Tenho 44 anos, sou um mês mais novo que o delegado Anderson Torres. Mas a idade não quer dizer falta de experiência. Tenho 19 anos na Polícia Federal, sou servidor público há 22 anos e tenho experiência fora do país. Na Polícia Federal tive a oportunidade de trabalhar em vários cenários e pude ocupar diversas funções que me deram bastante experiência. Durante esse período, eu tive a oportunidade de trabalhar como chefe do Setor de Investigação de Desvio de Substâncias Químicas para a Produção de Drogas; fui chefe da Divisão de Repressão a Entorpecentes, da Coordenação de Repressão a Crimes Violentos; e coordenador-geral substituto de Repressão ao Tráfico de Drogas e Organizações Criminosas. Vivi três anos e meio na Bolívia, fui adido policial e tive a oportunidade de atuar na fronteira especificamente trabalhando contra o tráfico de drogas e de armas. Me considero, de forma muito humilde, capacitado para ocupar essa função.
Como delegado da Polícia Federal, o senhor já trabalhou e conhece muitos estados do Brasil. Por que morar em Brasília?
Nasci no Rio de Janeiro e vim para Brasília aos 3 anos quando meu pai, militar da Marinha, foi transferido. Desde então sou morador do DF. Em algumas oportunidades na minha vida profissional, trabalhei fora do DF, mas nunca deixei de manter minha residência aqui, mesmo na época da Bolívia. Considero o DF como a melhor região para se viver no Brasil, muito pela segurança. Brasília tem os menores índices de criminalidade do Brasil.