07/04/2021 às 17:34, atualizado em 08/04/2021 às 10:03

Oficina virtual de dança ajuda a combater o estresse

Projeto terá oito encontros e termina no próximo dia 30, com sessão gratuita. Iniciativa é financiada pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC)

Por AGÊNCIA BRASÍLIA* | EDIÇÃO: ABNOR GONDIM

A oficina O mecanismo do tremor na dança, virtual e gratuita, pretende combater o estresse em oito encontros durante o mês de abril. Com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) Ocupação no valor de R$ 76,4 mil, a iniciativa foi realizada em 2019 no Centro de Dança, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), gerando 18 empregos diretos e 25 indiretos.

O tremor do corpo (natural, dito neurogênico) como resposta automática diante do estresse, da tensão e do medo – um gatilho para reações de luta, fuga ou congelamento em humanos e animais– é utilizado pela artista da dança da cena brasiliense Daniela Braga no enfrentamento a estados de ansiedade, depressão e transtornos de humor, sofrimentos que se exacerbaram durante a pandemia da Covid-19.

A oficina, com 90 participantes, está com inscrições encerradas. O encerramento, contudo, será gratuito e aberto ao público, previsto para o dia 30 de abril, com uma sessão de improvisação (jam).

Inspiração e expiração

A oficina é fruto de pesquisa de mestrado que Daniela fez em Londres (Inglaterra), entre 2016 e 2018, em Prática Criativa em Dança (Somática e Performance), no Conservatório Trinity Laban. Ela explica que traumas e estresse produzem uma desconexão entre corpo e mente, com impactos negativos sobre coordenação motora, resiliência, cognição e equilíbrio emocional.

Essa desintegração do eu ou self – dependendo da abordagem psicológica – pode ser revertida com princípios somáticos, vale dizer, com movimentos criativos. “Sacudir o corpo, tremer, pode devolver o sistema físico ao seu estado de equilíbrio (homeostase), favorecendo o engajamento social”, resume a pesquisadora.

A dançarina, artista, produtora cultural, professora de dança contemporânea e de artes marciais Carol Barreiro é a idealizadora do projeto Dança Marcial – encontros entre improvisação e marcialidade, que abrange a oficina de Daniela. A bacharel e mestra em Artes Cênicas pela UnB integra desde 2016, junto com Janaína Mello, o duo de produtoras independentes do DF Ninja Loka Produção.

“Para o projeto, é muito interessante esse recorte”, diz Carol. Ela explica que, ainda que Daniela não esteja no foco da empreitada – entre dança, luta e improvisação –, ela tem muito a contribuir com o conceito de dança marcial. “Ela pode dar ferramentas para artistas marciais e dançarinos sobre esses mecanismos para restabelecer as condições de entrar em cena ou em uma luta depois de uma situação de estresse”, reforça.

Não é um processo terapêutico e sim somático, usando a prática de movimentos criativos para aliviar a tensão que estamos vivendoDaniela Braga, artista de dançaesquerda

Três perguntas para Daniela Braga

Quais os antecedentes históricos para sua pesquisa?

Se você procurar no Google, verá que pandemias como a da Peste Negra, no século 14, na Europa, foram acompanhadas de um fenômeno inexplicável, o de danças coletivas (“macabre dance”), em que as pessoas, em grupos que chegavam às centenas, dançavam nas ruas até a exaustão. [A hipótese é de que tentavam recuperar o equilíbrio frente às mortes em massa que estavam vivenciando e não eram capazes de explicar].

Trabalhar com o tremor do corpo pretende alcançar o quê?

Pretende transformar essa resposta biológica natural, o tremor depois do estresse e do trauma, num princípio somático que acarrete aumento do bem-estar, da autorregulação, de retorno ao equilíbrio físico e mental.

É como uma terapia?

Mas não é um processo terapêutico e sim somático, usando a prática de movimentos criativos para aliviar a tensão que estamos vivendo.

Serviço:

Evento: O mecanismo do tremor na dança

Oficina virtual e gratuita

8 encontros pela plataforma Zoom

Período: 6 a 29 abril

Terças e quintas, das 17h às 19h

Informações: (61) 99166-3900 – Carol Barreiro

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa