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28/04/2021 às 09:21, atualizado em 29/04/2021 às 04:28
Profissionais do Hospital de Base fizeram fichas especiais que contribuem para melhorar a relação entre a equipe interdisciplinar
A nova ficha personalizada começou a ser adotada na UTI Covid-19 em março deste ano. “O objetivo é fazer com que o profissional de saúde conheça o paciente não apenas pelo nome, idade e número do leito, mas sim como uma pessoa especial e única”, explica a psicóloga.
Ao mesmo tempo, segundo a psicóloga, a ficha também traz mais segurança para os internados durante a permanência na UTI. “Eles se sentem confiantes ao acordar e descobrir que os profissionais o conhecem além do superficial”, atesta Cibelle.
“O que me deixa feliz é ter me formado em pedagogia e poder alfabetizar meus alunos” Yasodhara Silva, 70 anos, que se recuperou da coviddireita
Paciente vascaína
Essa teria sido a sensação experimentada pela professora Yasodhara Dias da Silva, de 70 anos. Internada com covid-19, “Zarinha” ela passou nove dias na UTI. A ficha dela continha uma declaração que definia bem: “O que me deixa feliz é ter me formado em pedagogia e poder alfabetizar meus alunos”.
Ao receber alta, “Zarinha” deixou o Hospital de Base conhecida pelos profissionais de saúde como a paciente vascaína que ama ser professora, adora camarão e acalenta o sonho de comprar a casa própria e nela morar com a filha. Todas essas informações foram repassadas por telefone por Eglantine Dias da Silva, 63 anos, irmã de “Zarinha”.
“No dia que me ligaram para saber sobre ela, foi bem emocionante”, conta “Tininha”, a irmão da paciente. “Entendi que, para os profissionais de saúde, minha irmã representava muito mais que uma paciente com covid-19, mas, sim, uma pessoa com sonhos e sentimentos”. Atualmente, “Zarinha” está curada da doença e se recupera das sequelas na Enfermaria do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Encontro pelo celular
Outra medida adotada pela equipe de Psicologia do Hospital de Base foi usar o celular para prestar teleatendimento psicológico aos familiares dos pacientes internados nas UTIs. A psicologia também contribui construindo pontes entre equipe e família, facilitando o contato diário entre médicos e familiares. Com base nos boletins, a equipe ainda faz ligações de vídeo para que os internos conversem com seus parentes e amigos.
“Não tem como não associar a melhora dela a partir do contato da família pelo celular” Eglantine Silva, 63 anos, irmã de Yasodharaesquerda
Os boletins e as videochamadas têm efeitos “milagrosos”. Pelo menos, foi assim para “Tininha”, que, no dia 17 de abril, conseguiu ver e falar com a irmã, que estava inconsciente, pelo celular. “Após essa ligação, os médicos contaram que a respiração dela começou a melhorar”, relembra.
Cinco dias após a terceira ligação de vídeo, a recuperação “Zarinha” foi ainda mais visível. “Ela finalmente abriu os olhos”, conta “Tininha”. A partir daí, a paciente foi melhorando até que, em 25 de abril, recebeu alta da UTI. “Não tem como não associar a melhora dela a partir do contato da família pelo celular”, defende “Tininha”. “A equipe médica que consegue possibilitar e estabelecer esses contatos é essencial”.
Ainda em recuperação, “Zarinha” não perdeu a oportunidade de agradecer à equipe médica tanto pela ficha personalizada quanto pelas videochamadas e pelo próprio atendimento que recebeu no Hospital de Base. “Eles colocam até música para a gente ouvir e nos dar força para ficar boa logo”, relata. “A paciência que essas pessoas tiveram em proporcionar esse contato com a minha família fez a diferença mesmo”.
*Com informações do Iges